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Com vacinas, União Europeia prevê voltar mais cedo a nível econômico pré-pandemia

Em expectativas divulgadas hoje, Comissão Europeia reduz perspectivas de crescimento neste ano, mas eleva as previsões para 2022; incerteza ainda é alta, ressalva

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Bruxelas

O início da vacinação na União Europeia é “uma luz no fim do túnel após um inverno desafiador”, afirmou nesta quinta (11) o comissário responsável por economia no bloco, Paolo Gentiloni, ao apresentar as previsões trimestrais de inverno, para este ano e o próximo.

Traduzindo em números, "inverno desafiador" quer dizer que a Comissão Europeia (Poder Executivo da UE) reduziu sua expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no curto prazo, enquanto "luz no fim do túnel" significa previsões melhores para o longo prazo.

Por causa de novas medidas de restrição para conter a transmissão do coronavírus, o primeiro trimestre deste ano deve ser ainda de contração da economia, como foi o quarto trimestre de 2020, levando a comissão a rebaixar de 4,1% (na previsão de outono) para 3,7% a expectativa de crescimento do PIB da UE em 2021. Os cálculos partem da premissa de que a meta da UE de vacinar ao menos 70% da população adulta no primeiro semestre será cumprida.

Uma retomada mais vigorosa começaria no terceiro trimestre, liderada pelo consumo privado, com apoio adicional do comércio global, e o crescimento em 2022 chegaria a 3,9% (em vez dos 3,0% previstos antes). Se os números se confirmarem, o PIB europeu voltará aos níveis pré-pandemia ao final do próximo ano, antes do previsto anteriormente. Nos cálculos feitos há três meses, a atividade não se recuperaria antes de 2023.

em branco, um grande 20% está desenhado em uma vitrine, com a frase "liquidação de confinamento" embaixo, em alemão
Vitrine anuncia "liquidação do confinamento" em loja da cidade alemã de Muenster, no dia em que o governo anunciou uma prorrogação das restrições para combater a transmissão do coronavírus - Ina Fassbender - 10.fev.2021/AFP

As expectativas variam bastante de acordo com o país, com maior contração para aqueles cuja economia depende mais do turismo, como Itália, Espanha e Portugal. Após redução de 8,8% do PIB em 2020, a Itália deve crescer 3,4% em 2021 e 3,5% em 2022. Já a Alemanha, impulsionada por exportações industriais, terá queda de 5% em 2020, recuperada por altas de 3,2% em 2021 e 3,1% em 2022.

De acordo com o relatório, o país menos atingido pela crise em 2020 foi a Irlanda, com crescimento do PIB de 3% —todos os outros 26 países do bloco devem apresentar retração da economia, sendo que a menor delas é a da Lituânia, de 0,9%.

A Espanha foi o mais atingido, com queda de 11% em 2020, mas é também o que deve ter maior crescimento em 2021, de 5,6%, seguido de 5,3% em 2022 (também um dos mais altos, atrás dos 5,4% de Eslováquia e Malta). De acordo com a Comissão, políticas de apoio à reconstrução pós-pandemia devem ter impacto considerável nessa recuperação.

Para os 19 países que usam o euro, o crescimento esperado é de 3,8% tanto em 2021 quanto em 2022, após uma queda estimada de 6,3 % em 2020.

Como nas previsões anteriores, a Comissão ressaltou que a incerteza ainda é alta, dificultando os cálculos. Um exemplo é o dos 750 bilhões de euros (R$ 4,9 trilhões) do plano de recuperação pós-pandemia. Embora os primeiros pagamentos estejam projetados para o segundo semestre deste ano, nenhum dos cerca de 40 parlamentos nacionais e regionais autorizou até agora que os governos se endividar para financiar os recursos.

Também pesam contra as previsões os riscos de novas variantes mais resistentes às vacinas. "Existe também o risco de que a crise deixe feridas mais profundas do que o previsto no tecido econômico e social europeu, com falências em cadeia e perdas significativas de postos de trabalho", afirma a Comissão.

Do lado positivo, as surpresas podem ser uma abertura mais rápida com o avanço da vacinação e um rebote mais forte que o previsto, “impulsionado por uma explosão de otimismo pós-crise”. Nesse cenário, não só a demanda reprimida seria reativada como projetos de investimento inovadores seriam facilitados pelo crescimento da poupança doméstica durante a pandemia, os juros mais baixos e as políticas públicas de apoio.

Impacto do brexit

A Comissão também prevê que o brexit vai reduzir o crescimento dos dois lados do canal da Mancha, mesmo com o acordo de livre comércio firmado na última hora entre a União Europeia e o Reino Unido. Até o final de 2022, a perda seria de 2,25% do PIB britânico e de 0,5% para o PIB do bloco.

Nos cálculos dos economistas europeus, ainda que o acordo comercial tenha zerado tarifas, os custos adicionais para cumprir as novas regras alfandegárias e o atraso causado nos negócios são o equivalente à criação de um imposto de 10,9% sobre as importações da União Europeia e de 8,5% sobre as importações do Reino Unido.

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