Três cúmplices da fuga de Carlos Ghosn são condenados na Turquia

Suspeitos devem cumprir quatro anos e dois meses de prisão por contrabando de migrantes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Istambul | AFP

Um tribunal de Istambul condenou três turcos nesta quarta-feira (24) por auxiliar Carlos Ghosn, ex-presidente do grupo Renault-Nissan, em sua fuga do Japão para o Líbano em 2019.

Um funcionário da empresa de aluguel de jatos particulares MNG Jet, Okan Kösemen, e dois pilotos foram condenados a quatro anos e dois meses de prisão por contrabando de migrantes, segundo a agência de notícias AFP.

Ghosn foi preso em 19 de novembro de 2018 quando desembarcou em Tóquio, sob a suspeita de não ter declarado grande parte de sua renda às autoridades do mercado de ações entre 2010 e 2015.

Em 5 de março de 2019, um juiz japonês aceitou sua libertação sob fiança, com proibição de deixar o Japão, mas algumas semanas depois, em 4 de abril, ele foi preso novamente, acusado de usar 5 milhões de dólares para benefício pessoal antes de ser libertado sob fiança em 25 de abril.

Carlos Ghosn, que nega as acusações, chegou a Beirute no dia 30 de dezembro após fuga do Japão, que ele teria deixado escondido em uma caixa de equipamento de música.

A fuga

Ao fugir para o Líbano, Carlos Ghosn disse ter se libertado do que chamou de injustiça e perseguição política no Japão.

"Não sou mais refém de um sistema judicial japonês tendencioso, onde prevalece a presunção de culpa, a discriminação é generalizada e os direitos humanos são violados, em total desrespeito às leis e tratados internacionais", disse.

P​ara escapar do monitoramento japonês, o executivo realizou uma fuga muito bem arquitetada. Um rede de TV libanesa chegou a dizer que Ghosn escapou após se esconder em uma caixa de instrumentos musicais. A versão, porém, foi negada por pessoas próximas a ele.

Segundo o jornal Financial Times, uma explicação é que ele tenha contratado uma empresa de segurança privada para ajudá-lo a passar pela vigilância policial.

Junichiro Hironaka, que lidera a equipe de advogados de Ghosn no Japão, disse que o voo para o Líbano “apareceu do nada”. “Uma grande organização deve ter agido para colocar isso em ação”, afirmou.

De acordo com o jornal Wall Street Journal, a fuga de Ghosn ocorreu depois de semanas de planejamento por parte de colaboradores que pretendiam levar o ex-executivo do setor automotivo para um país que acreditassem oferecer um ambiente jurídico mais favorável para julgar as alegações de irregularidades financeiras contra ele.

Ghosn foi levado de sua residência monitorada pela Justiça em Tóquio para um jato particular, com destino à Turquia. Ele continuou de avião para o Líbano, aterrissando no país na manhã de segunda-feira (30).

Segundo a agência Reuters, o executivo teria se encontrado com o presidente do Líbano, Michel Aoun. O governo libanês, porém, nega o encontro.

Uma nota do governo do Líbano à imprensa confirma a entrada de Ghosn no país com o passaporte francês. A Direção Geral de Segurança do Líbano disse que, por ter documentação legal, não havia razão para tomar qualquer medida contra ele, segundo a agência de notícias estatal NNA.

Ghosn está no Líbano com sua esposa em uma casa da família, que possui um sistema de monitoramento. O executivo nega que eles tenham participado da fuga do Japão.

"Houve especulações na mídia de que minha esposa Carole e outros membros da minha família tiveram um papel importante na minha saída do Japão. Todas essas especulações são imprecisas e falsas", disse Carlos Ghosn em comunicado.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.