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União Europeia e Índia buscam reforçar parceria

Em cúpula em Portugal, países negociam acordo comercial e aumento da cooperação na área da saúde

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Christian Spillmann Thomas Cabral
Porto | AFP

A União Europeia e a Índia vão estreitar suas relações por ocasião de uma cúpula neste sábado (8) no Porto, em Portugal, com a retomada das negociações de um acordo de livre comércio e aumento da cooperação na área da saúde.

"As expectativas são altas. Por isso estou convencido de que daremos um grande passo. Entre a UE e a Índia há um grande potencial inexplorado", declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, devia juntar-se aos líderes dos 27 países reunidos nessa cúpula informal em Portugal, mas foi forçado a cancelar a sua viagem devido à situação da epidemia, que já matou mais de 230 mil em seu país de 1,3 bilhão de habitantes.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel (à dir.), e o primeiro-ministro português, Antonio Costa, durante encontro no Porto, Portugal
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel (à dir.), e o primeiro-ministro português, Antonio Costa, durante encontro no Porto, Portugal - Violeta Santos Moura/AFP

A reunião por videoconferência, que decorrerá a partir das 13h (9h de Brasília), será concluída com a adoção de uma declaração conjunta e o anúncio da retomada das negociações comerciais.

Produtores de vacinas e considerados "farmácias do mundo", UE e Índia também vão se posicionar sobre a necessidade de respostas globais às próximas pandemias.

"A urgência é produzir mais e ter mais solidariedade", afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron. "Os anglo-saxões devem primeiro acabar com as proibições de exportação", insistiu ele.

"A UE é a única democracia que exporta maciçamente" a sua produção de vacinas, sublinhou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Depois do apoio do governo americano —imitado pelo papa Francisco neste sábado— ao levantamento das patentes das vacinas contra a Covid, Narendra Modi poderia aproveitar a oportunidade para tentar convencer os europeus ainda céticos sobre essa proposta.

Manter a cúpula no nível dos líderes dos 27 "é um forte sinal político para a Índia", garantiu uma autoridade europeia à agência de notícias AFP.

Além da questão sanitária, a China será "o elefante na sala", observou um diplomata. O anúncio da retomada das negociações com a Índia ocorre no momento em que o acordo de investimentos firmado no final de 2020 com Pequim foi suspenso devido a tensões sobre direitos humanos.

"A Índia optou por investir mais na relação com a UE por causa da China e do Brexit, que obriga Nova Déli a não mais considerar Londres como sua única entrada na UE", explicou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

"O anúncio previsto é a retomada oficial das discussões suspensas em 2013, com base no mandato existente, e o objetivo é cobrir todas as áreas do comércio", explicou uma autoridade europeia.

"Não será fácil nem rápido", admitiu. Principalmente porque a UE não vai se esquivar das questões relacionadas aos direitos humanos, garantiu.

"A Índia é um país muito protecionista e, mesmo sendo uma grande democracia, as questões dos direitos humanos são muito delicadas", apontou.

Líderes europeus durante encontro no Porto, Portugal
Líderes europeus durante encontro no Porto, Portugal - Violeta Santos Moura/AFP

Mas a vontade de cooperação é real, e estão previstos anúncios concretos, incluindo um acordo sobre a proteção das indicações geográficas, uma parceria de conectividade com investimentos em transportes e infraestruturas, compromissos de cooperação para a segurança marítima e combate ao cibercrime.

"Isso não significa que UE e Índia formarão um bloco entre os Estados Unidos e a China", alertou, porém, a autoridade europeia.

"A Índia é um país não alinhado, ligado aos Estados Unidos no âmbito do 'Quad' (aliança informal entre EUA, Japão, Índia e Austrália), mas não quer ser um 'parceiro júnior' e neste ponto se aproxima da UE", explicou.

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