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Startups de saúde receberam recorde de investimentos no 1º trimestre

Healthtechs vivem boom com pandemia e regulamentação do mercado

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Beatriz Bevilaqua

É jornalista e comunicadora de startups

Está claro que a pandemia acelerou a digitalização dos negócios como um todo, e sem sombra de dúvidas, um dos setores mais impactados foi a saúde. As carências no mercado e as inovações tecnológicas têm levado ao crescimento vertiginoso das "healthtechs" (startups do setor de saúde) no Brasil e no mundo.

O termo, que tem origem na língua inglesa, é formado pela união da palavra “health” (saúde) com a terminação “tech”, que faz alusão à tecnologia.

Segundo pesquisa recente divulgada pela Distrito, as healthtechs brasileiras receberam um recorde de investimentos no primeiro trimestre deste ano. Ao todo, foram aportados US$ 91,7 milhões em 14 rodadas. O valor já representa 85% do total investido no ano passado e é 324% superior quando comparado ao mesmo período de 2020.

No mundo, as startups em saúde já movimentam em torno de US$ 9 trilhões por ano.

Renato Velloso Dias, presidente-executivo da healthtech dr.consulta - Folhapress

Vários movimentos estão acontecendo fazendo mudanças efetivas no setor. No ano passado, por exemplo, o próprio CFM (Conselho Federal de Medicina) regularizou as teleconsultas no Brasil, a fim de evitar lotações nos hospitais e postos de saúde em todo o país.

Segundo dados do Saúde Digital Brasil, entidade que reúne operadores privados de telemedicina, o serviço online cresceu 316% e evitou milhões de idas ao pronto-socorro —algo fundamental para evitar a disseminação do vírus.

Também houve uma aceleração da digitalização de receitas médicas em todo país. Em 2020, apenas na plataforma Memed, o número de receitas triplicou, saindo de 500 mil, para cerca de 1.7 milhão de receitas mensais. Quanto maior o desafio, maior a exigência por inovação e o país nunca esteve tão colapsado quanto agora.

Um levantamento da CNM (Confederação Nacional dos Municípios) revelou que perdemos 40 mil leitos entre 2009 e 2019, sendo 23.091 pertencentes à rede pública. A

lém disso, segundo estimativas do próprio Ministério da Saúde, a atenção primária, prestada em unidades básicas, poderia resolver 85% das demandas dos pacientes.

É preciso mudanças consistentes na gestão e logística dos serviços de saúde. Voltadas à inovação, às healthtechs levam o Brasil a novas soluções nunca antes priorizadas. Exemplo disso foi o destaque da semana passada à carioca Beep Saúde, empresa que oferece serviços de saúde a domicílio, e que fechou sua rodada com aporte de R$110 milhões, liderada pelo fundo norte-americano Valor Capital Group.

As inovações tecnológicas aplicadas à saúde irão mudar a forma com que as doenças são acompanhadas e tratadas.

Algumas demandas que devem ganhar cada vez mais destaque no mercado são inteligência artificial para melhora na precisão dos diagnósticos, o reconhecimento facial ou por voz, monitoramento remoto por sensores sem fio, realidade virtual para profissionais da saúde e pacientes, wearables devices (dispositivos vestíveis inteligentes), a nanotecnologia para o tratamento do câncer e desenvolvimento de novos tratamentos sem intervenções invasivas, a robótica auxiliando cirurgiões e até mesmo a gamificação para qualidade de vida e melhora do desempenho dos pacientes.

O Brasil é um dos mais importantes e vitais mercados do mundo que mais gasta com saúde. Temos grandes desafios pela frente, como o abismo social e a falta de acessibilidade da população mais carente à saúde com qualidade, além de entraves à regulamentação de novas soluções no mercado.

A crise sanitária parece ser longa e a disrupção na saúde já não é mais uma opção, e sim uma urgência. Que a tecnologia e a ciência salvem cada vez mais vidas no Brasil e no mundo! O nosso futuro depende disso.

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