MP da Eletrobras é 'onerosa', mas melhor que nada, diz Salim Mattar, ex-secretário de Guedes

Associação de funcionários da estatal diz que ainda tentará reverter privatização na Justiça

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Rio de Janeiro

Ex-secretário de Desestatizações e Privatizações do governo Jair Bolsonaro, o empresário Salim Mattar disse nesta segunda-feira (21) que o texto sobre a privatização da Eletrobras aprovado pelo Congresso é "oneroso e aleijado", mas é melhor do que nada.

Mattar deixou o governo em agosto de 2020, insatisfeito com o ritmo das privatizações no governo ao qual aderiu a convite do ministro da Economia, Paulo Guedes. Após a aprovação da primeira grande privatização do governo, ele lamentou o resultado final.

"Infelizmente a Câmara e o Senado descaracterizaram a proposta original enviada pelo governo e a transformaram num projeto oneroso e aleijado", disse, em publicação em uma rede social. "Mas antes isso do que nada", concluiu.

Salim Mattar, ex-secretário de Desestatizações e Privatizações - Amanda Perobelli - 29.jan.2019/Reuters

Apesar das críticas sobre os altos custos dos jabutis incluídos pelo Congresso no texto original, membros do governo foram às redes sociais comemorar a aprovação. "Governo fazendo história e voando na economia", afirmou o ministro das Comunicações, Fábio Faria.

Derrotada em sua proposta de liberalização do mercado, que chegou a ser incluída pelo Senado mas foi retirada pela Câmara, a Fiesp reforçou críticas sobre a possibilidade de aumento na conta de luz, estimando um custo adicional de R$ 300 bilhões nos próximos anos.

A emenda do Senado estabelecia um cronograma para que todos os brasileiros pudessem, até 2026, escolher seu fornecedor. Era criticada por distribuidoras de energia e por especialistas, por atropelar a reforma do setor em debate no Congresso.

Para a Fiesp, a medida amenizaria os custos adicionais impostos pela MP. "Apenas com liberdade de escolha e competição por preço, os consumidores colherão algum efeito positivo deste processo de capitalização da Eletrobras", disse a entidade.

Assim como os partidos de oposição, a Aeel (Associação dos Empregados da Eletrobras) ​promete ir à Justiça para tentar derrubar a privatização. A associação já foi ao TCU (Tribunal de Contas da União) questionar a constitucionalidade da MP e agora vai apelar ao STF (Supremo Tribunal Federal).

"Na nossa avaliação é inconstitucional por vários motivos e agora enfiaram um monte de jabutis que a gente vai questionar", disse o diretor da entidade Emanuel Mendes Torres. "A privatização, se ocorrer, vai ser só no ano que vem. Até lá, tem muita água pra rolar no campo jurídico."

A privatização já é alvo de duas ações diretas de inconstitucionalidade no STF, ambas movidas por partidos de oposição ao governo Bolsonaro. As duas questionam a votação em regime de urgência.

A inclusão dos jabutis levou antigos defensores da privatização a se posicionarem contra o texto aprovado, como a economista Elena Landau, que comandou o programa de privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso, e o ex-diretor das agências que regulam os setores de energia e águas Jerson Kelman.

O movimento Unidos pela Energia, que reúne 45 associações ligadas à indústria e ao setor elétrico, estimou na quinta (17), após a aprovação do texto no Senado, que a MP custaria R$ 84 bilhões aos consumidores, entre gastos adicionais com os jabutis e impostos.

A Abegás (associação de distribuidoras de gás canalizado), por sua vez, comemorou o resultado e afirmou que a a contratação de 8 GW de termelétricas a gás natural, item aprovado na MP, "representa um passo fundamental para acelerar a necessária integração entre o setor elétrico e o setor de gás natural."

"A MP irá ainda permitir mais previsibilidade e segurança energética a todos os consumidores, facilitando novos investimentos produtivos, especialmente nas localidades onde serão construídas as novas infraestruturas", afirmou a associação.

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