A LG anunciou que vai encerrar sua divisão de celulares. A área enfrentava problemas de déficits e estava à venda, mas a empresa não conseguiu um comprador. Com a saída, a LG torna-se a primeira grande marca de smartphones a se retirar completamente desse mercado.
No Brasil, a LG produz celulares em uma fábrica em Taubaté, na região do Vale do Paraíba, interior de São Paulo. A planta emprega cerca de 1.000 trabalhadores, dos quais 400 atuam na produção de smartphones. Há ainda a linha de produção de monitores, um call center e a área administrativa.
Há pouco mais de uma semana, o sindicato dos metalúrgicos do município aprovou estado de greve após circular a informação de que a unidade seria desativada.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, Cláudio Batista, representantes da empresa sul-coreana teriam dito que negociavam a venda do segmento de celulares para um grupo africano. A LG também teria se comprometido a apresentar uma proposta para os trabalhadores até o dia 9 de abril.
Após o anúncio público de encerramento, nesta segunda-feira (5), o sindicato afirmou que terá uma reunião com a direção da LG na terça (6). A entidade sindical disse que, até o momento, a empresa não informou que decisão será tomada em relação aos trabalhadores.
Com a decisão, a empresa deixará o terceiro lugar no ranking de fabricantes de smartphones da América do Norte. Sua participação de 10% no mercado deve ser engolida pela Samsung e pela Apple.
"Nos Estados Unidos, a LG tem como alvo modelos de preço médio —ou até ultrabaixo— e isso significa que a Samsung, que tem mais linhas de produtos de preço médio do que a Apple, será mais capaz de atrair usuários LG", avaliou Ko Eui-young, analista da Hi Investment & Securities.
A divisão de smartphones da LG registrou quase seis anos de prejuízo, totalizando cerca de US$ 4,5 bilhões. O abandono do setor permitirá que a LG se concentre em áreas em crescimento, como componentes de veículos elétricos, dispositivos conectados e casas inteligentes, disse a empresa em um comunicado.
Em tempos melhores, a LG foi pioneira no mercado com uma série de inovações em telefones celulares, incluindo câmeras ultra grande angular. Em seu pico em 2013, foi a terceira maior fabricante de smartphones do mundo, atrás apenas da Samsung e da Apple.
Mais tarde, porém, seus modelos principais sofreram com problemas de software e hardware, que diminuíram o apetite pelos seus aparelhos. Analistas também criticaram a empresa por falta de experiência em marketing em comparação com as rivais chinesas.
Embora outras marcas de celulares bem conhecidas, como Nokia, HTC e Blackberry, também tenham recuado no mercado, elas ainda não desapareceram completamente.
A participação global atual da LG é de apenas 2%. Ela vendeu 23 milhões de telefones no ano passado —a Samsung vendeu 256 milhões, de acordo com o provedor de pesquisas Counterpoint.
Além da América do Norte, a LG tem uma presença considerável na América Latina, onde ocupa o quinto lugar no ranking em participação de mercado.
Embora marcas chinesas rivais, como Oppo, Vivo e Xiaomi não tenham muita presença nos Estados Unidos, em parte devido às relações bilaterais tensas, suas ofertas de produtos de baixo a médio alcance deverão se beneficiar da ausência da LG na América Latina, disseram analistas.
A divisão de smartphones da LG, a menor de suas cinco divisões, é responsável por cerca de 7% da receita. Ela deve ser encerrada em 31 de julho.
Na Coreia do Sul, os funcionários da divisão serão transferidos para outras empresas e afiliadas da LG Electronics, enquanto em outros lugares as decisões sobre emprego serão tomadas em nível local.
Analistas disseram que foram informados em uma teleconferência que a LG planeja manter suas patentes de tecnologia de núcleo 4G e 5G, bem como pessoal de pesquisa e desenvolvimento, e continuará a desenvolver tecnologias de comunicação para 6G. Ainda não decidiu se licenciará tal propriedade intelectual no futuro, acrescentaram.
A LG fornecerá suporte de serviço e atualizações de software para clientes de produtos móveis existentes por um período de tempo que varia de acordo com a região, acrescentou.
As negociações para vender parte do negócio ao Vingroup do Vietnã fracassaram devido a diferenças nos termos, disseram fontes com conhecimento do assunto.
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