Descrição de chapéu Financial Times

Depois da Didi, China anuncia investigação a mais empresas tech

Empresas são listadas em bolsas nos EUA e ligadas à Tencent

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Christian Shepherd Yuan Yang
Pequim | Financial Times

Depois de ordenar a remoção do grupo de táxi por aplicativo Didi Chuxing das lojas de aplicativos chinesas, em uma medida que fez as ações tech despencarem, Pequim ampliou medidas de repressão a plataformas tecnológicas, visando outras empresas listadas em bolsas dos Estados Unidos.

A Administração do Ciberespaço da China (ACC) anunciou nesta segunda-feira (5) que estava investigando a empresa de recrutamento online Boss Zhipin e os apps de aluguel de caminhões Yunmanman e Huochebang, que se fundiram em 2017 e formaram a Full Truck Alliance.

As plataformas não têm permissão para registrar novos usuários, enquanto estiverem sob investigação.

O anúncio da ACC mencionou suspeitas de violação da segurança nacional da China e leis de cibersegurança, sem dar detalhes.

Carlos Jasso - 23.abr.18/Reuters

A ação regulatória causou tremores nos mercados asiáticos nesta segunda. O grupo japonês SoftBank, cujo fundo Vision é um grande investidor na Didi, caiu 5,4%, enquanto os grupos de internet Alibaba e Tencent caíram 2,9% e 3,7%, respectivamente, em Hong Kong.

As ações da Didi tiveram queda de 5,3% na sexta-feira (2), dois dias depois que a companhia entrou na Bolsa de Nova York, tendo levantado US$ 4,4 bilhões no maior IPO (oferta inicial de ações) de uma companhia chinesa nos Estados Unidos desde a oferta da Alibaba em 2014.

Em comunicado, a Didi negou que tivesse conhecimento dos planos antes de sua listagem.

"Antes do IPO, a Didi não tinha conhecimento das decisões da ACC, anunciadas em 2 de julho e em 4 de julho de 2021, com relação à revisão de cibersegurança e suspensão de registros de novos usuários na China, respectivamente", disse.

A reprodução do órgão regulador de segurança cibernética da China à Didi e outras marcou uma nova ofensiva às companhias tecnológicas do país, invocando regulamentos de cibersegurança antes não utilizados.

Os órgãos de vigilância financeira e de concorrência da China já cercearam empresas como o Ant Group e a Alibaba, dois pilares do império de entretenimento do bilionário Jack Ma, e o grupo de comércio eletrônico Meituan.

Assim como a Didi, a Full Truck Alliance e a Boss Zhipin ingressaram na Bolsa de Nova York em junho, levantando US$ 1,6 bilhão e US$ 912 milhões, respectivamente.

Os três grupos tech são líderes da indústria na China, e todos são apoiados pela Tencent, o grupo tecnológico mais valioso do país, que evitou o pior da repressão regulatória.

A ACC disse que as investigações estavam sendo conduzidas sob novos procedimentos do ciberespaço aprovados em 1º de junho, que reforçam a supervisão de companhias que operam infraestrutura de tecnologia da informação crítica que possa afetar a segurança nacional.

"As declarações dos reguladores [chineses] nos últimos meses deixaram claro que a principal responsabilidade das companhias é garantir a segurança dos dados antes de ir para o exterior", disse Kendra Schaefer, analista de tecnologia na consultoria Trivium, em Pequim. "A mensagem é: as empresas podem fazer IPOs no exterior desde que tenham a casa em ordem no país primeiro."

O Global Times, tabloide nacionalista dirigido pelo Estado chinês, disse que, como a Didi tem acionistas internacionais —que incluem o grupo americano de táxi por aplicativo Uber—, proteger a informação pessoal dos usuários é um problema de segurança nacional.

"Uma gigante da internet, em absoluto, não pode ter um comando melhor que o Estado do superbanco de dados que são os dados pessoais da população chinesa", escreveu o jornal em editorial na segunda.

A repressão começou na sexta, quando a ACC anunciou que estava investigando a Didi e ordenou que a companhia parasse de registrar novos usuários e motoristas para seu app.

No domingo, a ACC mandou retirar a Didi das lojas de aplicativos chinesas. A companhia respondeu que "implementaria resolutamente" as exigências das autoridades chinesas.

A última repressão ocorreu quando 34 companhias chinesas levantaram um recorde de US$ 12,4 bilhões em Nova York no primeiro semestre de 2021. No entanto, mais de dois terços dos grupos chineses caíram abaixo de seu preço na IPO.

Reguladores dos Estados Unidos intensificaram o escrutínio de companhias chinesas listadas no país depois que a Luckin Coffee fabricou centenas de milhões de dólares em vendas em um escândalo que alimentou antigos temores sobre padrões de auditoria e transparência.

Sob uma lei aprovada em dezembro, as companhias chinesas negociadas nas bolsas americanas enfrentam a ameaça de deslistagem se não derem às autoridades dos EUA acesso a contas de auditoria, o que é proibido por Pequim.

Traduzido originalmente do inglês por Luiz Roberto M. Gonçalves

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