Descrição de chapéu copom Selic juros

Lira defende revisão da taxa de juros no Brasil um dia após Copom elevar Selic

Para presidente da Câmara, BC precisa fazer ajustes para calibrar câmbio e dar mais previsibilidade à economia

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Brasília

Um dia depois de o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) aumentar a taxa básica de juros, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu uma revisão da Selic para que o Brasil tenha uma rota de crescimento mais previsível.

O Copom decidiu elevar a taxa básica em 0,75 ponto percentual, para 2,75%, em resposta a pressões inflacionárias.

Lira participou na manhã desta quinta-feira (18) de videoconferência com o ministro Gilmar Mendes (Supremo Tribunal Federal). A transmissão foi promovida pelo Conjur, site especializado na cobertura das áreas de direito e Justiça.

Presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) - Michel Jesus/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara defendeu projetos já aprovados que buscam destravar investimentos no país. Entre eles estão o marco legal do gás, enviado à sanção na madrugada de quarta-feira, e a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) Emergencial, que destrava a nova rodada de auxílio emergencial.

O governo, contudo, ainda não enviou ao Congresso a MP (medida provisória) que detalha critérios para concessão do benefício.

Segundo Lira, essas são propostas que dão uma sinalização forte para os investidores sobre a firme intenção do governo em apoiar a economia. "Nós precisamos de investimentos para não entrar naquela volatilidade, e também para que o país não tenha a maior dívida mundial mesmo com a sua menor taxa de juros", afirmou. "É incompreensível."

Lira não detalhou qual indicador de dívida tomou como referência.

Segundo o monitor fiscal do FMI (Fundo Monetário Internacional), em uma lista referente a 2021, o Brasil tinha uma dívida bruta equivalente a 102,76% do PIB (Produto Interno Bruto). Grécia tinha um percentual de 200,53% e o Japão, 263,97%.

Lira fez uma analogia entre tomar um empréstimo e emitir dívida pública no momento de fragilidade financeira -caso atual do Brasil, que têm alto déficit público e precisa fazer ajustes fiscais. "Se você é um banco e um cliente quer pegar um dinheiro, e se aquele cliente não está com as contas em ordem, você não vai emprestar dinheiro a juro baixo para ele", afirmou.

"Então, o Brasil precisa, paulatinamente, rever a questão dos juros."

Em outro momento da conversa, voltou a afirmar não ter dúvidas de que o Brasil é o país mais endividado do mundo, e que a taxa de juros, por isso, precisa mesmo ser revista.

"Com mais intensidade ou menos intensidade, o Banco Central vai avaliar para que a gente possa ter um equilíbrio na correlação do dólar que entra e do dólar que sai do Brasil, o que possibilita crescimento mais previsível", disse.

A intensidade do aumento de juros pegou muitos analistas de surpresa. A maior parte dos economistas consultados pela Bloomberg esperava elevação de 0,5 ponto –alguns apostavam em uma alta mais gradual, de 0,25.

O comitê justificou que os indicadores recentes de atividade econômica mostram recuperação da economia e que as expectativas de inflação foram revisadas para cima. Segundo o texto, uma alta mais acentuada da taxa de juros reduz a probabilidade de que a meta não seja cumprida este ano.

Foi a primeira alta desde julho de 2015, quando a autoridade monetária decidiu subir os juros em 0,5 ponto, a 14,25% ao ano.

O presidente da Câmara disse, ainda, que na próxima semana deve ser discutida a admissibilidade da reforma administrativa, que promove mudanças na estrutura do serviço público, e que o relatório da reforma tributária deve ser lido nos próximos dias.

Sobre a medida provisória que abre caminho para a capitalização da Eletrobras, indicou que o texto pode caminhar um pouco mais para a frente, "ser mais arriscada ou ser conservadora". "Mas é a privatização de um sistema importante que tem que ser discutida com muita tranquilidade, mas com firmeza na Casa."

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