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Guilherme Athia

Comissão da UE vai desocupar 25 dos 50 prédios que usa em Bruxelas para ser mais verde e digital

Até 2030, meta é reduzir número de escritórios à metade, ampliando home office, economizando dinheiro do contribuinte e cortando emissões de carbono e consumo de energia

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Guilherme Athia

Palestrante, mentor e desenvolvedor da Stakeholder Relations Org, em Bruxelas.

Não faltam inciativas efetivas para que o mundo se torne realmente mais sustentável. O braço executivo da União Europeia —a Comissão, planeja fechar até 2030 metade de seus escritórios e de outras instalações em Bruxelas.

Impulsionada pelos resultados positivos do home office, a iniciativa da Comissão visa, entre outros benefícios, economizar dinheiro dos contribuintes, reduzir o consumo de carbono e aumentar a qualidade de vida dos funcionários.

Como morador em Bruxelas há sete anos, e como especialista em capitalismo de stakeholders (que inclui todas as partes interessadas) e ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança), vejo essa medida como um importante exemplo a ser seguido por outros países. Se é possível aqui, na sede do bloco que representa a segunda maior economia global, é possível também em Brasília ou Washington.

Bandeiras da União Europeia do lado de fora da sede da Comissão Europeia em Bruxelas, na Bélgica - Yves Herman - 26.mai.2021/Reuters/File Photo

Desde o início da pandemia, centenas de viagens diárias a Brasília estão sendo substituídas por videoconferências, e as pessoas continuam trabalhando intensamente. Portanto, sabemos que dá certo. Esta lógica se aplica para as capitais dos estados e para as agências reguladoras, autarquias e outros órgãos da administração pública.

E com planejamento de longo prazo, teríamos resultados ainda mais positivos para a economia, pessoas e meio ambiente ­—um verdadeiro ganha-ganha. Perfeito para quem, como eu, acredita em ESG na prática.

O Comissário Europeu para Orçamento e Administração, Johannes Hahn, disse que a instituição “reduzirá o número de edifícios nos próximos 10 anos” de 50 para apenas 25 em Bruxelas. Hahn disse que esta “política de construção de longo prazo até 2030” visa tornar a Comissão “mais verde”, reduzindo as emissões, e “mais digital”, mantendo a instituição funcionando como prática padrão após o fim da pandemia do coronavírus.

“Como todas as organizações públicas e privadas, agora estamos procurando o equilíbrio mais útil entre o trabalho no escritório e em casa no longo prazo... É a nova norma”, disse Hahn, apontando que “as superfícies de nossos escritórios serão adaptadas ao uso generalizado do teletrabalho”, com detalhes ainda a serem discutidos com os sindicatos.

A reorganização do escritório faz parte de uma nova estratégia de recursos humanos que a Comissão está a elaborar com o objetivo de se tornar um empregador mais flexível e atraente.

Aqui na União Europeia estas grandes decisões são analisadas nos mínimos detalhes —ainda mais quando se trata de um tema tão amplo e delicado. E sempre tudo se inicia com uma consulta aos stakeholders, nesse caso os cerca de 32.000 funcionários da Comissão.

“Fizemos pesquisas e mais de 90% do nosso pessoal é fortemente a favor de ter dois a três dias por semana de teletrabalho”, acrescentou Hahn.

A mudança passa por temas sensíveis, como sigilo das informações, disciplina com os horários de trabalho, pagamento de recursos tecnológicos, custos para adequação de espaços físicos, inclusão de novos indicadores de performance e resultados, comunicação com a supervisão, pares e equipes, treinamento, supervisão e mentoria, entre outros.

Detalhe: na Comissão trabalham europeus de 27 nacionalidades diferentes, que falam 24 idiomas maternos distintos. E eles trabalham em inglês, francês e alemão. Ou seja, é uma torre de babel, só que agora virtual. Vamos incluir o plano de home office já a partir do próximo orçamento —antes que tudo volte ao “velho normal”.

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