Descrição de chapéu Fórum Econômico Mundial

Mesmo com evento online, Bolsonaro evita Fórum Econômico Mundial de novo

Presidente foi ausência em 2020; Brasil terá participação de Mourão, Tereza, Guedes e Ernesto, além de João Doria

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não deve participar pelo segundo ano seguido do Fórum Econômico Mundial. O evento anual reúne alguns dos principais líderes internacionais, além de grandes empresários e entidades.

Com o avanço da pandemia do novo coronavírus, haverá um encontro virtual do fórum a partir deste domingo (24). As sessões se estenderão até sexta-feira (29).

A Covid-19 já fez com que a reunião presencial deste ano fosse transferida de Davos, na Suíça, para Singapura, com data prevista para maio.

Jair Bolsonaro durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça - Fabrice Coffrini - 22.jan.2019/AFP

A cidade-estado conseguiu controlar a transmissão do vírus em seu território, mas o avanço da doença nas principais economias do mundo levanta dúvidas sobre quais líderes aceitarão se deslocar para a região.

Bolsonaro compareceu a Davos em 2019, menos de um mês depois de assumir a Presidência da República. Na ocasião, ele fez um discurso de apenas oito minutos, acrescido de uma rápida sessão de perguntas do presidente do fórum, Klaus Schwab.

Foi a estreia do mandatário na arena internacional e ele defendeu que o Brasil liderasse pelo exemplo.

"Hoje em dia um precisa do outro. O Brasil precisa de vocês, e vocês com certeza precisam do nosso querido Brasil", afirmou.

A plateia no local reagiu sem entusiasmo diante da curta duração e o conteúdo das falas de Bolsonaro, consideradas pouco objetivas.

A passagem do presidente brasileiro pelos corredores de Davos naquele ano ganhou destaque no documentário "O Fórum".

Dirigido pelo alemão Marcus Vetter, o filme mostrou um Bolsonaro que estava um tanto sem jeito em um salão repleto de políticos de alto escalão, além de empresários e chefes de organizações civis.

O documentário também revela uma constrangedora interação de Bolsonaro com Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e hoje um influente ativista ambiental.​

"Estamos todos muito preocupados com a Amazônia. Lamento trazer isso numa conversa informal, mas é que esse assunto me toca profundamente", disse o americano.

"A Amazônia não pode ser esquecida. Temos muitas riquezas. E gostaríamos muito de explorá-las junto com os EUA", respondeu Bolsonaro.

Após a tradução, Gore resume o estranhamento da conversa: "Não entendi muito bem o que quis dizer".

Já na edição seguinte, o brasileiro decidiu não participar. A última reunião na Suíça antes da eclosão da pandemia de Covid-19 teve forte ênfase na sustentabilidade, sendo que uma das principais convidadas foi a ativista ambiental sueca Greta Thunberg.

Naquele ano, Bolsonaro já era alvo de diversas críticas por declarações contra ONGs (organizações não governamentais) que atuam na preservação da Amazônia e por uma onda de queimadas no bioma.

A decisão de Bolsonaro de se ausentar não é novidade entre líderes brasileiros.

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT), por exemplo, foi a Davos em apenas uma ocasião, em 2014. Michel Temer (MDB) faltou em 2017, mas compareceu ao evento no ano seguinte.

Na reunião virtual de 2021, Bolsonaro será ausência em um fórum que deve dar destaque para os efeitos da pandemia.

O governador paulista —e presidenciável—, João Doria (PSDB), que vem travando uma disputa com Bolsonaro pelo protagonismo no combate ao coronavírus, irá participar da mesa “Repensando as cidades para um futuro pós-Covid”, na terça -feira (26).

​O fórum reunirá virtualmente diversos chefes de governo, entre eles Xi Jinping (China), Angela Merkel (Alemanha), Alberto Fernández (Argentina) e Iván Duque (Colômbia).

Sem Bolsonaro, o governo brasileiro estará representado pelo vice-presidente Hamilton Mourão e por um reduzido grupo de ministros.

Na quarta-feira (27), a ministra Tereza Cristina (Agricultura) participa da sessão "Destravando inovação para transformar os sistemas de alimentação".

Mourão deve falar em um painel, o "Financiando a transição na Amazônia para uma bioeconomia sustentável". A exposição também será na quarta-feira.

Dois dias depois, o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) participará de uma sessão sobre geopolítica. À frente da pasta da Economia, Paulo Guedes estará em um painel sobre o sistema internacional de comércio, no mesmo dia.

Uma pesquisa com mais de 650 membros do Fórum Econômico Mundial mostra que doenças infecciosas e crises de sobrevivência lideraram a classificação dos riscos previstos que representarão uma ameaça crítica ao mundo nos próximos dois anos.

Eventos climáticos extremos e falhas de cibersegurança também são apontados como riscos importantes.

As preocupações em médio prazo incluem a explosão de bolhas de ativos e crises de dívida, segundo o relatório, enquanto os maiores temores em longo prazo são o uso de armas de destruição em massa e o colapso de países.

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