Protesto por volta do auxílio leva marmitas vazias à av. Paulista

Manifestação foi organizada pela Coalizão Negra de Direitos

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São Paulo

Representantes de entidades do movimento negro fizeram um protesto na manhã desta quinta-feira (18) na avenida Paulista, em São Paulo, pela prorrogação do auxílio emergencial no valor de R$ 600 até o fim da pandemia.

Marmitas vazias eram mostradas, sob gritos de "tem gente com fome".

Coordenada pela Coalizão Negra de Direitos, a manifestação se concentrou em frente à sede do Banco Central em São Paulo. Houve atos também em outras capitais, segundo os organizadores.

Além da prorrogação do auxílio, os manifestantes também pediram vacinação para todos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e criticaram a autonomia do Banco Central, aprovada na Câmara e no Senado no início do mês. O projeto foi uma promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Na calçada em frente à sede da autoridade monetária, os manifestantes escreveram "fome" usando marmitas de isopor vazias.

Douglas Belchior, da Coalizão Negra por Direitos, diz que o movimento apresentará às Câmaras de Vereadores e Assembleias Legislativas propostas de ação para garantir o pagamento do auxílio.

"O Estado, em todos os níveis, precisa se responsabilizar pelo empobrecimento, precisa ser cobrado. Estamos em campanha permanente para pressionar pela prorrogação", afirma.

O grupo chegou a fechar a avenida Paulista por alguns minutos, mas, na maior parte do tempo, utilizou as calçadas.

Diante dos carros parados no semáforo fechado, os manifestantes —a maioria homens e mulheres negras— levantavam faixas onde era possível ler "Auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia" e "Vacina para todos e todas pelo SUS".

O presidente Jair Bolsonaro foi o principal alvo de críticas dos manifestantes –em alguns momentos, ele foi chamado de assassino e omisso. O governador João Doria (PSDB), de São Paulo, também foi lembrado.

"Auxílio e vacina são pontos cruciais de luta. A população negra é a que mais sofre na pandemia", diz a vereadora Elaine Minero (PSOL), do mandato coletivo Quilombo Periférico.

Outros movimentos, como o RUA Juventude Anticapitalista e o Afronte! Juventude sem Medo também participaram da ação. A coalizão tem cerca de 180 organizações, como a Uniafro, o Movimento Negro Unificado e o Educafro.

Na semana passada, representantes da coalizão e integrantes da Rede Brasileira de Renda Básica participaram uma série de reuniões em Brasília (DF) pela retomada no pagamento do auxílio.

Eles foram recebidos pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), e pelo vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL), e realizaram atos no Salão Verde.

"Temos 60 milhões de pessoas sob risco de cair abaixo da linha da pobreza. É uma situação que deveria chocar a todos. O auxílio é o mínimo de assistência", afirmou Belchior.

O auxílio emergencial de R$ 600, depois reduzido a R$ 300, foi pago a 67,9 milhões de pessoas no decorrer de nove meses, o equivalente a 4 em 10 brasileiros em idade para trabalhar.

Na capital paulista, a Câmara de Vereadores aprovou, em primeira votação, um projeto de lei para renovar o pagamento de um benefício de R$ 100 para quem recebe o Bolsa Família, ambulantes cadastrados e pessoas com deficiência.

A vereadora Paula Nunes (PSOL), do mandato coletivo Bancada Feminista, defendeu, durante a manifestação desta quinta, que o benefício seja de R$ 350 e que mães chefes de família possam receber em dobro. A segunda votação está prevista para a próxima semana.

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