Desemprego atinge recorde de 14,4% no trimestre encerrado em fevereiro, segundo IBGE

Em um ano de pandemia, houve redução de 7,8 milhões de postos de trabalho

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São Paulo

A taxa de desemprego atingiu 14,4% no trimestre encerrado em fevereiro, de acordo com a pesquisa mensal do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada nesta sexta-feira (30).

Esse é o maior nível para o período na série histórica iniciada em 2012 e representa 14,4 milhões de brasileiros que estavam em busca de emprego. No trimestre imediatamente anterior (setembro-novembro), estava em 14,1%. Um ano atrás, era de 11,6%.

O recorde da série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), para todos os trimestres do ano, são os 14,6% registrados no período de julho a setembro de 2020.

O emprego assalariado, formal e informal, ficou estável em relação aos três meses anteriores. Apenas a categoria de trabalhadores por conta própria apresentou crescimento na comparação com o trimestre anterior (de setembro a novembro de 2020), segundo o IBGE.

Em relação ao trimestre encerrado em novembro, são 400 mil desempregados a mais. Em um ano, são 2,1 milhões de pessoas a mais procurando emprego.

A população ocupada (85,9 milhões de pessoas) ficou estável em relação ao trimestre móvel anterior, mas continua abaixo do nível pré-crise. Em um ano de pandemia, houve redução de 7,8 milhões de postos de trabalho, segundo o IBGE.

“Não houve, nesse trimestre, uma geração significativa de postos de trabalho, o que também foi observado na estabilidade de todas as atividades econômicas, muitas ainda retendo trabalhadores, mas outras já apontando um processo de dispensa como o comércio, a indústria e alojamentos e alimentação", afirma a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.

"O trimestre volta a repetir a preponderância do trabalho informal, reforçando movimentos que já vimos em outras divulgações, a importância do trabalhador por conta própria para a manutenção da ocupação.”

Segundo o IBGE, a população fora da força de trabalho (que não está ocupada nem procura emprego) ficou estável na comparação trimestral (76,4 milhões), mas aumentou em 10,5 milhões de pessoas em um ano.

Percentualmente, as ocupações que mais recuaram na taxa de ocupação em um ano foram serviços de alojamento e alimentação (-27,4%), serviços domésticos (-20,6%) e outros serviços (-18,1%). Na indústria, construção e comércio, as quedas ficaram em torno de 10%.

A população desalentada chegou a 6 milhões de pessoas, recorde da série histórica, segundo o IBGE, com crescimento de 26,8% ante o mesmo período de 2020.

Considerando a relação de emprego, o número de pessoas com carteira assinada no setor privado (excluindo domésticos) ficou estável em 29,7 milhões de pessoas em relação ao trimestre anterior. Em um ano, são 3,9 milhões de pessoas a menos.

O emprego sem carteira (9,8 milhões de pessoas) também mostra estabilidade no trimestre, mas com perda de 1,8 milhão de vagas em um ano.

A quantidade de empregadores (3,9 milhões de pessoas) ficou estável em relação ao trimestre móvel anterior, mas recuou 12,5% (menos 552 mil pessoas) ante o mesmo trimestre de 2020.

Os empregados no setor público (12 milhões de pessoas) também não se alterou no trimestre, mas cresceu 5,1% (584 mil pessoas a mais) frente ao mesmo período do ano anterior.

O número de trabalhadores por conta própria é de 23,7 milhões. São 716 mil de pessoas a mais na comparação trimestral, mas uma perda de 824 mil ocupações em relação ao mesmo período de 2020.

A taxa de informalidade subiu de 39,1% para 39,6% no trimestre.

“O trimestre encerrado em fevereiro de 2020 ainda era um cenário pré-pandemia e qualquer comparação com este período vai mostrar quedas anuais muito acentuadas. Isso explica o porquê da estabilidade no trimestre e alta no confronto anual”, diz Beringuy.

Nesta semana, também foram divulgados os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que mostram a diferença entre contratações e desligamentos no emprego formal. Em março, foram criadas 184.140 vagas com carteira assinada no país. Apesar do resultado positivo, os números mostram um desaquecimento do mercado de trabalho.

No início do mês, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar a pesquisa do IBGE, em uma repetição do que já havia feito há dois anos, questionando a metodologia internacional utilizada por diversos institutos mundiais de pesquisa.

METODOLOGIA

A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), apurada pelo IBGE, divulga o número de pessoas desocupadas no país. São classificadas nessa categoria as que não têm emprego mas estão em busca de uma ocupação. Aquelas que não possuem emprego, mas deixaram de buscar por uma vaga por falta de perspectiva, fenômeno chamado de desalento por economistas, não são contabilizadas.

A metodologia segue as recomendações dos organismos internacionais. A prática garante, entre outras coisas, que analistas e pesquisadores comparem o comportamento do mercado de trabalho no Brasil com o de outros países e que o país tenha suas estatísticas descritas em relatórios internacionais.

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