BNDES tem lucro recorde de R$ 20,7 bilhões com venda de ações de Petrobras e Vale

Com pandemia, banco ofereceu mais recursos a pequenas do que a grandes empresas pela primeira vez

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Rio de Janeiro

Com vendas de suas ações em grandes empresas brasileiras, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou lucro recorde de R$ 20,7 bilhões em 2020, alta de 17% em relação ao verificado no ano anterior, que também havia sido recorde.

Parte de um esforço do banco para reduzir sua carteira de participações acionárias, as operações renderam um lucro líquido de R$ 4,8 bilhões. Desconsiderando os efeitos extraordinários, como o da venda de ações, o BNDES teria fechado o ano com lucro de R$ 8 bilhões, estável em relação a 2019.

Com o lucro recorde, o BNDES anunciou a distribuição de R$ 4,8 bilhões em dividendos, que são pagos integralmente ao governo federal. Em 2021, o banco já devolveu à União R$ 38 bilhões como pagamento antecipado de empréstimos.

Em evento virtual para divulgar o balanço nesta sexta (12), o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, disse que o banco está preparado para retomar programas emergenciais para ajudar empresas a enfrentar a pandemia, mas depende de sinalização do governo e do Congresso.

"Estamos de prontidão", afirmou. Por iniciativa própria, a gestão do BNDES estuda programas setoriais de apoio, com foco em segmentos da economia mais afetados pelo aumento das medidas restritivas após o crescimento de contaminações pelo país.

Montezano, porém, não quis especificar quais setores seriam atendidos, alegando que as propostas ainda estão em análise.

Em 2020, os programas emergenciais com participação do BNDES movimentaram R$ 155 bilhões, entre empréstimos, renegociações de dívidas e apoio à saúde. Ao todo, disse o BNDES, 393 mil empresas foram beneficiadas com esses programas.

A busca por crédito emergencial elevou em 17% o volume de desembolsos do BNDES na comparação com o ano anterior. Foram R$ 64,9 bilhões. Pela primeira vez, foi liberado um volume maior de recursos para empresas de pequeno e médio porte do que para grandes companhias.

Acelerado após a posse de Montezano, em 2019, o programa de venda de ações incluiu em 2020 três grandes operações envolvendo Vale e Petrobras. Em duas delas, o banco vendeu R$ 10,6 bilhões em ações da mineradora; em outra, foram R$ 22 bilhões em ações da Petrobras, na maior oferta pública na bolsa brasileira desde a capitalização da própria estatal, em 2010.

As vendas de ações reduziram em 32,3% a carteira de participações societárias do banco, que chegou ao fim do ano avaliada em R$ 81,8 bilhões. Já em 2021, o BNDES a empresa anunciou que zerou sua participação na Vale.

Segundo a diretora financeira do banco, Bianca Nasser, a venda de ações representou um aumento de liquidez de R$ 45,4 bilhões durante o ano, permitindo a liberação de recursos para ajudar no combate à pandemia.

Para o primeiro semestre de 2021, estão previstas duas grandes operações: a venda de ações da distribuidora de eletricidade Copel, do Paraná, e a venda de debêntures participativas da Vale, títulos emitidos no processo de privatização da mineradora.

Esse processo pode render até R$ 4 bilhões para a União, dona de dois terços dos 214,3 milhões de títulos envolvidos na oferta. O BNDES ficaria com outros R$ 2 bilhões.

No quarto trimestre de 2020, o BNDES teve lucro de R$ 7,0 bilhões, desempenho fortemente influenciado pela venda de ações da Vale e da Suzano, cada uma contribuindo com um lucro líquido de R$ 2,4 bilhões.

No evento desta sexta, o banco informou que sua carteira de projetos de privatizações e concessões chegou a 121 ativos, alta de 112% em relação a 2019. São 44 projetos federais, 69 estaduais e 8 municipais, com estimativa de R$ 223 bilhões em investimento e outorgas.

"A partir deste ano, veremos evolução não tão expressiva na carteira, mas uma evolução expressiva na execução da carteira, o que significa a realização dos leilões", disse o diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs do BNDES, Fábio Abrahão.

Em 2019, os principais leilões apoiados pelo banco foram as concessões para saneamento em Alagoas e no Espírito Santo e o leilão de privatização da distribuidora de eletricidade CEB, que atende o Distrito Federal.

Para o primeiro semestre de 2021, estão previstos leilões de saneamento do Rio de Janeiro, Amapá e Rio Grande do Sul, além da privatização da distribuidora de eletricidade CEEE, que atua no Rio Grande do Sul, além de projetos de rodovias e iluminação pública.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.