Descrição de chapéu Financial Times União Europeia

Atividade econômica da zona do euro floresce, mas começa a desacelerar nos EUA e Reino Unido

Índice PMI aponta que a alta nos contágios pela Covid e a escassez de trabalhadores dificultam a recuperação transatlântica

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Martin Arnold Valentina Romei
Frankfurt e Lucca | Financial Times

As empresas da zona do euro reportaram a maior expansão de atividades em mais de duas décadas, mas as empresas dos Estados Unidos e do Reino Unido perderam ímpeto devido às dificuldades de suprimento e à escassez de mão de obra.

O índice composto dos executivos de compras (PMI) da União Europeia, compilado pela IHS Markit, que tem por base uma pesquisa entre empresas, subiu para 60,6 pontos em julho, de 59,5 em junho, o que sustenta as esperanças dos economistas quanto a uma rápida recuperação no terceiro trimestre a despeito do avanço do contágio pela variante delta do coronavírus.

Um resultado superior a 50 pontos indica que a maioria das empresas pesquisadas reportou expansão de atividades com relação ao mês anterior.

O resultado do índice PMI na zona do euro foi o mais alto desde julho de 2000, e deixou para trás as expectativas dos economistas consultados pela Reuters, que previam um resultado de 60 pontos. Os pedidos das companhias da zona do euro cresceram em seu ritmo mais rápido em 21 anos, no período.

“A zona do euro está desfrutando de um período de crescimento no terceiro trimestre, com o relaxamento das medidas de combate ao vírus propelindo o crescimento ao seu ritmo mais rápido em 21 anos”, disse Chris Williamson, economista chefe da IHS para a área de negócios.

Em contraste, nos Estados Unidos e no Reino Unido as empresas reportaram desaceleração no ritmo de expansão rápido que haviam registrado recentemente, por conta de apertos no suprimento, alta no número de contágios, demanda discreta dos consumidores e escassez de trabalhadores, fatores que atrapalharam a recuperação econômico a despeito do relaxamento recente das restrições associadas à Covid-19.

O índice PMI dos Estados Unidos caiu pelo segundo mês consecutivo, para 59,7 pontos em julho, abaixo das expectativas dos economistas e da marca de 63,7 pontos atingida no mês anterior, embora o resultado continue a ser alto em base histórica, de acordo com a IHS Markit.

O setor de serviços “registrou nova perda de ímpeto de crescimento, em meio à escassez de mão de obra”, disse a IHS Markit, ainda que a atividade da indústria dos Estados Unidos tenha se acelerado ligeiramente a despeito do desordenamento generalizado nas cadeias de suprimento. O custo de insumos e os preços de venda nos Estados Unidos caíram pelo segundo mês consecutivo, a empresa informou, mas algumas empresas reportaram hesitação dos consumidores diante do aumento de preços.

“Pressões inflacionárias e problemas de suprimento —em termos de escassez tanto de materiais quando de mão de obra— continuam ainda assim a ser grandes fontes de incerteza entre as empresas, assim como a variante delta, e tudo isso reduziu o otimismo das empresas quanto ao restante do ano ao ponto mais baixo visto até agora em 2021”, disse Williamson.

O índice PMI do Reino Unido, publicado pela IHS Markit e Chartered Institute of Procurement and Supply, caiu a 57,7 pontos em julho, ante 62,2 no mês anterior, embora ainda esteja em território expansivo.

O número do Reino Unido ficou abaixo da projeção média de 61,7 pontos dos economistas consultados pela Reuters, mas continua bem acima de sua média histórica de longo prazo. Williamson disse que a alta no número de contágios pelo coronavírus no Reino Unido havia “atenuado a demanda dos consumidores, desordenado as cadeias de suprimentos e causado escassez generalizada de pessoal, e lançado uma sombra pessimista sobre as perspectivas”.

A pesquisa sobre a zona do euro também encontrou sinais iniciais de que a recuperação econômica pode estar perto de perder o gás. As expectativas das empresas para os próximos 12 meses caíram à sua marca mais baixa em cinco meses, ante o pico histórico atingido em junho.

Ricardo Amaro, economista sênior da consultoria Oxford Economics, disse que isso demonstrava “ventos adversos renovados associados ao vírus que causaram deterioração na perspectiva de riscos”.

Muitas empresas da zona do euro estão enfrentando dificuldade para atender à demanda ampliada, que está causando escassez de materiais como semicondutores e aço e empurrando uma alta de preços de bens e serviços.

O PMI da indústria da zona do euro caiu a 62,6 pontos, sua marca mais baixa em quatro meses, mas continua em nível historicamente elevado e indica uma expansão continuada da atividade, mas mostra mais sinais de que sofrerá impacto dos gargalos de produção e do alongamento dos prazos de entrega.

Em contraste, o setor de serviços de zona do euro reportou sua alta de atividade mais forte em 15 anos. O PMI dos serviços subiu a 60,4 pontos ante 58,3 no mês anterior.

Os dados sobre a produção da zona do euro no segundo trimestre, que devem ser publicados na semana que vem, provavelmente mostrarão que o bloco econômico voltou ao crescimento depois da recessão de duplo mergulho no começo do ano, e os números do PMI indicam que a recuperação prossegue no terceiro trimestre, de acordo com economistas.

Tradução de Paulo Migliacci

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