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Dólar paralelo dispara e acende alertas na Argentina

Nova variante do coronavírus e eleições legislativas pressionam moeda

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Buenos Aires

A disparada do dólar paralelo volta a ser uma preocupação na Argentina. A cotação da moeda acessível nas "cuevas" (casas clandestinas) ou por meio dos "arbolitos" (vendedores ilegais que estão nas ruas ou fazem serviço de "delivery") disparou nos últimos dois dias e está custando cerca de 90% a mais que o dólar oficial.

A moeda americana terminou esta terça-feira (20) a 101,5 pesos no câmbio oficial, contra 182 pesos no paralelo –que já subiu 8,3% apenas em julho–, aumentando a diferença entre os dois mercados.

Com uma economia bastante vinculada ao dólar, em que muitos têm na moeda seu principal modo de poupança, uma variação cambiária desta magnitude alarma os mercados e coloca freio nas exportações e importações.

Fachada do Banco Central da Argentina, em Buenos Aires - Martín Zabala - 4.ago.2020/Xinhua

Além disso, ainda está em vigor, desde o fim da gestão de Mauricio Macri, o limite máximo para compra pelo valor oficial apenas US$ 200 por mês, fazendo com que a população recorra mais ao blue, como é chamada a moeda no mercado não oficial.

Camilo Tiscornia, da consultoria C&T, diz que a semana começou mal no mundo todo por conta da variante delta, mas há um agravante na Argentina: as eleições de novembro, para o Legislativo.

"Nessas épocas é comum que os argentinos se refugiem comprando dólares, além das restrições que já estavam em vigor", diz.

Para o economista, é preciso esperar os próximos dias para saber se trata-se de uma tendência ou se esse descolamento cambial irá se agravar.

Em 10 de julho, o Banco Central do país decidiu impor novas restrições às operações semanais na divisa norte-americana, com a intenção de preservar as reservas argentinas. Isso teria acendido um alerta com relação a uma possível maior intervenção na política cambiária, levando a uma maior busca pelo blue.

O economista Fausto Stoporno afirma que a existência de vários tipos de câmbio e o custo da moeda na Argentina desestimulam exportações que poderiam trazer mais divisas ao país. O importador também é prejudicado, já que o limite para compra de dólares o empurra para o paralelo. "É ruim para os dois", diz.

Entre as várias cotações da moeda, ainda estão o dólar turista, também chamado de "dólar fantasma", pela dificuldade imposta para comprá-lo, o dólar solidário, o dólar soja, o dólar Bolsa e outros.

“Obviamente a existência de tantos tipos de câmbio é um obstáculo para o funcionamento da economia, porque passa a sensação de que as regras do jogo no país não são claras. Um investidor que traz fundos para a Argentina sabe quanto investe, mas não sabe quanto volta", diz Lorena Giorgio, da Equilibra.

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