Acordo de US$ 26 bi com a Johnson & Johnson em caso de opioides será divulgado nesta semana

Três maiores distribuidoras de medicamentos dos EUA e a empresa teriam ajudado a alimentar uma epidemia nacional do fármaco

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Reuters

Secretários de Justiça e advogados de governos locais nos Estados Unidos deverão revelar nesta semana um acordo notável, de US$ 26 bilhões, para resolver denúncias de que as três maiores distribuidoras de medicamentos do país e a fabricante Johnson & Johnson ajudaram a alimentar uma epidemia nacional de opioides, segundo pessoas inteiradas do assunto.

Sob a proposta de acordo, as distribuidoras McKesson Corp., Cardinal Health Inc. e AmerisourceBergen Corp. deverão pagar ao todo US$ 21 bilhões, enquanto a Johnson & Johnson disse que pagará US$ 5 bilhões.

Mais de 40 estados deverão apoiar o acordo, segundo a fonte, enquanto outros poderão seguir com seus próprios processos.

Os estados terão 30 dias para decidir se aderem ao acordo global e depois mais tempo para tentar convencer suas cidades e condados a participarem do acerto, disseram as fontes.

Unidade da Johnson & Johnson no estado da Califórnia, nos Estados Unidos - Mark Ralston - 26.jun.21/AFP

A McKesson disse previamente que dos US$ 21 bilhões que as três distribuidoras pagarão em 18 anos mais de 90% serão usados para remediar a crise de opioides enquanto o restante será usado para pagar taxas de advogados dos queixosos e custas processuais.

Vários estados aprovaram leis ou chegaram a acordos com suas subdivisões políticas para decidir como o dinheiro dos acordos seria usado no caso de um acordo nacional.

Os termos financeiros estão alinhados com revelações anteriores das três distribuidoras e da Johnson & Johnson sobre o que elas esperam que terão de pagar depois das longas negociações.

"Continua havendo progresso no sentido de finalizar este acordo, e continuamos comprometidos a fornecer certeza para as partes envolvidas e assistência crítica às famílias e comunidades necessitadas", disse a J&J em um comunicado.

A McKesson não quis comentar. As outras duas distribuidoras não responderam imediatamente a um pedido de comentários. Elas negaram previamente ter agido com erro.

Quase 500 mil pessoas morreram por overdose de opioides nos EUA de 1999 a 2019, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC na sigla em inglês). A crise dos opioides pareceu se agravar durante a pandemia de Covid-19.

Na semana passada, o CDC disse que dados provisórios mostram que 2020 foi um ano recorde de mortes por dose excessiva de drogas, com 93.331, 29% a mais que no ano anterior. Os opioides estavam envolvidos em 74,7% dessas mortes, ou 69.710.

As distribuidoras foram acusadas de controles ineficazes que permitiram que quantidades maciças de analgésicos aditivos fossem desviados para canais ilegais, devastando comunidades, enquanto a J&J foi acusada de minimizar o risco de dependência química.

Governos disseram que o dinheiro será usado para financiar tratamento contra a dependência, programas de apoio a famílias, educação e outras iniciativas de saúde para enfrentar a crise.

Outros acordos estão sendo negociados, com os fabricantes de opioides Purdue Pharma e Mallinckrodt Plc agora trabalhando com os tribunais de falências para conseguirem apoio para acordos no valor de mais de US$ 10 bilhões e US$ 1,6 bilhão, respectivamente.

As distribuidoras estiveram no centro de dois julgamentos nacionais no litígio, um em Nova York e um na Virgínia Ocidental.

Argumentos finais são esperados para o julgamento da Virgínia Ocidental na próxima semana. Comunidades locais da Virgínia Ocidental decidiram não entrar no acordo nacional proposto e tentarão um por conta própria.

Traduzido originalmente do inglês por Luiz Roberto M. Gonçalves

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