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Livro de Giambiagi reúne 'jovem guarda' para debater economia na nova década

Publicação reúne 32 especialistas que falam de velhos problemas e nova economia

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São Paulo

Autor e organizador de mais de 30 livros sobre a economia brasileira, o economista Fabio Giambiagi reúne em seu trabalho mais recente, “O Futuro do Brasil”, o que ele chama de uma “nova jovem guarda” de economistas e outros especialistas para discutir os caminhos para o país nos próximos dez anos.

São 32 colaboradores que, nas palavras do próprio organizador, embora não sejam jovens “no sentido demográfico da palavra” e já tenham alguns anos de trajetória profissional, devem pautar o debate econômico no país nas próximas décadas.

“O Futuro do Brasil” trata de vários temas já abordados por Giambiagi em livros anteriores e também de questões identificadas com o conceito de economia do século 21, como meios de pagamentos, Big Data e futuro do trabalho no modelo de plataformas.

Capa do livro O Futuro do Brasil, organizado pelo economista Fabio Giambiagi
Capa do livro O Futuro do Brasil, organizado pelo economista Fabio Giambiagi - Divulgação

Em relação aos velhos problemas brasileiros, os autores buscam fazer uma avaliação dos resultados das reformas realizadas nos últimos cinco anos, além de apontar a necessidade de novas mudanças, com propostas de novas alterações nas legislações previdenciária e trabalhista, por exemplo.

“O objetivo deste livro é dar espaço para essa nova ‘Jovem Guarda’. O denominador comum que unifica a característica dos autores dos capítulos que compõem este livro, além da qualidade técnica de todos eles, é a juventude”, afirma Giambiagi, que é economista do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

“Trata-se de um conjunto de profissionais que tem ainda pelo menos duas ou três décadas pela frente no palco nacional, com amplas possibilidades de contribuir tanto para a circulação das ideias como talvez, no caso de um universo menor entre eles, para a gestão pública nas décadas de 2020, 2030 e, eventualmente, de 2040.”

Em relação à gestão pública, destaca-se a presença no livro de várias pessoas que atuam hoje no governo federal ou em outras administrações.

Entre eles, Bruno Dalcolmo, secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, secretário de Desestatização da Pasta, Pedro Jucá Maciel, subsecretário do Tesouro Nacional, Angelo Mont’Alverne Duarte, do Banco Central, Cíntia de Araújo, Gabriel de Bragança e Fabiano Pompermayer, os três da Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura do Ministério da Economia, Guilherme Tinoco, da Secretaria de Fazenda e Planejamento de São Paulo, e Ana Luiza Souza Mendonça, juíza do Trabalho que participou da elaboração da reforma trabalhista no Congresso e na Presidência da República.

Cabe aos novos autores assumir o lugar ocupado em livros anteriores por nomes como Affonso Pastore, FHC, Gustavo Franco, Mailson da Nóbrega, Marcos Lisboa, Mário Mesquita e Ricardo Paes de Barros. Muitos deles ainda presentes nas referências bibliográficas e citações dos novos autores.

O livro é dividido em quatro partes, com textos independentes entre si. A primeira traz apenas um capítulo, escrito por José Ronaldo de Castro Souza Júnior, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), e trata do potencial de crescimento da economia brasileira nesta nova década, depois de superada a fase aguda de disseminação do coronavírus.

O texto, de certa forma, abre espaço para as discussões dos capítulos que virão a seguir, ao tratar da necessidade de fazer uma série de reformas para garantir um crescimento calculado por Souza Júnior como, em média, de 2,1% ao ano no cenário base.

A segunda parte do livro traz uma agenda macroeconômica, com temas como Previdência, legislação trabalhista, reforma tributária, situação fiscal dos estados e ajuste fiscal.

A questão da Previdência, tema já discutido exaustivamente pelo organizador em uma série de livros e artigos nas últimas décadas, é abordada agora por Gabriel Tenoury e Pedro Fernando Nery, ambos autores de outros livros sobre a questão.

O capítulo Reencontro marcado: um balanço da Reforma Previdenciária do governo Bolsonaro faz referência ao livro “Reforma da previdência: o encontro marcado”, que Giambiagi organizou em 2007.

Segundo os autores, apesar da reforma ambiciosa fruto de anos de discussões, muitos pontos importantes continuam pendentes.

Entre os principais, a diferença de idade entre gêneros, aposentadoria rural, desindexação do salário mínimo, regras do BPC (Benefício de Prestação Continuada) e a falta de revisão automática da idade mínima do INSS.

“A Emenda 103 também não tratou dos servidores estaduais e municipais nem dos militares das Forças Armadas, o que limitou seus efeitos sobre a desigualdade”, dizem os dois autores.

A terceira parte, que busca as questões além da macroeconomia, discute propostas de política social e temas como educação, saúde, segurança e saneamento.

O capítulo que fala sobre a necessidade de revisão dos atuais programas sociais é assinado pelas economistas Maína Celidonio, do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, e Paula Pedro, do Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab.

“É importante identificar e corrigir, de maneira fiscalmente responsável, as falhas na focalização e na cobertura dessa rede. O abono salarial e o salário-família são programas com objetivos similares aos do Bolsa Família, mas que contam com pior focalização. A fusão desses programas permitiria o financiamento da rede de maneira mais eficiente e equânime”, dizem as autoras.

Elas defendem também a revisão dos critérios de elegibilidade e benefícios; eliminar a fila de espera; e implementar uma regra transição, suavizando a saída do programa.

No capítulo sobre a saúde na década de 2030, o professor da FGV EAESP Rudi Rocha inclui observações sobre como a pandemia pode antecipar a agenda de discussões necessárias para garantir o futuro da saúde no país, ao mostrar a importância do SUS, seus problemas e suas virtudes.

“Essa antecipação poderá ser fundamental para a sustentabilidade do setor. Há um dado da realidade com o qual todos os governos deverão lidar de agora em diante: a demanda por gastos de saúde será maior que a existente até 2019 —e essa demanda será legitimada, social e politicamente”, afirma.

A quarta parte do livro é reservada ao que o organizador chama de “questões novas” e tratam do futuro dos meios de pagamentos, do fenômeno do Big Data, como essa nova forma de abordagem da utilização de dados altera o modo em que as políticas sociais podem ser concebidas e, por fim, o futuro do trabalho no modelo de plataformas.

Segundo Giambiagi, embora boa parte da elaboração dos capítulos tenha sido feita quando o Brasil e o mundo ainda não tinham sido afetados pela pandemia da Covid-19, foi possível incorporar alguma menção ao tema e, de qualquer forma, todas as questões conseguiram conservar a sua atualidade.

“Desde a reflexão da capacidade de crescimento do capítulo inicial até o futuro do trabalho como o conhecemos até agora, discutido no último; ou desde a necessidade de melhorar a situação fiscal dos Estados até os desafios do saneamento, apenas para citar alguns dos temas dos capítulos”, afirma o organizador.

“Espero que esse novo olhar sobre nosso futuro, com a visão dos mais jovens, possa ser útil para o leitor.”

O Futuro do Brasil

  • Quando R$ 89 (R$ 66 em versão e-book)
  • Autor Fabio Giambiagi (organizador)
  • Editora Atlas
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