Opositores de Skaf são afastados de cargos de confiança da Fiesp

Industriais de chapa contrária nas eleições saíram de diretorias e conselhos; Fiesp diz que renovação é natural

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São Paulo

Representantes da chapa de oposição a Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), alegam que mais de 20 membros do grupo foram afastados dos cargos de direção e de conselho de modo arbitrário pela atual gestão.

Segundo eles, industriais ativos em reuniões das entidades tiveram os cargos de confiança cancelados por serem contrários aos candidatos defendidos por Skaf para as eleições das duas entidades, marcadas para 5 de julho.

Em nota, a Fiesp diz que conselhos, departamentos e comitês das duas entidades são compostos por cerca de 2.000 membros que exercem suas funções voluntariamente, sem qualquer remuneração.

Cabe ao presidente designar, manter ou afastar os empresários das funções.

Segundo a Fiesp, a renovação é "natural já que as nomeações são por um período de um ano".

Paulo Skaf, presidente da Fiesp; em resolução, ele afastou nomes da oposição de cargos de confiança
Paulo Skaf, presidente da Fiesp; em resolução, ele afastou nomes da oposição de cargos de confiança - Isac Nóbrega/PR

"Os que fazem oposição foram excluídos de maneira sumária", diz Vladimir Guilhamat, diretor por oito anos do Conselho de Relações Internacionais da Fiesp e empresário do setor de importação e exportação. "Todos os departamentos costumam ser reconduzidos em janeiro; os dele [Skaf] sempre foram reconduzidos. Os que estão na outra chapa foram excluídos."

A resolução anual da Fiesp saiu em janeiro e a do Ciesp na segunda-feira (22). Os membros vetados afirmam que ficaram sabendo da retirada de seus nomes pelo documento oficial, que esperavam um comunicado prévio e que o movimento é político e para enfraquecer a oposição.

Eles apoiam a chapa do empresário José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) e vice-presidente da federação, que comanda o grupo contrário a Skaf, desde 2004 no comando da entidade.

A chapa de Roriz que concorria à presidência da Fiesp foi impugnada em setembro de 2020, e hoje o empresário disputa o controle do Ciesp.

Em setembro, a comissão eleitoral da Fiesp indeferiu o grupo justificando que havia menos nomes que o necessário para os cargos de diretoria. Roriz recorreu à Justiça para tentar reverter a decisão, alegando questões de prazo.

Na Fiesp, quem concorre com apoio de Skaf é o empresário Josué Gomes da Silva, dono da Coteminas. No Ciesp, comanda a chapa Rafael Cervone Netto, da área têxtil.

"Em vez de agregar quem está na outra chapa, ele simplesmentre tirou, sem avisar, todas as pessoas dos conselhos, das diretorias e também das reuniões mais importantes. Então é como se decidisse quais empresários vão participar da representação industrial de São Paulo", afirma Roriz.

O empresário Emerson Chu, do setor de máquinas, diz que as duas entidades vêm sendo utilizadas como "comitê político do grupo de Skaf".

"Conselheiros e diretores que foram nomeados por méritos, agora deixaram de ser interessantes porque estão propondo novas ideias", afirma.

As áreas com representantes da oposição afetadas pela decisão foram tecnologia, economia, comércio exterior, infraestrutura, micro e pequenas Indústrias, integração regional, inovação, Acelera Fiesp e Jovens Empreendedores.

A Fiesp representa cerca de 130 mil indústrias de diversos setores, distribuídas em mais de 130 sindicatos patronais. O Ciesp tem 6.500 empresas associadas.

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