Descrição de chapéu Financial Times inflação

Inflação nos EUA sobe em ritmo mais alto desde 2008

Preços ao consumidor subiram 5% em maio, ante o mesmo período do ano passado

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Mamta Badkar
Nova York | Financial Times

Os preços ao consumidor (inflação) dos Estados Unidos tiveram sua maior aceleração em quase 13 anos, em maio, quando a demanda reprimida se somou a preços mais altos de produtos para alimentar preocupações sobre pressões inflacionárias.

Os preços ao consumidor subiram em 5% no mês passado, ante maio de 2020, anunciou o Serviço de Estatísticas do Trabalho americano na quinta-feira (10). Isso representa a alta mais forte desde a aceleração de 5,4% em agosto de 2008, e se compara aos 4,2% de alta registrados em abril.

Excluindo itens voláteis como alimentos e energia, o chamado IPC subjacente subiu em 3,8% em maio, ante o mesmo mês em 2020, depois de uma alta de 3% em abril.

Embora a alta recente de preços possa ser atribuída parcialmente ao nível muito baixo de inflação registrado durante a pandemia do coronavírus, outras causas para ela foram os preços em alta de produtos e a demanda crescente por carros para locação, acomodações em hotéis e passagens aéreas, com a reabertura da economia dos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante discurso no estado de Delaware - Kevin Lamarque - 4.jun.21/Reuters

O índice de preços de caminhões e carros usados teve alta de 7,3% em maio, e responde por cerca de um terço da alta na inflação. Os preços dos carros usados dispararam devido a uma escassez de semicondutores que prejudica a produção de carros novos.

Os dirigentes do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, vêm sendo mais tolerantes com a inflação em parte porque os preços ao consumidor foram modestos por muito tempo, a despeito da política monetária frouxa.

O Fed afirmou repetidamente que a alta recente da inflação provavelmente seria transitória, e não duradoura. Minutas da reunião do comitê de open market do banco central em abril mostram que os integrantes mantinham uma abordagem relativamente otimista com relação à inflação.

Mas Gregory Daco, economista chefe da consultoria Oxford Economics para o mercado dos Estados Unidos, disse que embora alguns dos fatores que estão empurrando a inflação a uma alta –por exemplo efeitos de base e a alta nos preços de energia– devam se dissipar, outros seriam “persistentes”.

Há quem acredite que o Fed tenha subestimado o risco de uma alta da inflação, e esses críticos incluem legisladores do Partido Republicano.

“O medo de inflação é como a dor fantasma em um membro amputado. O problema foi eliminado, mas a dor persiste, e persiste porque o medo é lembrado mesmo depois que o membro se foi”, disse James Sweeney, economista-chefe do banco Credit Suisse.

Ele disse que havia sinais de que a demanda estava respondendo à alta de preços da maneira normal, e apontou como exemplo para uma queda nos pedidos de financiamento imobiliário.

“Isso é prova de que não vivemos uma alta da inflação causada por expectativas sérias”, ele afirmou.

Traduzido originalmente do inglês por Paulo Migliacci

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