Edifício feito de blocos leva 100 dias para ficar pronto em Santa Catarina

Peças são montadas em fábrica e já chegam ao canteiro de obras prontas, com encanamento, fiação e até vidros

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São Paulo

Um prédio comercial de oito andares em Tubarão (SC) foi totalmente construído em apenas 100 dias, incluindo o acabamento interno.

Isso foi possível porque o método de construção do edifício passou longe do canteiro de obras tradicional. O prédio foi criado em blocos, dentro de um galpão de fábrica, que depois foram transportados até o local definitivo. Ali, guindastes fizeram a montagem, como em um jogo de Lego.

A tecnologia é da empresa Brasil ao Cubo, também de Tubarão, que faz construção modular off-site usando estruturas de aço. O edifício comercial, chamado Level, foi o primeiro prédio feito pela companhia, que já tem mais de 150 empreendimentos térreos, incluindo sete hospitais construídos durante a pandemia de Covid-19.

Ricardo Mateus, fundador da Brasil ao Cubo, conta que há no mundo prédios de até 30 andares com essa tecnologia, mas que no Brasil os edifícios deverão chegar a apenas 15 —a limitação não são os blocos de metal, mas os guindastes necessários para a montagem no canteiro de obras.

Os blocos já saem de fábrica prontos, com encanamento, instalações elétricas, porcelanato, vidro e esquadrias.

Em 2020, a empresa fez obras em 14 estados do país, e todos os blocos saíram da fábrica em Santa Catarina.

"Fizemos inclusive um hospital em Porto Velho [RO]. Foram 40 carretas que percorreram 3.700 quilômetros, e a obra ficou pronta em 30 dias", afirma Mateus. "A questão geográfica não é um empecilho."

Folhamercado

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A construção modular adotada pela Brasil ao Cubo é, em média, seis vezes mais rápida do que uma obra comum. Outra vantagem é ecológica: não se usa água no canteiro de obras, e a geração de resíduos é dez vezes menor do que no modelo tradicional.

Segundo Mateus, as edificações da empresa são cerca de 15% mais caras do que uma obra convencional. Isso deve mudar com os planos de construção de uma nova fábrica, ainda sem data prevista, que dará maior escala à produção e ajudará a reduzir os custos.

Por enquanto, o próximo objetivo é criar na fábrica um prédio residencial, que deverá ter 12 andares. O Level, que vai abrigar o escritório da empresa nos últimos dois andares, já está pronto e será inaugurado nesta sexta-feira (28).

Esse tipo de construção não é novidade, mas ainda enfrenta resistência cultural no Brasil, explica a arquiteta e professora do curso de Engenharia Civil da Universidade Mackenzie em Campinas (SP), Larissa Ferrer Branco.

"Existe um certo conservadorismo na indústria da construção civil, muito relacionado à popularidade do concreto armado", afirma. Outros fatores são o desconhecimento sobre o método e a necessidade de profissionais especializados para a montagem.

Ferrer Branco destaca que esse tipo de obra permite que diversas etapas da construção ocorram de forma simultânea e precisa, o que evita desperdícios e retrabalho, e sem interferência das condições climáticas.

A siderúrgica Gerdau comprou 33% da companhia no ano passado, por R$ 60 milhões, o que tem ajudado no crescimento da Brasil ao Cubo, que fechou 2020 com R$ 200 milhões em vendas. Para este ano, a expectativa é atingir os R$ 300 milhões.

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