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Nova York processa Amazon por proteção insuficiente aos trabalhadores contra a Covid

Tribunal alega que empresa retaliou empregados que expressaram preocupação sobre condições de trabalho

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Nova York | The New York Times

A secretária estadual da Justiça de Nova York, Letitia James, anunciou um processo contra a Amazon, na noite de terça-feira (16), afirmando que a empresa não ofereceu proteção suficiente aos seus trabalhadores na cidade de Nova York, durante a pandemia, e que retaliou contra trabalhadores que expressaram preocupação sobre suas condições de trabalho.

O caso se concentra em duas instalações da Amazon: um grande armazém em Staten Island e um depósito de entregas em Queens. James afirma que a Amazon não conduziu limpeza adequada de suas instalações, não rastreou devidamente os contatos de pessoas infectadas com o coronavírus, e tomou “medidas retaliatórias sumárias” para silenciar as queixas dos trabalhadores.

Caixa da Amazon em um galpão em Nova York, Estados Unidos - Mike Segar/Reuters


“Os lucros extremos da Amazon e seu crescimento exponencial acontecem à custa das vidas, da saúde e da segurança de seus trabalhadores de linha de frente”, argumentou James na queixa, apresentada ao Supremo Tribunal de Nova York.

Kelly Nantel, porta-voz da Amazon, disse que a companhia “se preocupava profundamente com a saúde e segurança” de seus trabalhadores.

“Não acreditamos que a petição da secretária da Justiça represente um retrato correto da resposta da Amazon à pandemia, que foi uma das mais eficientes do setor”, disse Nantel.

Na semana passada, a Amazon abriu um processo preventivo contra James na Justiça Federal, a fim de tentar impedi-la de apresentar suas acusações. A companhia argumentou que a segurança no trabalho era uma questão judicial federal e não estadual.

Na queixa de 64 páginas apresentada na semana passada, a Amazon afirma que suas medidas de segurança “excedem por larga margem aquilo que a lei requer”. Mencionou uma inspeção conduzida de surpresa pela polícia da cidade de Nova York, segundo a qual a Amazon “parece ter ido além das exigências regulatórias em vigor”. A empresa também detalhou outras medidas de segurança tomadas, entre as quais verificações de temperatura e a oferta de exames gratuitos de Covid-19 nos seus locais de trabalho.

O estado de Nova York afirma em seu processo que a Amazon recebeu notificação escrita sobre pelo menos 250 empregados do armazém de Staten Island que tiveram a Covid-19. Em mais de 90 desses casos, o empregado infectado havia estado no trabalho na semana anterior, mas a Amazon não suspendeu as atividades em certas áreas do edifício a fim de oferecer ventilação adequada, como o estado requer, a queixa aponta.

James afirmou que, até pelo menos o final de junho, a Amazon não conduzia entrevistas com os trabalhadores infectados a fim de determinar seus contatos mais próximos, e que em lugar disso dependia da observação de vídeos de vigilância, um processo que podia demorar até três dias e não cobria a área completa do armazém. A falta de entrevistas criava “um processo muito demorado que não identificava os contatos mais próximos em prazo adequado”, a queixa afirma.

James também acusou a Amazon de retaliação contra Christian Smalls, trabalhador que a empresa demitiu no segundo trimestre. Smalls vinha fazendo reclamações sobre segurança aos gestores, e comandou um protesto público no estacionamento do armazém de Staten Island.

A Amazon afirmou que ele foi demitido por ter ido ao local de trabalho para protestar mesmo que estivesse em quarentena paga depois de ficar exposto a um colega que foi identificado como portador do coronavírus.

A queixa de James afirma que dois empregados da área de recursos humanos da Amazon discutiram por escrito a situação de Smalls. Os empregados afirmaram que consideravam injusto demiti-lo porque ele não tinha entrado no edifício e porque a Amazon não o havia informado de que suas normas de quarentena o proibiam de estar presente mesmo do lado de fora da edificação.

James disse que, ao demitir Smalls e repreender outro líder do protesto, a Amazon estava enviando uma mensagem repressiva aos demais trabalhadores.

“Os empregados da Amazon temem, com razão, que, se fizerem queixas legítimas de saúde e segurança com respeito à resposta da Amazon à Covid-19, a empresa retaliará também contra eles”, ela argumentou.
O estado afirma que a Amazon precisa mudar suas normas, conduzir treinamento e passar por uma monitoração de segurança, e que deveria oferecer o emprego de volta a Smalls, restituindo o valor que ele perdeu em salários pelo período em que esteve ausente, e lhe pagar outras indenizações.

Tradução de Paulo Migliacci

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