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Warren Buffett vê retomada com inflação nos EUA

Berkshire Hathaway está sendo atingida por pressões inflacionárias

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Eric Platt
Nova York | Financial Times

Warren Buffett disse aos acionistas da Berkshire Hathaway no sábado (1º) que está surpreso com a recuperação econômica "em brasa" dos Estados Unidos e advertiu que a companhia está sendo atingida por pressões inflacionárias.

"Estamos vendo uma inflação muito substancial", disse o presidente de 90 anos em sua apresentação aos investidores, realizada virtualmente pelo segundo ano consecutivo por causa da pandemia.

"É muito interessante. Estamos aumentando os preços. As pessoas estão aumentando os preços para nós e está sendo aceito."

Warren Buffett (à esq.) e Charlie Munger, vice-presidente do conselho de administração da Berkshire Hathaway'
Warren Buffett (à esq.) e Charlie Munger, vice-presidente do conselho de administração da Berkshire Hathaway' - Scott Morgan/Reuters

A Berkshire Hathaway, proprietária da seguradora Geico, das ferrovias BNSF e da indústria de tintas Benjamin Moore, relatou lucros robustos de US$ 11,7 bilhões (R$ 63,6 bilhões) de manhã, com algumas divisões revelando aumentos de preços para acompanhar o ritmo do custo das matérias-primas.

"Esta foi uma recessão muito incomum", disse Buffett. "Neste momento, os negócios vão realmente muito bem em muitos segmentos da economia."

As rendas familiares nos EUA tiveram o maior aumento nos registros históricos em março, com a aceleração da expansão econômica do país ajudada pelos estímulos do governo e o mercado de trabalho em cura. Isso causou reverberações por todos os mercados financeiros, com as expectativas de inflação dos investidores durante a próxima década aumentando para um pico de oito anos.

"Isso simplesmente não vai parar", acrescentou Buffett. "As pessoas têm dinheiro no bolso e vão pagar preços mais altos."

Buffett teve de defender suas decisões no último ano, especialmente sua relutância a fazer uma aquisição enquanto outros gestores de ativos punham seu dinheiro para trabalhar. Ele disse que antes da intervenção do Federal Reserve em março a companhia estava enfocada em manter e financiar seus próprios negócios.

Charlie Munger, vice-presidente da Berkshire Hathaway, acrescentou que teria sido loucura esperar uma aquisição no auge da crise.

Buffett advertiu que a companhia continuará lutando para competir em aquisições, um tema constante nas últimas reuniões anuais, particularmente quando outros rivais com amplos fundos entram na briga.

A Berkshire também está agora disputando com as chamadas companhias com propósito específico de aquisição (Spacs na sigla em inglês) enquanto procura alvos para esse fim.

"As Spacs geralmente têm de gastar seu dinheiro em dois anos", disse Buffett. "Se você pusesse um revólver na minha cabeça e dissesse 'você tem de comprar uma empresa em dois anos', eu compraria, mas não seria muito boa."

Buffett também explicou a decisão da companhia de vender sua participação em empresas aéreas no ano passado, medida que foi criticada diante da recuperação que a indústria apresenta. Ele disse que muitas das companhias, que incluíam a American e a Delta, não teriam recebido o mesmo financiamento do governo se fossem apoiadas por uma acionista rica como a Berkshire.

Buffett e Munger foram acompanhados no palco por Greg Abel e Ajit Jain, vice-presidentes da Berkshire, que foram indicados por acionistas como potenciais sucessores dos antigos líderes da companhia.
Mas os investidores que esperavam o mesmo relacionamento especial que caracterizou a relação de Buffett com Munger nas últimas seis décadas ficarão desapontados.

"Não há dúvida que o relacionamento de Warren com Charlie é único e não pode ser replicado por Greg e mim", disse Jain.

Abel se somou a Buffett ao defender o conselho da diretoria de que os acionistas votem duas propostas de acionistas que forçariam a Berkshire a revelar suas iniciativas ligadas à mudança climática e à diversidade e inclusão na força de trabalho.

Abel disse que a grande divisão de energia da companhia que ele preside já deu um forte empurrão para descarbonizar seus negócios. Ele comentou que a unidade planeja fechar 16 fábricas movidas a carvão até 2030 e encerrar todas essas unidades até 2050.

Buffett foi mais enfático ao discordar da proposta. "Na minha opinião é francamente uma burrice", disse ele.

As duas propostas conquistaram o apoio de vários grandes investidores, incluindo o Sistema de Aposentadoria de Funcionários Públicos da Califórnia, a gestora de ativos Neuberger Berman e o Norges Bank, um dos maiores apoiadores da Berkshire. Mais de um quarto dos votos na eleição foram a favor da primeira proposta, sobre a mudança climática.

No entanto, nenhuma delas teve apoio suficiente para superar a força das ações classe A com direitos especiais de Buffett. Isso fez lembrar quem detém o poder no conglomerado de US$ 631 bilhões.

Traduzido originalmente do inglês por Luiz Roberto M. Gonçalves

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