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BC estima que investimentos estrangeiros no Brasil tripliquem em fevereiro

Autoridade monetária estima que mês encerre com ingressos líquidos de US$ 6,5 bilhões, três vezes o volume registrado em janeiro

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Brasília

Os investimentos diretos no país somaram US$ 1,8 bilhão em janeiro em ingressos líquidos (diferença entre entradas e saídas), mais que o dobro do registrado em dezembro, de US$ 738 milhões. Segundo estimativa divulgada nesta quarta-feira (24) pelo BC (Banco Central), o valor deve mais que triplicar em fevereiro, para US$ 6,5 bilhões.

O resultado esperado pela autoridade monetária também é maior que o registrado no mesmo mês do ano passado. Em fevereiro de 2020, último mês anterior à crise gerada pela pandemia de Covid-19, os investimentos foram de US$ 2,6 bilhões.

O montante registrado em janeiro, entretanto, ainda é menor do que os observados antes da crise. No mesmo mês do ano passado, o volume foi de US$ 2,7 bilhões, por exemplo.

Os investimentos diretos, diferentemente das aplicações em ações e títulos públicos, são feitos por empresas que estabelecem um relacionamento de médio e longo prazo com o país e são menos voláteis em crises momentâneas por envolver decisões mais duradouras.

Com a pandemia, esses investimentos despencaram em 2020. Em comparação ao ano anterior, o volume de aplicações caiu pela metade. Ao todo, foram aportados US$ 34,1 bilhões no país no período, contra US$ 69,1 bilhões no ano anterior. O número foi o menor desde 2009, quando foram investidos US$ 31,4 bilhões.

Segundo resultados parciais até a última sexta-feira (19), houve ingresso líquido de US$ 5,8 bilhões em aplicações desse tipo.

Os investimentos brasileiros no exterior foram de US$ 2,3 bilhões líquidos em janeiro. No acumulado dos 12 meses, porém, houve movimento de maior retirada que entrada de aplicações, com US$ 17,3 bilhões negativos líquidos.

Ou seja, as empresas retiraram dinheiro das suas aplicações no país no período mais crítico da pandemia.

Em contrapartida, o volume aplicado em ações e títulos públicos brasileiros mostrou recuperação. Em janeiro houve ingresso líquido de papéis​ negociados no mercado doméstico pelo oitavo mês consecutivo, de US$ 6,2 bilhões.

Nos últimos 12 meses, os investimentos em carteira somaram saídas líquidas de US$ 3,8 bilhões. Em fevereiro, até sexta, ingressaram US$ 5,8 bilhões. "Os investimentos em carteira acumulados em 12 meses têm resultados negativos desde 2018 [saída maior que entrada], mas se em fevereiro a rubrica mantiver o mesmo ritmo, poderemos ter a inversão disso, com resultado positivo", afirmou Rocha.

As exportações brasileiras somaram US$ 15 bilhões em janeiro, alta de 2,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Esse é o primeiro crescimento nessa base de comparação desde o início da pandemia no país, em março.

Em dezembro, houve alta de 0,3% no volume de exportações, mas a autoridade monetária considera o percentual como estabilidade na comparação com 2019.

“Os dados mostram recuperação. Não temos abertura por produtos ou por setor, mas veículos e o preço do minério são itens que podemos mencionar”, disse o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha.

As importações tiveram redução de 1%, com US$ 16,9 bilhões, mas a queda foi bem menor que a registrada nos meses anteriores, que chegou a dois dígitos nos meses mais críticos.

Com isso, a balança comercial teve resultado negativo de US$ 1,9 bilhão em janeiro, segundo déficit em 11 meses. Dezembro foi deficitário em US$ 881,6 milhões.

A balança comercial normalmente apresenta superávit em momentos de baixa atividade econômica, já que o país importa mais nas épocas de expansão.

Na prática, todo o nível de comércio exterior diminuiu em 2020. Tanto as exportações quanto as importações caíram, mas a redução no fluxo de entrada de produtos estrangeiros no país foi mais acentuada e puxou os resultados positivos líquidos.

“Na pandemia, todas as rubricas do setor externo foram impactadas, com diminuição dos déficits ou aumento dos superávits, na mesma direção”, comentou Rocha.

A pandemia afetou especialmente o setor de turismo, com as limitações de mobilidade. Mesmo com a flexibilização do isolamento social, as viagens internacionais permanecem em baixa. Os brasileiros turistas gastaram US$ 307,7 bilhões no exterior em janeiro, queda de 79% em relação ao mesmo mês de 2020.

O medo de contágio, o dólar alto desencorajou turistas. Além disso, alguns países impuseram restrições para viajantes brasileiros diante da gravidade da pandemia no país, como quarentena, exame negativo para Covid-19 e controle de temperatura.

Os estrangeiros desembolsaram US$ 268,5 bilhões no país, volume 60% menor que em janeiro do ano passado.

Segundo as parciais do BC, até sexta, os brasileiros gastaram US$ 196 milhões no exterior e os estrangeiros, US$ 161 milhões no país. Com isso, o resultado líquido ficou negativo em US$ 34 milhões no período.

O total das contas externas, chamado de transações correntes, fechou janeiro com o segundo déficit seguido no mês, com US$ 7,3 bilhões. Após a pandemia, o indicador registrou oito meses de superávit puxados pela balança comercial.

Com a normalização da balança, o resultado voltou a ficar negativo, mas ainda foi menor que o registrado em janeiro de 2020, de déficit de US$ 10,3 bilhões.

No acumulado dos últimos 12 meses, o déficit em transações correntes foi de US$ 9,4 bilhões, o equivalente a 0,65% do PIB (Produto Interno Bruto) e o menor desde fevereiro de 2008.

"Além da balança comercial, houve redução do déficit de serviços [que inclui viagens internacionais] e de lucros e dividendos, também impactados pela pandemia, o que explica a queda no déficit de transações correntes", explicou o técnico do BC.

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