Biden diz ter 'fortes motivos' para acreditar que hackers do oleoduto estão na Rússia

Presidente pede que americanos não estoquem petróleo enquanto a Colonial Pipeline retoma as operações após ataque

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Lauren Fedor Myles McCormick Hannah Murphy
Washington, Nova York e São Francisco | Financial Times

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que o governo americano tem "fortes motivos" para acreditar que os hackers por trás do ataque cibernético que fechou o oleoduto Colonial Pipeline estão baseados na Rússia. O presidente também pediu que os americanos não entrem em pânico por faltas esporádicas de combustível.

"Não acreditamos que o governo russo esteve envolvido nesse ataque. Mas temos fortes motivos para acreditar que os criminosos que o cometeram estão vivendo na Rússia. Foi de lá que veio", disse o presidente dos EUA nesta quinta-feira (13).

"Estamos em comunicação direta com Moscou sobre a necessidade imperativa de que os países responsáveis tomem medidas decisivas contra essas redes que pedem resgate", acrescentou ele, notando que esperava discutir o assunto com o presidente russo, Vladimir Putin.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante embarque para o estado de Maryland - Jonathan Ernst - 6.mai.21/Reuters

O sistema de oleodutos de 8.800 quilômetros tem capacidade para 2,5 milhões de barris/dia de combustíveis líquidos como diesel e combustível de aviação, que ele transporta das refinarias na Costa do Golfo para polos no nordeste dos EUA. O FBI indicou que o fechamento foi causado por um ataque com pedido de resgate do grupo de hackers DarkSide.

Especialistas em cibernética afirmam que a Rússia permite tacitamente que bandos desse tipo atuem e não os persegue. Em troca, esses criminosos não atacam empresas russas e podem ser chamados para compartilhar seu acesso aos sistemas das vítimas, disseram os especialistas.

No mês passado, o Tesouro dos EUA acusou um dos serviços de inteligência da Rússia, o FSB, de "cultivar e utilizar" o famoso grupo de pedido de resgate Evil Corp, que já foi alvo de sanções.

O Colonial Pipeline --responsável por transportar quase a metade do combustível para motores usado na costa leste dos EUA -- começou o processo de retomada das operações na tarde de quarta-feira (12), cinco dias depois que foi atingido por um ciberataque que provocou um surto de compra em pânico por motoristas nos estados do sudeste.

Biden disse que o governo espera uma "volta à normalidade região por região a partir deste fim de semana e continuando na próxima semana". Ele pediu que os americanos evitem comprar combustível em pânico e disse que pediu aos governadores e autoridades locais que fiquem alertas para aumentos de preços ilegais.

"Não entrem em pânico, em primeiro lugar. Sei que ver filas nas bombas ou postos sem gasolina pode ser muito estressante, mas esta é uma situação temporária", disse Biden. "Não comprem mais gasolina do que precisam nos próximos dias."

A escassez nos postos de combustível provocou compras em pânico na quinta, com 70% dos postos da Carolina do Norte secos e cerca de metade na Virgínia, Geórgia e Carolina do Sul, segundo o provedor de dados GasBuddy.

A situação em alguns polos urbanos começou a melhorar, porém. O número de postos sem combustível em Atlanta (Geórgia) caiu de um pico de 73% para 68%.

A Colonial disse que fez "progresso substancial" em pôr suas operações de volta nos eixos e que todos os seus mercados começarão a receber combustível à tarde.

Os preços nas bombas continuaram subindo. Os preços médios de combustível subiram para US$ 3,03 (R$ 15,94) o galão (3,78 litros) na quinta, segundo a Associação Americana de Automobilismo (AAA), depois de cruzar a barreira de US$ 3 o galão pela primeira vez desde 2014.

Os futuros de gasolina recuaram com a notícia da reabertura da Colonial, enquanto os corretores previam que o suprimento voltasse ao normal. Os contratos para entrega em junho caíram 7 centavos, para US$ 2,08, seu nível mais baixo desde abril, no pregão de quinta à tarde.

Traduzido originalmente do inglês por Luiz Roberto M. Gonçalves 

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