Descrição de chapéu Financial Times

Magnata americano de cassinos e doador republicano Sheldon Adelson morre aos 87

Bilionário ajudou a transformar os polos de jogos e influiu nas políticas americana e israelense

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Sara Germano Andrew Edgecliffe-Johnson Mehul Srivastava
Nova York e Tel Aviv | Financial Times

​Sheldon Adelson, o magnata dos cassinos e importante doador e filantropo republicano, morreu depois de sofrer uma longa doença, informou sua mulher na terça-feira (12). Ele tinha 87 anos.

Adelson foi o bilionário fundador do hotel-cassino Sands em Las Vegas e seria o responsável por ter transformado as cidades de Las Vegas e Macau em destinos turísticos para jogos e resorts. Ele usou sua vasta fortuna para exercer influência social e política, de causas judaicas ao combate do vício em opioides, comprou jornais regionais em Nevada e em Israel e foi amigo de líderes do mundo todo.

Mais recentemente, Adelson foi um confidente próximo do presidente Donald Trump, dos EUA, e exerceu seu poder nos bastidores, incluindo pedidos com sucesso para que Trump forçasse a mudança da embaixada americana em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.

Sheldon Adelson, magnata dos cassinos e importante doador e filantropo republicano, morreu na última terça-feira, aos 87 anos
Sheldon Adelson, magnata dos cassinos e importante doador e filantropo republicano, morreu na última terça-feira, aos 87 anos - Bobby Yip/Reuters

Na semana passada, Adelson tirou licença médica de sua função como presidente e executivo-chefe do hotel Sands em Las Vegas, para tratamento de linfoma não Hodgkin.

Os tributos a Adelson de políticos e figuras públicas o chamaram de "patriota americano", incluindo o ex-presidente George W. Bush.

"Sheldon lutou para sair de um bairro duro em Boston para construir uma empresa de sucesso que empregou fielmente dezenas de milhares de pessoas —e divertiu milhões", disse Bush sobre Adelson, que ele chamou de amigo.

Binyamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, disse que ficou desolado com o falecimento de seu mais generoso apoiador político, a quem ele chamava afetuosamente de "Ruivo".

"Sheldon foi um dos maiores contribuintes para a história do povo judeu, do sionismo, dos assentamentos e do Estado de Israel", disse o primeiro-ministro, que está no quinto mandato.

"O mundo perdeu um grande homem", afirmou Trump em um comunicado sobre a morte de Adelson na terça, acrescentando que "sua engenhosidade, seu gênio e criatividade lhe valeram uma imensa fortuna, mas seu caráter e sua generosidade filantrópica lhe deram um grande nome".

Nascido em Boston de pais imigrantes da Lituânia, Adelson passou de um simples vendedor de jornais a alguém que viajava pelo mundo em sua própria frota de Boeings 747. Ele ganhou o primeiro milhão de dólares criando a feira de computadores Comdex nos anos 1970, que o levou à aquisição do cassino Venetian em Las Vegas. Depois expandiu seu império de cassinos e resorts a Macau e Singapura.

A riqueza de Adelson, recém-avaliada em US$ 35 bilhões pela Forbes, lhe permitiu se tornar um fazedor de reis na política e um generoso filantropo. Ele doou largas somas a organizações que incluem o programa Birthright Israel e compartilhou seus aviões com veteranos de guerra americanos feridos e suas famílias para férias com tudo pago em seus resorts.

Adelson e sua mulher, Miriam, estiveram entre os mais ricos e confiáveis doadores aos candidatos republicanos nos últimos anos. Como maior doador isolado republicano no ciclo eleitoral de 2012, o apoio de Adelson a Trump para presidente no início da campanha de 2016 o ajudou a acelerar o trajeto do empresário de Nova York à Casa Branca.

O casal manteve sua posição no alto escalão de doadores republicanos em diversas eleições, incluindo as de meio de mandato em 2018. O Centro para Política Responsável, que rastreia contribuições de campanha, classificou os Adelson como os maiores doadores individuais na eleição de 2020, com quase US$ 220 milhões, tudo para os republicanos.

Mitch McConnell, líder da maioria republicana no Senado, atribui a Adelson a criação de "inúmeros" empregos conforme ele "passou de dormir em cortiços durante a Grande Depressão, quando jovem, a literalmente pairar acima de Las Vegas e outros lugares".

Harry Reid, o ex-líder da maioria democrata no Senado, de Nevada, disse que "poucas pessoas tiveram um impacto tão significativo na indústria de hotéis e de cassinos e na economia de Nevada quanto Sheldon Adelson".

A morte de Adelson ocorre em um momento de incerteza para os angariadores de fundos do Partido Republicano. O ataque ao Capitólio na semana passada, depois que Trump e dezenas de congressistas republicanos instigaram a ideia infundada de que a eleição foi "roubada", levou dezenas de doadores corporativos a suspender ou rever suas contribuições de campanha.

Também se dá em um momento delicado para Netanyahu, que enfrenta um julgamento por corrupção. Desde 2007, Adelson financiou um jornal diário gratuito, o Israel Hayom (Israel Hoje), que apoia causas de direita em geral e Netanyahu em particular.

Um dos casos pelos quais Netanyahu está sendo processado trata de se o primeiro-ministro se ofereceu para ajudar uma publicação rival com mudanças regulatórias para conseguir cobertura favorável semelhante. Netanyahu nega as acusações.

Adelson ajudou a apoiar a Universidade Ariel, construída em um assentamento no interior da Cisjordânia ocupada, e foi convidado de honra na inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém em 2019. Na cerimônia, dignitários americanos e israelenses formaram um corredor para ele e sua mulher, que agora deverá assumir sua filantropia pró-Israel.

Em seu comunicado anunciando a morte, a doutora Adelson disse que seu marido há 32 anos "foi além de melhorar a vida de indivíduos: ele moldou o rumo de nações".

(Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves)

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