Descrição de chapéu Folha ESG sustentabilidade

Pandemia de Covid-19 criou revés nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Relatório aponta que Brasil é um dos países com maior retrocesso, ao lado de Venezuela e Tuvalu

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São Paulo

A pandemia da Covid-19 representou o primeiro grande revés no progresso de países rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) desde que eles foram adotados em 2015. E o Brasil é uma das nações mais atingidas nessa correlação.

No ano de 2020, caiu a pontuação média global do Índice DS em relação ao ano anterior. A queda foi a primeira da série histórica do índice calculado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (SDSN), presidida pelo economista Jeffrey Sachs, diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade Columbia (EUA).

Segundo o relatório da SDSN de 2021, o retrocesso em relação aos ODS foi puxado, principalmente, pelo aumento das taxas de pobreza e pela alta do desemprego na esteira da disseminação do novo coronavírus, que teria afetado três dimensões do desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental.

Segundo Sachs, principal autor do relatório, essa é a primeira vez que os ODS sofrem perdas, o que torna a pandemia da Covid-19 não só uma emergência sanitária sem precedentes como também uma crise do desenvolvimento sustentável.

“Para retomar o progresso dos ODS, os países em desenvolvimento precisam de um aumento significativo de espaço fiscal por meio da reforma tributária global e da expansão do financiamento dos bancos multilaterais de desenvolvimento”, afirmou.

“Os gastos fiscais devem apoiar as seis principais transformações dos ODS: educação de qualidade para todos, cobertura universal de saúde, energia e indústria limpas, agricultura e uso da terra sustentáveis, infraestrutura urbana sustentável e acesso universal a tecnologias digitais.”

Os ODS são 17 metas integradas elaboradas pela Organização das Nações Unidas (ONU) seis anos atrás, num chamado global para que países adotassem medidas progressivas rumo à erradicação da pobreza, proteção do planeta e garantia de paz e prosperidade. O prazo é 2030.

O Índice ODS traz três países nórdicos no topo do seu ranking —Finlândia, Suécia e Dinamarca— ao mesmo tempo em que indica que mesmo essas nações, além de estarem um tanto distantes dos objetivos em si, podem gerar efeitos ambientais e socioeconômicos negativos em outros territórios, seja por meio de comércio ou de cadeias produtivas não-sustentáveis.

Entre os 165 países listados no índice, o Brasil ocupa a 61ª posição e é um dos três países, ao lado de Venezuela e Tuvalu, que apresentaram maior declínio em suas performances sobre os ODS. No extremo oposto, os países que mais progrediram em ODS foram Bangladesh, Costa do Marfim e Afeganistão.

Entre os itens nos quais o Brasil apresenta desafios considerados “enormes” pelo relatório estão saúde e bem-estar, redução das desigualdades, trabalho decente e crescimento econômico, consumo e produção responsável, e paz, justiça e instituições robustas. O únicos dos 17 objetivos considerado já atingido pelo país é o fornecimento de energia limpa a preços acessíveis. Com a crise hídrica anunciada para este ano, este pode ser um novo retrocesso ainda não computado.

“O Brasil está testemunhando os efeitos de uma liderança nacional catastrófica, uma dramática crise de saúde e um crescimento econômico muito lento. Como resultado, estamos vendo aumento da pobreza, desemprego severo e aumento da renda e da desigualdade socia”, avalia o cientista político Robert Muggah, diretor de pesquisa do Instituto Igarapé.

"Quando se trata de desenvolvimento sustentável, o Brasil é um dos países com pior desempenho do mundo desde 2015 e até hoje. O que torna a situação tão trágica é que muitas dessas tendências de queda poderiam ter sido evitadas com ações mais competentes e responsáveis ​​do governo e do setor privado”, avalia Muggah, que é especialista em segurança e desenvolvimento.

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