Descrição de chapéu Itaú

Itaú prevê executar compra de fatia adicional da XP no início de 2022

Banco aguarda autorização do BC para levar 11,38% das ações da concorrente

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São Paulo

O Itaú Unibanco estima que a compra de 11,38% do capital da XP se materialize no primeiro trimestre de 2022.

Pelo acordo firmado entre as duas empresas em 2017, quando o banco comprou 49,9% do capital social da XP, o Itaú compraria mais 12,5% em 2022, já que o plano era assumir o controle da corretora ao longo do tempo, o que foi vetado pelo Banco Central à época.

Por questões de aumento de capital da XP, a fatia atualmente corresponde a cerca de 11,38% do capital da companhia, explica o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho.

"[A operação] depende do lucro de 2021 da XP, que é o que define o preço. Originalmente, o valor de compra dessa participação foi negociado a 19 vezes o lucro. Já submetemos ao Banco Central e está sujeito à aprovação”, afirmou o executivo durante o Itaú Day, evento do banco voltado a acionistas nesta quarta-feira (2).

André Rodrigues
André Rodrigues, diretor de Banco de Varejo, Canais Digitais e UX, Produtos e Franquias PF e PJ, Seguros e CRM do Itaú Unibanco - Reprodução

O banco também trabalha na cisão da participação original na XP, hoje de 41,05%. Com a aprovação do Fed (banco central americano) na segunda (31), as ações deixaram de ser do Itaú Unibanco e passaram a ser da XPart, empresa criada para alocar os papéis e que deve ser incorporada pela XP em 120 dias.

No processo, os acionistas do Itaú Unibanco devem receber as ações da XP na mesma proporção em que participam do capital do banco no Brasil. Ou seja, caso o investidor tenha 1% das ações do Itaú, receberá 1% de 41,05% dos papéis da XP.

Nos últimos anos, Itaú e XP adotaram uma postura agressiva na concorrência, com provocações em peças de publicidade. Neste Itaú Day, mais descontraído, André Rodrigues, diretor de varejo, canais digitais, produtos e franquias e seguros do banco, vestiu um colete, peça de roupa que ficou atrelada à imagem da XP, por cima da camisa azul clara vista nos demais diretores.

Em 2020, inclusive, a corretora fez uma promoção. O cliente que fizesse uma TED do Itaú para a XP ganharia um colete da XP de brinde.

Segundo Maluhy Filho, a participação do banco na XP, que ele define como um investimento financeiro, não fez com que o banco deixasse de investir em sua própria plataforma de investimentos.

Hoje, o Itaú tem cerca de 12 escritórios de assessoria de investimentos em funcionamento, estratégia utilizada pela XP para expandir seu negócio.

"Com o benefício dos autônomos e a vantagem dos colaboradores serem CLT, conseguimos atrair bastante gente para esses escritórios. Nosso objetivo é expandir e talvez chegar a 90 escritórios ao fim do ano no Brasil inteiro", diz o executivo.

O Itaú também projeta aquisições e parcerias com empresas de menor porte. "Isso vai acontecer e fazer parte da nossa agenda. Temos estudado casos. Vocês talvez vejam o banco mais ativo nisso”, afirmou Maluhy Filho mencionando fintechs.

Durante o evento, executivos transmitiram o objetivo de digitalizar o banco para competir com fintechs e bancos digitais. Recentemente, contratou 4.000 profissionais de TI (tecnologia da informação).

O Itaú planeja ter 50% de sua operação na nuvem no próximo ano, como parte de um contrato de dez anos com a AWS (Amazon Web Services), empresa de computação na nuvem da Amazon. Já funcionam dessa maneira as operações de Pix e cartão de crédito.

Os executivos também teceram críticas à regulação distinta para bancos e fintechs, que muitas vezes acabam realizando as mesmas operações e disputando o mesmo mercado, chamando-a de desvantagem competitiva.

"Queremos ser tratados com o mesmo nível de regulação para todos", disse Maluhy Filho.

Projeções

O crescimento da economia brasileira acima do previsto pelo mercado deve levar a um melhor resultado do Itaú neste ano. Em 2020, o resultado líquido caiu 34,6% na comparação anual, para R$ 18,5 bilhões.

Nesta terça (1º), foi divulgada uma alta de 1,2% no PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre na comparação com os últimos três meses de 2020. Em relação ao mesmo período do ano passado, o PIB cresceu 1,0%, primeira taxa positiva nessa comparação desde o fim de 2019.

“2021 tem se mostrado um ano bem mais favorável em termos de resultado. De fato, o PIB do primeiro trimestre surpreendeu positivamente. Esperávamos para o ano 4% e revisamos para 5%. Devemos soltar novo cenário na semana que vem”, afirma Maluhy Filho.

O executivo também disse que há uma tendência de crescimento da carteira de crédito com o avanço do PIB e taxas de juros historicamente baixas.

Segundo cálculos do economista-chefe do banco, Mário Mesquita, há um carrego estatístico de 4,9%, o que sinaliza que o PIB anual, mesmo que a economia não cresça nos próximos trimestres, fique próximo de 5%.

Maluhy Filho ainda não vê impacto relevante da crise hídrica e de uma possível terceira onda da pandemia de Covid-19 no país no PIB deste ano. Para 2022, prevê uma forte desaceleração, com crescimento perto de 2%, com menos expansão fiscal, normalização de preço de commodities e menor crescimento global.

“A maior política econômica, sanitária e social é a vacinação. Quanto mais protegida a população, maior o consumo. Há uma poupança reprimida em função de menores gastos durante a pandemia”, disse o presidente do banco.

Com o eventual fim da pandemia, o Itaú planeja um sistema híbrido de trabalho, combinando o home office com o trabalho presencial nos escritórios. O banco, inclusive, já devolveu alguns prédios e andares que alugava, concentrando operações em edifícios próprios. Hoje, a companhia tem 55 mil colaboradores trabalhando de forma remota.

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