Descrição de chapéu indústria

Desencalhar navio no Canal de Suez dependerá da maré e de rebocadores, diz empresa responsável por remoção

Embarcação entalada bloqueia navegação de uma das vias marítimas mais movimentadas no mundo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

ISMAÍLIA | Reuters

Um navio de contêineres gigante encalhado no Canal de Suez poderá ser liberado até o início da próxima semana se rebocadores mais pesados, trabalho de dragagem e a maré alta conseguirem deslocá-lo, segundo uma firma holandesa que trabalha para resgatar o navio.

O Ever Given, com 400 metros de comprimento, ficou encalhado na diagonal em um trecho no sul do Canal de Suez, em meio a fortes ventos, no início da terça-feira (23), perturbando a navegação global ao bloquear uma das vias marítimas mais movimentadas do mundo.

Cerca de 15% do tráfego marítimo mundial passam pelo canal, e centenas de navios estão à espera para atravessá-lo quando o bloqueio for resolvido.

Dragas retiraram cerca de 20 mil toneladas de areia ao redor da proa do navio na sexta-feira (26), mas as operações de reboque para liberá-lo foram suspensas à noite.

Elas deveriam recomeçar no início da tarde de sábado, tentando aproveitar a maré alta, segundo três fontes que conhecem as operações do canal. Mas elas acrescentaram que poderá ser necessário remover mais areia ao redor do navio para soltá-lo.

"Nós pretendemos terminar depois do fim de semana, mas tudo terá de funcionar muito certo para isso", disse Peter Berdowski, executivo-chefe da empresa Boskalis, ao programa de TV holandês Nieuwsuue na sexta à noite.

A Boskalis é dona da companhia de resgates Smit Salvage, que foi chamada nesta semana para ajudar nos esforços da Autoridade do Canal de Suez (SCA na sigla em inglês) para desalojar a enorme embarcação.

"A proa está muito presa na argila arenosa, mas a popa não foi totalmente empurrada na argila, o que é positivo. Podemos tentar usá-la como alavanca para soltá-lo", disse Berdowski.

"Rebocadores pesados, com uma capacidade total de 400 toneladas, chegarão neste fim de semana. Esperamos que uma combinação de rebocadores, dragagem da areia na proa e maré alta nos permitam soltar o navio no início da próxima semana."

O primeiro-ministro egípcio, Mostafa Madbouly, agradeceu no sábado a parceiros estrangeiros pelas ofertas de ajuda para liberar o navio e disse que o presidente da SCA informaria à mídia em breve sobre detalhes da operação de resgate.

As taxas de frete para navios-tanques de produtos de petróleo quase duplicaram depois que o Ever Given encalhou. O bloqueio perturbou as cadeias de suprimentos globais, ameaçando atrasos dispendiosos para empresas que já enfrentam restrições por causa da Covid-19.

Se o problema demorar, as transportadoras poderão decidir adotar a rota que contorna o Cabo da Boa Esperança, que acrescenta cerca de duas semanas aos trajetos e custos extra de combustível.

Um total de 288 navios esperavam para entrar ou continuar viagem pelo canal na sexta, incluindo 65 navios de contêineres, 63 cargueiros e 23 transportadores de gás natural liquefeito (GNL) ou gás de petróleo liquefeito (GPL), segundo uma fonte do setor.

Três agentes de navegação disseram no sábado que nenhum dos navios que aguardam nas entradas do canal pediu para mudar de rota.

Boskalis e a Smit Salvage avisaram que usar força demais para rebocar o navio poderá danificá-lo.
Berdowski disse que um guindaste terrestre que seria levado no fim de semana poderia aliviar a carga do Ever Given retirando contêineres, mas especialistas advertiram que esse processo poderá ser complexo e demorado.

"Se não conseguirmos soltá-lo na próxima semana, teremos de remover cerca de 600 contêineres da proa para reduzir o peso", disse ele. "Isso nos atrasará alguns dias pelo menos, porque onde vamos deixar esses contêineres será um quebra-cabeça."

Traduzido do inglês por Luiz Roberto M. Gonçalves

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.