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McDonald's eleva salários nos EUA na tentativa de atrair trabalhadores

Cadeia de fast-food anunciou nesta quinta (13) que aumentaria salários de empregados em restaurantes controlados diretamente pela companhia

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Matthew Rocco Andrew Edgecliffe-Johnson
Nova York | Financial Times

O grupo McDonald’s está elevando o pagamento por hora de mais de 36,5 mil de seus trabalhadores nos Estados Unidos, em um sinal da crescente pressão que restaurantes e outras empresas estão sofrendo por um aumento de salários e outros incentivos, diante de suas dificuldades para encontrar trabalhadores.

A cadeia de fast-food anunciou nesta quinta-feira (13) que aumentaria, em média, 10% os salários dos empregados em cerca de 650 restaurantes controlados diretamente pela companhia, e que encorajaria os proprietários e operadores de suas franquias, que respondem por 95% da rede de mais de 13 mil unidades do grupo McDonald’s nos Estados Unidos, a também aumentar salários.

A empresa planeja contratar 10 mil novos trabalhadores nos próximos três meses, com a reabertura de unidades depois dos fechamentos relacionados ao coronavírus.

Unidade do McDonald's em Beijing - Wang Zhao - 6.mai.2021/AFP

O aumento de salários surge em um momento no qual empresas do país inteiro enfrentam escassez de mão de obra, mesmo que ainda existam milhões de trabalhadores desempregados nos Estados Unidos depois da desaceleração econômica alimentada pela pandemia.

Em seu mais recente anúncio de resultados, no mês passado, o McDonald’s disse que “um mercado de trabalho muito apertado” nos Estados Unidos estava pressionando os restaurantes que a companhia controla diretamente e suas unidades franquiadas.

A Denny’s, outra cadeia de restaurantes, disse que a escassez de mão de obra era “o principal fator contrário” à expansão do horário de funcionamento das unidades franquiadas da rede. A Domino’s Pizza alertou no mês passado que “a combinação da Covid, vendas fortes, reabertura mais ampla da economia e nível elevado de estímulo governamental está criando um dos ambientes mais difíceis em termos de contratação de pessoal que tivemos em muito tempo”.

Os Estados Unidos tinham 8,1 milhões de postos de trabalho em aberto, uma marca recorde, no final de março, enquanto a atividade econômica continuava a se recuperar, com o declínio no número de casos de coronavírus e a expansão da vacinação. Mas os empregadores só criaram 266 mil postos de trabalho novos em abril, uma forte desaceleração ante o mês anterior, o que gerou debate em Washington sobre o que está causando a escassez de mão de obra. Alguns atribuem o problema à expansão dos benefícios federais.

A luta por atrair novos trabalhadores levou algumas companhias a oferecer salários mais altos e outros benefícios. O salário médio por hora subiu em 0,7% em abril ante o mês anterior, um sinal de que a demanda crescente por mão de obra estava criando uma pressão de alta nos salários, de acordo com o Birô de Estatísticas do Trabalho.

Outras grandes companhias, como a Amazon, Walmart e Costco, revelaram planos de aumentar salários, depois de enfrentar escassez de mão de obra e pressões de ativistas e de alguns legisladores para que aumentem os salários de seu pessoal.

A Amazon anunciou nesta quinta que estava contratando 75 mil pessoas para sua rede de logística e entregas nos Estados Unidos e Canadá. Os postos oferecem um salário médio inicial de mais de US$ 17 por hora, e uma bonificação de US$ 1 mil no momento da contratação.

A Chipotle, uma cadeia de restaurantes de culinária mexicana que espera recrutar 20 mil trabalhadores nos Estados Unidos, anunciou no começo da semana que estava aumentando seus salários de forma a levar sua remuneração média a US$ 15 por hora, até o final de junho. A Darden, companhia que controla as cadeias de restaurantes Olive Garden e LongHorn Steakhouse, anunciou em março que aumentaria os salários de seu pessoal para pelo menos US$ 10 por hora, incluindo gorjetas, e que sua remuneração por hora deve chegar a US$ 12 até janeiro de 2023.

O McDonald’s anunciou que implementaria os aumentos de salários nos restaurantes controlados pela companhia nos próximos meses. Os salários iniciais do pessoal dos restaurantes subirão para pelo menos US$ 11 a US$ 17 por hora, e a faixa inicial dos gerentes iniciantes seria de entre US$ 15 e US$ 20 por hora.

“Junto com nossos franquiados, enfrentamos um ambiente desafiador em termos de contratação, e para nos mantermos por cima precisamos renovar nosso compromisso de oferecer um dos melhores pacotes de emprego do setor”, afirmou Joe Erlinger, presidente da McDonald’s USA, em uma carta aos empregados da companhia.

O McDonald’s vem sendo um dos principais alvos de ativistas que estão pressionando os legisladores a elevar o salário mínimo federal em quase 100%, para US$ 15 por hora.

Em uma série de tuites, a organização ativista Fight for $15 minimizou os aumentos de salário anunciados na quinta-feira e encorajou os trabalhadores a manterem a greve planejada para o dia 19 de maio.

Chris Kempczinski, presidente-executivo do McDonald’s, disse ao Financial Times no ano passado que a empresa não estava fazendo lobby contra essas pressões, mas disse esperar que o aumento viesse em estágios, gradualmente. Ele disse que duvidava que os rivais da companhia seguissem seu exemplo caso ela decretasse um aumento dessa ordem unilateralmente.

Tradução de Paulo Migliacci

Funcionários do McDonald's protestam em Las Vegas em 2019 - Mike Segar - 14.jun.2019/Reuters/File Photo

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