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No que investir com juro a 2,75% ao ano?

Veja como fica a renda fixa com a alta na Selic

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São Paulo

​Com a Selic indo de 2% para 2,75%, após decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) nesta quarta-feira (17), a renda fixa irá render um pouco mais. Especialistas, porém, apontam que a taxa básica de juros não deve ser o único fator a considerar na hora de tomar decisões de investimento.

É preciso considerar o atual contexto de pandemia de coronavírus no auge e risco fiscal, além de uma inflação crescente.

 Cédulas de real
Mesmo com alta nos juros, Selic deve encerrar 2021 abaixo da inflação - Gabriel Cabral/Folhapress

Proteção contra a inflação

A previsão do mercado é que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), tido como a inflação oficial do país, suba 4,60% em 2021 e que a Selic termine o ano a 4,50%.

Ou seja, caso as expectativas se concretizem, o juro real em 2021 será negativo, pois fica abaixo da inflação. Dessa forma, investimentos em renda fixa devem considerar o longo prazo.

Para preservar o poder de compra das economias, especialistas recomendam o investimento em produtos que têm o ganho atrelado à inflação, como o título do Tesouro IPCA+.

Renda fixa

Títulos pós-fixados e atrelados a Selic ficam mais vantajosos com a alta nos juros.

Fundos de renda fixa que tenham debêntures na composição também são uma alternativa. Por serem mais arriscados, têm um retorno maior.

Outra opção são os CDBs de boa avaliação de crédito com prazo de vencimento de dois anos, que podem ser encontrados com uma rentabilidade de 135% do CDI.

Veja abaixo a projeção para a rentabilidade média dos produtos de renda fixa com a Selic a 2,75%:

Fonte: Yubb Rendimento bruto anual Rendimento líquido anual Rendimento real anual (considerando a projeção de 4,6% de inflação em 2021)
Poupança nova* 1,93% 1,93% -2,56%
Poupança antiga* 6,16% 6,16% 1,49%
Tesouro Selic 2,65% 2,12% -2,37%
CDB de banco médio 3,45% 2,76% -1,76%
CDB de banco grande 2,12% 1,70% -2,78%
LC 3,71% 2,97% -1,56%
LCA* 2,60% 2,60% -1,91%
LCI* 2,70% 2,70% -1,82%
RDB (recibo de depósito bancário) 3,60% 2,88% -1,64%
Debênture Incentivada* 4,00% 4,00% -0,57%

*Investimentos isentos de Imposto de Renda

Poupança

Com a Selic em 2,75% ao ano, a poupança nova tem um rendimento anual de 1,93%. O valor segue a regra de remuneração para depósitos a partir de maio de 2012, que é 70% da Selic mais TR (taxa referencial), que hoje está zerada. Já a poupança antiga rende 6,17% ao ano mais TR.

Segundo cálculos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade), fundos de renda fixa vão ter um rendimento superior à poupança nova apenas quando taxas de administração forem inferiores a 1% ao ano pela tributação do Imposto de Renda sobre os
rendimentos.

Ações

Além da renda fixa, ações de bancos e seguradoras também podem se beneficiar de juros mais altos. Por outro lado, empresas de varejo e construção civil podem ter queda no faturamento. Companhias com uma dívida elevada também podem ser impactadas negativamente por uma Selic maior.

Empresas ligadas a commodities, bancos e empresas que são mais impactadas pela pandemia, como shoppings e companhias de turismo, são vistas como boas oportunidades por especialistas, por serem setores mais favorecidos por uma recuperação econômica.

A escolha a dedo de ações por quem não tem formação profissional, porém, não é indicada. Para deixar o aporte em ações na mão dos especialistas, o investidor também pode comprar cotas de fundos de ações ou multimercados de gestão ativa. O portfólio destes fundos está em constante mudança, de modo a ampliar os ganhos dos cotistas.

Os analistas alertam que o desempenho da economia, e consequentemente a valorização das empresas, vai depender da velocidade da vacinação no Brasil que, por enquanto, anda a passos lentos.

Exterior

Especialistas também recomendam a presença de ativos ligados a outras economias na carteira para fugir do chamado “risco Brasil", como dólar, euro e ações no exterior, via BDRs (recibo depositário de ações, na sigla em inglês) ou ETFs (fundo de índice). O ouro também é apontado como ativo de segurança.

Independente do cenário, é imprescindível que investidores diversifiquem a carteira, de modo a reduzir os riscos.

COMO SABER SEU PERFIL DE INVESTIDOR

Antes de investir, é necessário descobrir qual o seu perfil, para determinar que riscos está disposto a correr –e, a partir daí, definir os ativos de sua carteira.

O perfil é obtido por questionários e avaliação financeira de bancos, corretoras e casas de análise. Para ter uma boa parte da carteira em ações, como no perfil arriscado, por exemplo, é preciso ter sangue frio para lidar com eventuais desvalorizações do mercado.

Conservador
Preza estabilidade do investimento. Quer saber o rendimento ao fim do mês, sem arriscar perder dinheiro ou ter surpresas no meio do caminho. No passado, mantinha toda a carteira em renda fixa, mas, com a queda da rentabilidade, analistas recomendam uma pequena alocação em fundos multimercado.

Moderado
Aceita mais oscilações nos investimentos, especialmente a longo prazo, mas também preza a garantia do retorno. Sua carteira tem mais espaço para a renda variável.

Arrojado
Está mais disposto a correr risco em nome do retorno maior. Tem mais tranquilidade para lidar com oscilações bruscas na renda variável, que ocupa boa parte da carteira.

Agressivo
Não tem medo de perder em algumas aplicações para ganhar em outras. Tem sangue frio para aguentar o tranco de uma queda brusca de ações.

COMO DIVERSIFICAR INVESTIMENTOS

A diversificação depende do apetite ao risco. Conservadores devem ter a menor parte da carteira em ações, por exemplo. Veja diferentes tipos de investimento:

Pós-fixados
Acompanham a taxa de juros. Se ela sobe, a rentabilidade aumenta; se cai, o ganho diminui. São os investimentos mais seguros, e mesmo os mais arrojados têm uma parte do dinheiro nesses produtos.
Opções: poupança, CDBs, LCA e LCI, Tesouro Selic e fundos DI. A aplicação é de longo prazo, e o dinheiro fica parado até o vencimento.

Prefixados
Têm uma taxa de juros combinada no momento da aplicação, que não muda mesmo que a Selic seja alterada. Há risco em caso de venda antecipada e é o primeiro patamar de diversificação.
Opções: Tesouro prefixado e CDBs de bancos pequenos

Inflação
São investimentos que pagam uma taxa de juros fixa mais a variação da inflação. Como mudam de preço todo dia, o investidor precisa mantê-los até o vencimento para evitar risco de perdas.
Opções: Tesouro IPCA+ e CDBs de bancos pequenos

Fundos multimercados
Investem em mais de um tipo de ativo. Geralmente combinam aplicações conservadoras, como títulos públicos, com ativos mais arriscados, que podem ser dívidas de empresas (no Brasil ou no exterior) e ações. Para saber no que um fundo investe, é preciso ler o informativo.

Ações
Ações são a menor fração de capital de uma empresa, podendo ser negociada em Bolsa. Esse tipo de investimento é indicado para pessoas de perfil arrojado. É possível escolher papéis individualmente ou investir por meio de fundos de ações ou que acompanham um índice (ETFs).

GLOSSÁRIO

CDBs, LCAs e LCIs
Os principais investimentos de renda fixa de bancos. Quanto maior o banco, menor a remuneração, porque o risco de calote é menor. As letras de crédito são isentas de IR. Em caso de calote, há cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) até R$ 250 mil por CPF e instituição financeira

Debêntures
Títulos de dívida emitidos por empresas para financiar investimentos. Quem compra uma debênture corre o risco de calote da empresa, já que não há garantia do FGC. Quando o dinheiro é destinado a obras de infraestrutura, há isenção de Imposto de Renda

Prefixado
Investimento cujo rendimento é conhecido na hora da aplicação. É vantajoso quando há expectativa de queda de juros. Como os títulos mais longos consideram que as taxas vão subir mais do que a expectativa do mercado, há chances de rendimento maior em outros tipos de renda fixa

Tesouro IPCA+
Título público emitido pelo Tesouro Nacional que paga uma taxa de juros fixa mais a variação da inflação. Garante o poder de compra do dinheiro em aplicações de longo prazo, mas pode sofrer oscilações de preços e gerar perdas em caso de resgate antes do vencimento

CDI
Taxa de juro que acompanha a Selic e costuma ser referência para remuneração de investimentos de renda fixa emitidos por bancos

ETFs - fundos que replicam um índice de ações, como o Ibovespa. O ganho será, ao final de um período, o mesmo registrado pela média das ações que compõem o índice. Como é um fundo passivo (não há um gestor tomando decisões de investimento), tem taxas mais baixas

Confira a explicação de mais termos do mercado financeiro neste link.

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