Bolsa muda a metodologia do ISE; veja mais sobre ESG no mundo dos negócios

Índice vai mostrar a pontuação das empresas e permitir que o investidor compare as companhias em rankings

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Belo Horizonte

A B3, Bolsa de Valores brasileira, anunciou mudanças na metodologia do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), que reúne companhias com boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa.

Agora, o indicador vai divulgar a pontuação das empresas e permitir que o investidor compare as companhias em rankings gerais, setoriais e em relação a cada pilar ESG isoladamente. Todas as notas serão públicas, inclusive a das organizações que, após a inscrição, não forem selecionadas para a carteira do ISE. Na versão anterior, não havia divulgação de nenhuma pontuação.

Além disso, o novo questionário a ser respondido pelas empresas será específico para o setor em que ela está inserida, o que deve facilitar o preenchimento e permitir a comparabilidade das respostas em cada grupo econômico.

O questionário considera dimensões como políticas trabalhistas, governança corporativa, capital social e iniciativas em relação às mudanças climáticas. ​

Outra mudança é em relação à quantidade de participantes, que deixa de ser limitada a apenas 40 empresas. Permanece, porém, o critério de que só podem se inscrever as que aparecem entre as 200 ações mais líquidas na Bolsa.

A nova metodologia passa a incorporar critérios ESG usados internacionalmente, como o CDP (Carbon Disclosure Project) —que avalia políticas relacionadas a mudanças climáticas— e a RepRisk, que indica o risco reputacional de uma empresa.

A partir de 2021, torna-se um critério a empresa ter nota C ou superior no questionário do CDP e índice RepRisk menor ou igual a 50 pontos.

Para Ana Buchaim, diretora executiva de pessoas, marketing, comunicação e sustentabilidade da B3, a nova metodologia do ISE reforça o papel da B3 na indução dos princípios ambientais, sociais e de governança dentro das empresas. "Esse é o nosso papel, a gente quer promover o avanço da agenda ESG", afirma.


AMADURECENDO

Um levantamento do Bank of America mostrou que os investimentos ESG permanecem baixos na América Latina, mas têm subido de forma rápida. Segundo o estudo, quase 90% dos investidores consultados dizem já usar critérios ESG para tomar decisões de investimento ou planejam fazê-lo num futuro próximo.

No Brasil, a situação não é diferente do resto da região. Os ativos dedicados exclusivamente a ESG são pequenos, mas estão aumentando, com os fluxos positivos acelerando desde 2019 para mais de R$ 5 bilhões. O valor, porém, ainda é bem inferior aos fluxos em fundos de ações (+ R$ 190 bi).

Com Reuters


LIMPEZA

O Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (EBRD) vai deixar de investir em projetos de petróleo e gás como parte do objetivo de alinhar suas atividades às metas do Acordo de Paris. Em contrapartida, a instituição vai aumentar o financiamento para energia renovável.

O anúncio segue uma promessa feita no ano passado pelo banco de aumentar os investimentos verdes para mais de 50% até 2025.

O EBRD, que é controlado majoritariamente pelas principais potências econômicas do G7, investe em 38 economias, incluindo países como Estônia, Egito e Marrocos, que são grandes dependentes de combustíveis fósseis.

Com Reuters


DÍVIDA VERDE

Um relatório do IIF (Instituto de Finanças Internacionais) mostrou que a emissão global de dívida sustentável deve ultrapassar a marca do US$ 1 trilhão em 2021, com destaque para os green bonds (títulos verdes).

Com o ESG ganhando tração no ambiente corporativo, a emissão de títulos para arrecadar recursos vinculados a metas sociais e ambientais tornou-se uma opção cada vez mais popular entre as empresas.

De acordo com o IIF, as vendas de dívida sustentável no primeiro semestre deste ano ​​mais do que dobraram em relação a 2020. Já são mais de US$ 680 bilhões, valor próximo dos US$ 700 bi emitidos durante todo o ano passado.


RECALCULANDO

Após o primeiro rebalanceamento do índice S&P/B3 Brazil ESG, o ETF do BTG Pactual (ESGB11) ganhou 40 novas empresas na carteira. Entre as novas participantes estão companhias como a Movida, Rede D’Or, Randon e SLC Agrícola.

Lançado em outubro do ano passado, o fundo de investimento espelha a composição do indicador, que considera critérios ambientais, sociais e de governança na hora de selecionar as empresas participantes. Com a mudança, o ETF passou a ter 133 companhias.


UPGRADE

A Omega Energia, grupo nacional que atua com geração elétrica de fontes renováveis, foi reconhecida com classificação A na avaliação de ESG da MSCI —um dos sistemas de classificação (rating) mais usados no mercado financeiro. O índice vai de CCC a AAA.

Segundo a empresa, a nova pontuação é resultado das iniciativas voltadas para a melhoria na governança e sustentabilidade do grupo, o que inclui a implementação de comitês de ética e sustentabilidade e a criação de um canal de denúncias terceirizado, independente e confidencial.


QUEM ZERA ANTES?

A empresa de alimentos BRF anunciou que vai zerar suas emissões líquidas de carbono até 2040. O compromisso vem poucos meses após a JBS, uma de suas principais concorrentes, divulgar o mesmo objetivo ambiental.

Para cumprir o trato, a BRF deve mirar em diversas etapas de sua cadeia de produção. Uma das metas é cortar, até 2030, 35% das emissões diretas —geradas pelas operações da companhia— e das indiretas, relacionadas ao consumo de energia. Para as emissões que não pertencem à empresa, a meta é reduzir em 12,3% nos próximos nove anos.


FREE BOI

No mesmo dia em que a BRF firmou compromisso com a redução de poluentes, a JBS antecipou, de 2030 para 2025, sua meta de desmatamento ilegal zero nas fazendas de seus fornecedores. O objetivo inclui tanto os produtores de bovinos que negociam diretamente com o frigorífico, quanto os fornecedores terceiros, que participam de elos anteriores de cadeia.

O prazo, que já valia para a Amazônia, agora também se aplica aos biomas Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Caatinga. Segundo a companhia, a revisão da meta se deve à boa adesão dos produtores à nova plataforma de monitoramento da JBS, que estende a fiscalização de possíveis irregularidades aos fornecedores indiretos de gado.


VAGAS VERDES

Um estudo da consultoria EY-Parthenon mostrou que impulsionar investimentos em energia limpa pode gerar 10 milhões de novos empregos pelo mundo. De acordo com o relatório existem hoje cerca de 13 mil projetos de energia renovável esperando por financiamento, que podem ser responsáveis por empregar milhões de pessoas.

Os maiores beneficiários do novo mercado de trabalho seriam a China e os Estados Unidos. No entanto, segundo o levantamento, Brasil, Índia, Canadá e Austrália também podem gerar novas oportunidades caso aumentem seus projetos em energia eólica, solar e hidrelétrica. Os empregos considerados vão desde construção e instalação, até vagas nas áreas de engenharia e gerenciamento de projetos.

Com Reuters


FÓSSIL

A Volkswagen anunciou que, até 2035, vai parar de vender veículos movidos a combustão na Europa. Segundo a montadora alemã, que vem investindo na eletrificação de sua frota, a mudança também deve acontecer nos Estados Unidos e China, só que um pouco mais tarde.

Na América do Sul e África, porém, o fim da fabricação de carros movidos a combustíveis fósseis deve demorar mais, e o motivo apontado foi a falta de condições políticas e de infraestrutura. No entanto, a meta é que até 2050, toda a frota da empresa seja neutra em CO2.


LAST MILE

A Americanas S.A, empresa formada após fusão entre Lojas Americanas e B2W, ampliou sua frota sustentável para a chamada "última milha" —etapa final da entrega de um produto. Agora, além das bicicletas e tuk-tuks, 80 carros elétricos farão o transporte de mercadorias no Rio de Janeiro, Campinas, Ribeirão Preto e na região metropolitana de São Paulo.

Outros 100 automóveis elétricos estão previstos para chegar até dezembro deste ano, o que permitirá a expansão do serviço para cidades como Belo Horizonte, Curitiba, Recife e Porto Alegre. Segundo a companhia, a iniciativa contribui para as metas de ter 10% de entregas ecoeficientes em 2021 e de neutralizar todas as emissões de carbono até 2025.


CATAVENTO

A Lojas Renner vai comprar energia eólica para suprir toda a demanda energética de 170 lojas e de seu novo centro de distribuição em Cabreúva (SP). A novidade veio após a companhia fechar um contrato de 15 anos com a Enel.

A energia será produzida num parque eólico localizado em Tacaratu (PE), que está em construção e deverá entrar em operação no fim de 2021.

O contrato entre Renner e Enel também prevê a emissão de certificados de energia renovável (I-REC’s), que atestam a origem sustentável e ajudam na contabilidade das emissões de carbono. Com isso, a companhia deve cumprir com sua meta de suprir 75% do consumo corporativo de energia com fontes renováveis até o final deste ano.


MANUAL

Com o objetivo de orientar seus funcionários a prestar um atendimento mais inclusivo aos clientes, a Volkswagen criou uma cartilha de diversidade e inclusão para sua rede de concessionárias brasileiras.

O guia traz orientações práticas para evitar comportamentos discriminatórios com mulheres, membros da comunidade LGBTQIA+, pessoas com deficiência, entre outras minorias sociais, raciais e religiosas. O manual inclui desde reflexões sobre condutas inadequadas até exemplos de termos que devem ser evitados por terem conotação ofensiva.


FUNIL

Uma pesquisa da ONG Visão Mundial e do Instituto Ethos mostrou que quanto menor o tamanho de uma companhia, menos políticas de inclusão ela tem. Entre as empresas de grande porte, 73% dizem ter práticas inclusivas, proporção que cai para 66,7% entre as companhias de médio porte e 63% entre micro e pequenas empresas.

O levantamento ouviu cerca de 80 organizações, que responderam sobre suas iniciativas para incluir mulheres, pessoas com deficiência, membros da comunidade LGBTQIA+ e pessoas refugiadas. Dentre os grupos minoritários, os refugiados e imigrantes são os que menos têm acesso a políticas de inclusão. Iniciativas voltadas para mulheres são as mais frequentes.


AGENDA 2030

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável serão tema de um evento marcado para a semana de 9 a 13 de agosto. O festival Conhecendo os ODS Digital vai mostrar o que empresas, governos, instituições de ensino e organizações da sociedade civil estão fazendo para atingir as 17 metas que fazem parte da Agenda 2030 da ONU.

Numa plataforma online, os participantes terão acesso a cases de empresas como Unilever, BRF, Coca-Cola e SulAmérica para cada um dos objetivos globais. A programação é gratuita e o credenciamento pode ser feito no site do evento.

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