Descrição de chapéu Selic juros copom

BC considerou taxa básica de juros ainda mais alta, mas recuou, diz ata do Copom

Na última quarta, foi anunciada alta de 0,75 ponto percentual na Selic, a 4,25% ao ano

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Brasília

Em meio à escalada persistente dos preços, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central considerou elevar ainda mais a taxa básica de juros na reunião da última quarta-feira (16), mas decidiu manter o ritmo e anunciou alta de 0,75 ponto percentual.

Na ocasião, a Selic foi a 4,25% ao ano, conforme sinalizado em maio.

"Frente à revisão da trajetória de política monetária implícita nas suas projeções, o Comitê avaliou uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários [elevação de juros] já nesta reunião. Considerando os diversos cenários alternativos, o Comitê entendeu que a melhor estratégia seria a manutenção do atual ritmo de redução de estímulos, mas destacando a possibilidade de ajuste mais tempestivo na próxima reunião", disse ata da reunião divulgada nesta terça-feira (22).


O Comitê indicou nova alta na mesma magnitude para a próxima reunião, em agosto, para 5,00%. O texto, contudo, não descartou uma elevação ainda maior caso as expectativas do mercado para a inflação —especialmente de 2022— continuem subindo.

A avaliação do mercado é que o BC abriu caminho para uma elevação de 1 ponto percentual na próxima reunião caso o cenário se deteriore.

A autoridade monetária justificou que decidiu seguir o que havia sinalizado na reunião anterior para acumular informações sobre os próximos dados e as expectativas para a inflação.

Além disso, o BC esclareceu que o cenário pode mudar entre uma reunião e outra e a sinalização sobre os próximos passos do Copom pode ser revista.

"O compromisso inequívoco do Banco Central é com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e os passos futuros da política monetária são livremente ajustados com esse objetivo, conforme novas informações se tornam disponíveis. Desse modo, indicações sobre a trajetória futura dos juros, sejam para a próxima reunião ou para o patamar final, são elementos úteis para a compreensão da função de reação da política monetária", afirmou o texto.

"As informações obtidas no período entre as reuniões do Copom modificam as hipóteses presentes no cenário básico e no balanço de risco, e naturalmente alteram a trajetória futura dos juros", completou.
O Comitê ponderou que, apesar da evolução recente mais positiva, os riscos fiscais continuam implicando um viés de alta nas projeções de inflação.

"Essa assimetria no balanço de riscos afeta o grau apropriado de estímulo monetário, justificando assim uma trajetória para a política monetária menos estimulativa do que a utilizada no cenário básico", destacou.

De acordo com o documento, o Copom considerou diferentes trajetórias para a taxa de juros. "O Comitê observou que, caso não haja mudança nos condicionantes de inflação, elevações de juros subsequentes, sem interrupção, até o patamar considerado neutro implicam projeções em torno da meta de inflação no horizonte relevante".

Isso significa que o BC deve levar a taxa básica até o nível considerado neutro, que não estimula nem contrai a economia. Nas reuniões passadas, a avaliação era que a atividade ainda precisava de estímulo e que esse ajuste seria parcial, ou seja, abaixo da taxa neutra.

Atualmente, a taxa de juros neutra gira em torno de 6,5%.

"Sendo assim, tornou-se apropriada a normalização da taxa de juros para esse patamar. O Comitê decidiu comunicar essa decisão, mantendo a transparência sobre a trajetória de política monetária implícita nas suas projeções e reafirmando que essa visão será sistematicamente reavaliada conforme ocorrem mudanças nos determinantes de inflação ou no balanço de riscos", disse a ata.


Sobre a atividade econômica brasileira, o BC espera "uma retomada robusta da atividade" no segundo semestre com o avanço da vacinação.

" Os membros do Copom discutiram a evolução da atividade econômica doméstica à luz dos indicadores e informações disponíveis. Consideraram que, a despeito da intensidade da segunda onda da pandemia, os últimos dados disponíveis continuam surpreendendo positivamente", trouxe o documento.

Com a recuperação da atividade e as revisões nas expectativas do mercado para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2021, o Copom avaliou que os "riscos baixistas para a inflação" se reduziram significativamente.

Quando a atividade está fraca, a inflação é puxada para baixo porque o consumo cai.

Para os membros do Copom, o nível de ociosidade da economia deve retornar rapidamente ao nível do fim de 2019, mas ainda com efeitos diferentes entre os setores "com consequências para a dinâmica recente e prospectiva da inflação".

"O Copom avalia que os dados de atividade e do mercado de trabalho formal sugerem que a ociosidade da economia como um todo se reduziu mais rapidamente que o previsto, apesar do aumento da taxa de desemprego", ressaltou o texto.

A ociosidade da economia indica o nível de produção em relação à capacidade do setor real. Se a ociosidade é elevada, a economia ainda pode produzir mais com a estrutura atual. Quando ela diminui, indica que a produção está próxima da potência máxima.

O mercado de trabalho é um indicador importante para medir a ociosidade da atividade.

No setor externo, os membros do Copom discutiram sobre os riscos da inflação em países desenvolvidos para os emergentes.

"Para o Comitê, novas discussões sobre o risco de um aumento duradouro da inflação nos Estados Unidos podem tornar o ambiente para as economias emergentes desafiador", afirmou o texto.

Segundo o Copom, a inflação de bens comercializáveis no Brasil foi superior à observada em outros emergentes, mas esse movimento pode se inverter no futuro, criando "um novo risco baixista para a inflação".

"O recente aumento do peso de itens comercializáveis no índice de inflação aumentaria a relevância desse evento", completou.

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