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Indústria inicia 2021 em ritmo mais lento, diz IBGE

Produção cresceu 0,4% em janeiro, com recuo na maior parte das atividades pesquisadas

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Rio de Janeiro

A indústria brasileira em entrou 2021 em ritmo lento, com crescimento menos disseminado e menos acentuado do que no fim de 2020. Em janeiro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção industrial no país cresceu 0,4% em relação a dezembro.

Foi o nono mês consecutivo de alta após o período mais duro da pandemia, disse o instituto. Mas pela primeira vez nessa sequência, a maior parte das atividades pesquisadas registrou queda em relação ao mês anterior.

“Observamos a manutenção do comportamento positivo do setor industrial, mas com desaceleração no seu ritmo no mês de janeiro", disse o gerente da pesquisa do IBGE, André Macedo.

Para especialistas, a desaceleração reflete a ausência de estímulos fiscais e tende a se manter no primeiro trimestre, diante do aumento dos casos de contaminação de Covid-19. A recomposição de estoques após a parada no início da pandemia, que ajudou a indústria em 2020, também deixará de contribuir.

"O forte recrudescimento de casos e o semi-colapso dos sistemas de saúde estaduais por conta da aceleração nas hospitalizações freará a demanda, criando condições mais precárias para uma melhora contínua do setor", disse o economista Alejandro Ortiz Cruce, da Guide Investimentos.

Ele cita que a produção de bens de consumo duráveis permanece sofrendo, enquanto os não duráveis — segmento que inclui alimentação, por exemplo — têm sentido menos os efeitos da crise. Entre as quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE, duas recuaram em janeiro: os bens de consumo duráveis (-0,7%) e os intermediários (-1,3%).

Os bens intermediários são aqueles produtos que abastecem a produção final (como, por exemplo, metalurgia e derivados de petróleo) e tiveram a queda mais acentuada desde abril de 2020, o pior mês da pandemia para a indústria.

Já os bens de consumo duráveis interromperam oito meses de taxas positivas consecutivas, período em que acumulou avanço de 552,2%, informou o IBGE. Foram fortemente impactados pela queda na produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-10,6%), segmento que foi bastante favorecido pelo auxílio emergencial e pela adoção de home office em 2020.

Por outro lado, os bens de capital, que são um indicativo de investimento, registraram avanço de 4,5% em janeiro, no nono mês seguido de alta. Nesse período, o setor tem crescimento acumulado de 148,4%

Macedo, do IBGE, destacou que 14 dos 26 ramos pesquisados ficaram no campo negativo, "um comportamento que não foi observado nos meses anteriores dessa sequência de nove meses de crescimento".

O maior recuo foi da metalurgia, com queda de 13%. Com o desempenho, o setor interrompeu uma sequência de seis meses de crescimento, que acumularam 59% de alta no período. Houve queda também na produção de derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,4%), outros equipamentos de transporte (-16,0%), e máquinas e equipamentos (-2,3%), por exemplo.

A influência positiva mais relevante veio da atividade de produtos alimentícios, que avançou 3,1%. O setor foi um dos únicos a não sofrer grandes perdas no início da pandemia e vinha recuando no fim de 2020, com queda acumulada de 11% no último trimestre.

Outras contribuições positivas vieram de indústrias extrativas (1,5%), de produtos diversos (14,9%), de celulose, papel e produtos de papel (4,4%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (1,0%) e de móveis (3,6%).

Na comparação com janeiro de 2020, a indústria teve alta de 2%, com influências positivas, principalmente, de máquinas e equipamentos (17,7%), produtos de metal (12,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (4,8%) e produtos de minerais não-metálicos (11,5%).

A perda de ritmo da economia já era percebida no fim de 2020, como resultado principalmente da redução do pagamento do auxílio emergencial. Embora o PIB tenha fechado o ano com queda menor do que a esperada (4,1%), as expectativas para 2021 pioraram com o avanço da Covid-19 pelo país e o atraso na campanha de vacinação.

Cruceno, da Guide, reforça que a piora do mercado de trabalho deve manter a atividade econômica pressionada e que o avanço da vacinação é "ponto central" na recuperação.

"Reiteramos a mensagem que temos recorrentemente enfatizado: a vacinação será a principal ferramenta de política econômica para a crise, pois, como está ficando cada vez mais claro, o ano de 2021 será de retração fiscal e monetária", conclui.

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