Descrição de chapéu open banking

Iniciador de pagamentos deve trazer novos participantes e preços competitivos

Modalidade que começa a funcionar em agosto deste ano foi regulada pelo BC em outubro

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São Paulo

A chegada do iniciador de transações de pagamentos deve impulsionar a entrada de novos participantes e trazer preços mais competitivos no setor de meios de pagamentos, afirmam especialistas.

A nova modalidade, que foi regulamentada pelo BC (Banco Central) em outubro, só deve ganhar forma na indústria no final de agosto deste ano, na esteira da implementação da terceira fase do open banking no país.

O serviço nada mais é do que uma empresa que autoriza uma transação entre duas instituições em nome do usuário, após autorização prévia. Essa companhia poderia ser responsável, por exemplo, por transferir mensalmente uma quantia da conta no banco para uma corretora de investimentos a mando de seu cliente.

Mãos com as unhas pintadas de vermelho estão segurando um celular com a tela desbloqueada
Iniciador de pagamentos deve melhorar experiência do consumidor com meios de pagamentos - Gabriel Cabral - 22.ago.2019/Folhapress

O iniciador de pagamentos vai tirar a necessidade de intermediários de uma transação, e também possibilitará o pagamento de compras sem a necessidade do cartão de crédito, entre outras funções.

Para operar, o iniciador de pagamentos precisará do aval do Banco Central, e só conseguirá comandar as operações depois da autorização expressa do usuário. As operações, assim como o Pix, vão acontecer de maneira imediata.

Para especialistas, a chegada do iniciador de pagamentos pode a significar o surgimento de novas empresas voltadas para a modalidade e a entrada de novos participantes no setor.

Um caso já citado pelo BC seria o uso da nova modalidade no delivery de comida. O aplicativo conectaria o consumidor a um iniciador de pagamentos que, depois de pedir autorização do cliente, solicitaria uma transferência direta da conta do correntista para a conta do restaurante.

A expectativa é que outras empresas que não têm o serviço e produto financeiro como seu principal modelo de negócio também possam pedir autorização ao BC para atuarem na nova modalidade. No caso acima, o próprio aplicativo de comida poderia ser o iniciador de pagamentos que pede autorização do cliente e solicita a transferência do dinheiro à conta do restaurante.

A mesma situação poderia ser aplicada a aplicativos de transporte por demanda, lojas e empresas de varejo ou proptechs (startups de tecnologia imobiliária).

Segundo o diretor do departamento de comercialização de produtos e serviços do Bradesco, Antonio Daissuke Tokurik, a chegada do iniciador de pagamentos permitirá um relacionamento mais aprofundado dos bancos com os clientes e pode abrir portas para ofertas de crédito em melhores condições.

“Como banco, ao receber o aval do cliente para fazer o pagamento por meio do iniciador de pagamentos, posso oferecer um crédito de pequeno valor para este usuário caso a conta esteja perto de ficar no vermelho, por exemplo”, afirmou o executivo.

Em nota, o BC afirmou que a iniciação de transação de pagamento, aliada ao Pix, vai possibilitar o surgimento de novos modelos de negócios. "A expectativa é a de promover inovações e aumentar a concorrência na prestação de serviços de pagamentos”, afirmou a autoridade monetária.

Para o fundador e presidente do Guiabolso, Thiago Alvarez, a nova modalidade também tende a reduzir drasticamente as assimetrias e atritos (contatos) do cliente com o sistema financeiro.

“Considerando todos os benefícios do open banking, se eu decidir abrir uma conta em outra instituição financeira, por exemplo, eu não precisarei entrar no ‘banco A’ todo mês para transferir o dinheiro do meu salário para o ‘banco B’. Eu posso simplesmente ordenar que o meu iniciador de pagamentos faça isso por mim”, afirmou o executivo.

Outras funcionalidades que exigem que o consumidor acesse o aplicativo do banco também podem diminuir –o que faz com que a concorrência do setor bancário se amplie para outros setores, como o varejo.

“Pelo menos 90% dos acessos que o cliente faz no aplicativo do banco são para fazer um pagamento ou transação. A partir do momento em que o usuário consegue fazer isso em outro lugar, a competição aumenta drasticamente”, afirmou o presidente do Guiabolso.

Segundo o diretor de inovação, produtos e serviços da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Leandro Vilain, a nova modalidade regulada pelo BC pode possibilitar, ainda, uma maior segurança para o consumidor.

"O iniciador de pagamentos, como um intermediário de transações, fica apenas com a parte eletrônica da operação. O dinheiro não passa por dentro dele. Há a criptografia de informações e um ambiente com várias camadas de segurança”, disse.

Segundo o BC apenas duas empresas pediram autorização para funcionar como iniciador de pagamentos.

Para o diretor da ABFintehcs (Associação Brasileira de Fintechs), Marcelo Martins, apesar de a chegada da nova modalidade ser importante para o setor, não é qualquer iniciativa que conseguiria pleito para funcionamento.

“O modelo deve trazer um volume enorme de inovação. Mas não é toda fintech que tem R$ 1 milhão de capital integralizado. É preciso cautela para não barrar o empreendedorismo no Brasil”, disse.

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