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Televisa e Univisión se unem e acirram competição no segmento de Netflix e Amazon

Nova empresa nasce com mercado potencial de 600 milhões de pessoas e aquece disputa no setor de streaming

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Jennifer Gonzalez Covarrubias
AFP

As duas maiores redes de televisão de língua espanhola, a mexicana Televisa e a americana Univisión, se fundiram para conquistar um mercado potencial de 600 milhões de pessoas que lhes permitirá competir com gigantes como Netflix, Amazon e Disney.

"É criada uma nova empresa com o nome de Televisa-Univisión, dedicada à produção e distribuição de conteúdos" em espanhol, anunciou a rede mexicana em comunicado.

As duas emissoras de televisão, portanto, apontam para sua "transformação digital para conquistar o mercado espanhol de streaming". Para isso, o novo grupo vai lançar uma plataforma conjunta com um mercado potencial de 600 milhões de telespectadores, detalha o anúncio.

Logo da Televisa, empresa que anunciou fusão com a Univisión - Omar TORRES/AFP

Com isso, as duas empresas pretendem competir com Netflix, Amazon e Disney, que "estão investindo muitos milhões de dólares em produção", declarou Emilio Azcárraga, presidente do Conselho de Administração da Televisa.

Seus parceiros estratégicos serão o fundo de tecnologia SoftBank, Google e o banco de investimentos The Raine Group, especializado no setor de tecnologia.

A Televisa-Univisión alcançará vendas de cerca de US$ 4 bilhões, sublinhou o comunicado, indicando que as duas empresas esperam concluir a operação este ano dependendo do aval dos reguladores do México e dos Estados Unidos.

A Televisa informou também que receberá US$ 4,8 bilhões como parte do negócio.

"Mercado desatendido"

A Netflix lidera amplamente o mercado de vídeo sob demanda no México com 74,6% das assinaturas, seguida pela Amazon Prime Video (8,5%) e pela estreante Disney+ (5,3%), segundo a consultoria The Competitive Intelligence Unit, a Blim —serviço atual da Televisa— tem 1,9% da mercado.

Menos de 10% da população de fala hispânica usa serviço de TV por assinatura contra quase 70% do mercado de fala inglesa, segundo as companhias.

O codiretor do Grupo Televisa, Alfonso de Angoitia, informou nesta quarta-feira que se trata de um "mercado historicamente desatendido por produtores de conteúdo global".

Assim, a união representa uma "oportunidade incrível" para "expandir nosso alcance global como nenhuma companhia de mídia ou transmissão já fez", comentou por teleconferência.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, comemorou a fusão nesta quarta-feira, destacando que a Televisa será a acionista majoritária com 45% da participação, além do aporte do Estado mexicano.

“Nesta sociedade, e por isso vemos com bons olhos, prevalece o investimento dos mexicanos”, disse o presidente de esquerda em sua habitual conferência matinal.

“Expressei a minha satisfação. Só lhes pedi que comprometessem a sua palavra de que (...) a xenofobia ou a discriminação não sejam permitidas e que se respeite a dignidade dos mexicanos” nos conteúdos televisivos, sublinhou López Obrador.

As duas emissoras, com relações comerciais há mais de seis décadas, tinham criado recentemente o TUDN, canal de televisão por assinatura especializado em esportes.

Futebol e notícias

O novo acordo engloba televisão aberta, por assinatura, digital e transmissões ao vivo.

Já a Televisa mantém os negócios de televisão a cabo e internet com as empresas IZZI e Sky, além de programas de futebol e seus noticiários, entre outros.

“A divisão de noticiários não faz parte da fusão Televisa-Univisión. Noticiários será uma nova empresa que atenderá a esta nova Televisa-Univisión. Esta nova empresa de notícias é 100% mexicana”, relatou Azcárraga.

O anúncio destacou que o catálogo de ambas as empresas abrangerá mais de 300.000 horas de programação, o "maior depósito de conteúdo e propriedade intelectual em espanhol".

Em 2020, a estação de televisão mexicana produziu mais de 86.000 horas de conteúdo para entretenimento, esportes, notícias e eventos especiais.

“Com a escala resultante da combinação, a Televisa-Univisión“ aumentará essa capacidade, principalmente no México, o que permitirá “alavancar o lançamento de sua plataforma OTT global [aplicativos que oferecem conteúdo de vídeo pela internet]”, afirmou a Televisa.

Claudia Benassini, pesquisadora de comunicação da Universidade La Salle do México, considera que o novo casamento da televisão tem o desafio de melhorar seu conteúdo para se tornar um concorrente atraente.

Terá que “definir qual o público que pretende atingir e depois fazer uma seleção dos conteúdos mas não só a partir dos ficheiros, terá de produzir conteúdos que sejam realmente atrativos”.

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