Descrição de chapéu Folhainvest

É hora de comprar dólar? Entenda

Cenário é benigno e, para boa parte dos analistas, cotação da moeda americana, que chegou a R$ 5,1410 nesta terça (1º), pode cair um pouco mais

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São Paulo

Desde a máxima de R$ 5,79 atingida neste ano, o dólar recuou cerca de 11% —e tendência de queda iniciada em abril se fortalece. Nesta nesta terça-feira (1º), a moeda caiu 1,47%, a R$ 5,1460, e chegou a ser negociada R$ 5,1410 na mínima, após a divulgação de dados melhores que o esperado para a economia brasileira. O dólar turismo fechou em R$ 5,317 .

Segundo dados do IBGE, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,2% no primeiro trimestre de 2021 e zerou as perdas registradas desde o início da pandemia do coronavírus, surpreendendo positivamente o mercado, que revisou para cima suas projeções para o crescimento econômico em 2021.

No início de março, quando o dólar chegou naquele pico de R$ 5,79, o contexto era outro: o ex-presidente Lula teve suas condenações na 13ª Vara Federal da Justiça Federal de Curitiba anuladas pelo ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), o que o deu o direito de se candidatar nas próximas eleições.

Cédulas de dólar
Dólar chegou a ser cotado a R$5,1410 nesta terça (1º) - Gabriel Cabral/Folhapress

Desde então, a recuperação das economias de Estados Unidos e China, a alta no preço das commodities e sinais de um impacto menor do que o esperado da pandemia na economia brasileira fizeram o real se fortalecer ante o dólar.

Além disso, o Banco Central deu início a um ciclo de alta nos juros. A Selic que estava na mínima histórica de 2% ao ano foi para 3,5%. Segundo estimativas do mercado, deve terminar o ano em 5,75%.

Juros mais baixos levam a uma queda do dólar ante o real pelo carry trade, prática de investimento em que o ganho está na diferença do câmbio e dos juros. Nela, o investidor toma dinheiro a uma taxa de juros menor em um país —no caso, os Estados Unidos— para aplicá-lo em outro, com outra moeda, onde o juro é maior, como o Brasil.

Com o juro americano próximo de zero, acontece uma entrada de dólares no Brasil, o que reduz a taxa de câmbio.

"O cenário mundial e o brasileiro mudou. Está completamente diferente. Agora há otimismo, e o dólar vai ficar mais perto de R$ 5", diz Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.

Ele prevê uma queda para R$ 5,10 ainda esta semana, então aconselha que os investidores aguardem para comprar a divisa. "O dólar refrescou, mas ainda está exagerado", diz Nagem.

João Leal, economista da Rio Bravo Investimentos, também aconselha adiar a compra de dólares.

“O curto prazo é positivo, e o real ainda deve ter apreciação. Commodities devem se manter em alta e a política monetária está preocupada com a inflação. Temos uma janela positiva pros investidores externos”, diz Leal.

Segundo ele, o câmbio de equilíbrio considerando o cenário macroeconômico está perto de R$ 4,50, mas a moeda não deve voltar a este patamar no curto prazo, dadas as eleições presidenciais em 2022, o atraso na vacinação no Brasil e a incerteza fiscal.

Por outro lado, há quem veja uma oportunidade de compra.

“Após a euforia o mercado tende a voltar à racionalidade. O viés é de queda do dólar, mas não nesta velocidade”, diz Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.

Segundo ele, o dólar tende a voltar para a casa dos R$ 5,20 no curto prazo.

​“O dólar tende a ir para a casa dos R$ 5, mas ainda tem alguns fatores a serem superados como o controle da inflação e as reformas pendentes”, diz Velloni.

“Quando você tem uma desvalorização de um ativo sem razão muito evidente, é uma oportunidade de compra, mas é difícil avaliar se está barato ou não. Depende do propósito [do investidor], sempre respeitando o perfil de risco”, afirma Bruno Mori, planejador financeiro CFP pela Planejar.

Segundo o especialista, o investidor não deve fazer todo o aporte planejado no ativo de uma vez, caso ele caia ainda mais nos próximos dias.

“É importante separar uma parte da carteira para moedas fortes. Além do dólar, tem o euro, e outros ativos atrelados ao dólar”, diz Mori.

Para ele, a queda desta terça é uma possibilidade de compra para o investidor.

“Se você olha para a economia, com o fator inflação influenciando dados do PIB e do Banco Central, não é motivo para tanto otimismo, a reação é exagerada. O desemprego ainda está alto. É preciso ter um otimismo cuidadoso”, afirma o planejador.

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