Descrição de chapéu mercado de trabalho

Centro de pesquisa de vencedores do Nobel de Economia chega ao Brasil

J-Pal quer produzir evidências para balizar políticas públicas sobre trabalho

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São Paulo

As condições de ingresso no mercado de trabalho pioraram durante a pandemia, aprofundando desigualdades já existentes.

A necessidade de estratégias e políticas públicas que permitam responder às demandas de trabalhadores por vagas e de empresas por mão de obra é o pano de fundo do trabalho da Joi (Jobs and Opportunity Initiative, ou Iniciativa por Empregos e Oportunidades, em português), projeto do centro de pesquisas J-Pal, que acaba de chegar ao Brasil.

O J-Pal, cuja sigla vem de Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab, tem um histórico de peso. Fundada em 2003 como um centro de pesquisa no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), a organização conecta uma rede mundial de acadêmicos a ONGs (organizações não-governamentais) e autoridades.

Em 2019, os fundadores do J-Pal, Abhijit Banerjee e Esther Duflo, e o professor afiliado Michael Kremer, receberam o prêmio Nobel de Economia pela “abordagem experimental para aliviar a pobreza global”.

Em linhas gerais, o programa começará por um mapeamento de projetos em andamento que possam ser fortalecidos e ganhar escala, de modo a serem replicados pelo país.

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Desemprego no Brasil está no maior patamar desde 2012; moradores de São Paulo fazem fila no restaurante popular Bom Prato - Karime Xavier-06.jan.21/Folhapress

Ao mesmo tempo, um braço acadêmico conduzirá estudos e pesquisas que permitam a criação de um referencial de evidências científicas que possam influenciar debates e a elaboração de políticas públicas. Além dos pesquisadores do J-Pal, o Insper será a instituição parceira na implantação do que a organização chama de avaliações de impacto.

Ao todo, o projeto deverá durar cinco anos. Em uma das etapas, organizações com iniciativas passarão por um tipo de incubação, que começa com aulas gerais sobre o projeto e orientações para avaliações, e depois com assistência mais detalhada para um número menor de organizações.

“Queremos fortalecer o ecossistema de projetos. O J-Pal chega com as ferramentas de avaliações, para auxiliar, para que as iniciativas possam, com dados, influenciar políticas e debates”, diz Paula Pedro, diretora do J-Pal para América Latina e Caribe.

Os projetos que poderão receber financiamento para aplicação em escala nacional ou regional são desde iniciativas mais simples, como cursos para elaboração de currículos atraentes para recrutadores, até programas mais complexos, como linhas de capacitação específicas para as necessidades de empresas. “Queremos identificar quem está fazendo coisas boas”, diz Paula.

Lançado no início de maio, o projeto está hoje em fase de montagem de equipe e definição do modelo de avaliação a ser aplicado no Brasil. A expectativa da diretora do J-Pal é que o primeiro edital para a seleção de projetos seja publicado até outubro.

O trabalho da iniciativa deverá ser guiado por três temas centrais, capacitação e busca por emprego, criação de vagas e o futuro do trabalho.

“A Covid-19 acelerou a necessidade de se discutir a formação. Precisamos fazer uma conexão com a escola, considerando habilidades interpessoais e todas essas mudanças que assistimos em um mundo de trabalhos em plataformas”, afirma Pedro.

Vivianne Naigeborin, superintendente da Fundação Arymax, que também atuará no projeto, diz que os desafios para garantir a inclusão no mercado de trabalho “se agudizaram”. “A crise de exclusão já existia, mas muitas tendências se aceleraram com a pandemia”, diz.

O uso da tecnologia para o trabalho, que permitiu a adoção do home office, aprofundou a exclusão, na avaliação de Vivianne. “[A pandemia] também escancarou a desproteção da informalidade. Precisamos pensar em soluções urgentes”, afirma.

Além da Fundação Arymax, também trabalharão na iniciativa o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), a B3 Social e a Potencia Ventures.

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