PIB de SP cresce 0,4% em 2020 puxado por serviços e tecnologia

Para governo, apenas uma nova cepa de Covid-19 pode ameaçar recuperação

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São Paulo

Na contramão da economia brasileira, que registrou a maior contração em 30 anos, o estado de São Paulo encerrou 2020 com crescimento de 0,4%, puxada pelo resultado positivo de 1,8% do setor de serviços e tecnologia.

O desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) paulista foi divulgado nesta quinta-feira (4) pelo governador João Doria (PSDB) e é calculado pela Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados).

Na quarta-feira (3), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o PIB do Brasil encolheu 4,1% no ano passado, puxado por uma retração recorde de 4,5% nos serviços.

O governador paulista afirmou que a previsão é imunizar 70% da população do estado até o início do quarto trimestre e que isso vai ajudar na recuperação em 2021. Segundo ele, apenas o aparecimento de uma cepa do vírus que não seja controlável pelas vacinas existentes pode frustrar o plano de imunização e a retomada econômica.

“Todos os brasileiros residentes em São Paulo que precisam ser vacinados vão ser vacinados até 31 de dezembro. Isso fortalecerá bastante a economia de São Paulo já para o último trimestre do ano. Na entrada do último trimestre já teremos mais de 70% da população do estado imunizada. Vamos torcer para que também aconteça com os demais estados”, afirmou o governador.

“O único ponto que eu coloco como dúvida é se essas cepas, cujos estudos a ciência ainda não finalizou no Brasil, serão controláveis pelas vacinas existentes.”

O governador fez um contraponto à posição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ao afirmar que a recuperação da economia está ligada ao processo de vacinação e às medidas de preservação de vidas.

As restrições à circulação anunciadas por São Paulo e outros estados e prefeituras, diante do recorde de mortes e lotação de hospitais, têm sido criticadas pelo presidente, que atribuiu a elas, e não ao vírus, o problema econômico, na contramão do diagnóstico da sua própria equipe econômica.

“Temos que ter cuidado, compreender uma situação grave e proteger a vida. A prioridade é a vida. Sem vida não há consumo. Mortos não consomem, não compram, não frequentam bares, restaurantes, teatros, cinemas. Temos de preservar a vida e, na sequência, após a vacinação, recuperarmos rapidamente a economia”, afirmou Doria.

Para 2021, o governo paulista projeta crescimento acima de 5%. As projeções de mercado para o PIB brasileiro estão próximas de 3,5%.

O secretário de Fazenda e Planejamento de São Paulo, Henrique Meirelles, afirmou que o estado já observou a chamada recuperação em "V” e que a economia paulista está 5,6% acima do patamar pré-crise.

Ele destacou também o bom desempenho dos setores imobiliário, financeiro e de tecnologia da informação no estado, entre os que mais cresceram no ano passado.

“São Paulo em 2019 já cresceu mais que a economia brasileira e entrou forte em 2020, aquecida, com todos os motores funcionando a pleno vapor. Já entra em 2021 preparado para crescer. Evidentemente que é relevante para a economia a vacinação”, disse o secretário. “A economia em 2021 vai crescer dependendo do ritmo de vacinação.”

A secretária de Desenvolvimento Econômico do estado, Patricia Ellen, afirmou que São Paulo já é o maior polo de serviços no Brasil e investiu mais que outras regiões, ampliando sua participação e o dinamismo do setor. Ela também destacou a criação de empregos e empresas na segunda metade do ano.

“Tivemos uma rápida aceleração [do emprego formal] no segundo semestre e fechamos com saldo anual próximo de zero. A aceleração que tivemos no segundo semestre compensou a perda que tivemos no pior momento. Tivemos o maior saldo de abertura de empresas no estado desde 2013, com número recorde de abertura de empresas pela Junta Comercial”, afirmou a secretária.

Os dados mostram ainda que , no último trimestre do ano, o país cresceu 3,2%, enquanto São Paulo avançou 2,5%. São Paulo também registrou queda menor na indústria (2,9% em SP ante 3,5% no Brasil). Na agropecuária, houve queda de -1,7%, ante crescimento de 2% na média nacional.

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