Descrição de chapéu Financial Times

Bill Gates poderá tirar a ex-mulher, Melinda, de fundação filantrópica daqui a dois anos

Plano permite que ela receba recursos do ex-marido caso decidam que não podem mais trabalhar juntos

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Joshua Chaffin
Nova York | Financial Times

A Gates Foundation anunciou um plano que permitiria que Melinda French Gates renunciasse como copresidente da instituição e recebesse “recursos pessoais” do marido de quem está separada para conduzir seus esforços filantrópicos, caso ela ou Bill Gates decidam que não podem mais continuar trabalhando juntos.

A escotilha de escape, que seria adotada dentro de dois anos, foi anunciada na quarta-feira (7), em companhia de uma série de outras mudanças de governança com o objetivo de assegurar o futuro em longo prazo da maior fundação filantrópica privada do planeta, em um momento de incerteza.

Sua introdução representa a primeira ocasião em que French Gates mencionou publicamente a ideia de deixar a fundação, cuja dotação é de US$ 50 bilhões, desde que ela e Gates anunciaram, em maio, o fim de seu casamento que durou 27 anos.

Mulher e homem sorriem um para o outro sentados
O ex-casal Bill e Melinda Gates, que se divorciou depois de 27 anos de casamento - Fabrice Coffrini - 4.mai.21/AFP

Em entrevista, Mark Suzman, o presidente-executivo da fundação, disse que French Gates e Gates queriam ser “transparentes” sobre as questões derivadas de seu divórcio, e disse que ele não acreditava que os dois viessem a encerrar seu relacionamento de trabalho.

“Isso é algo que certamente não espero que aconteça, da minha perspectiva, e não estou planejando para isso”, ele disse. “Bill e Melinda, individualmente e juntos, me asseguraram de sua firme intenção de continuar a trabalhar juntos como copresidentes em longo prazo, e é em torno disso que estamos conduzindo nosso planejamento”.

No que Suzman alardeou como um sinal de sua dedicação, Gates e French Gates anunciaram na quarta-feira que doariam mais US$ 15 bilhões de sua fortuna pessoal à fundação. Eles também chegaram a um acordo para selecionar novos administradores para ajudar a firmar a organização, depois que o investidor Warren Buffett, maior doador da fundação além dos Gates e seu único administrador externo, anunciou no mês passado que deixaria a posição.

Não surgiram decisões sobre quantos administradores serão apontados, ou que papel eles terão no processo decisório, disse Suzman. Ele e Connie Collingsworth, a vice-presidente de operações da fundação, planejam submeter propostas ao ex-casal até janeiro, depois de estudar outras organizações.

“Eu ficaria surpreso se a expansão do quadro fosse grande”, acrescentou Suzman, prevendo que os novos recrutas poderão oferecer conhecimentos especializados novos ou balanço geográfico para uma fundação sediada em Seattle que opera principalmente fora dos Estados Unidos.

Gates e French Gates construíram a fundação nos últimos 21 anos, com a fortuna acumulada por Bill como um dos fundadores da Microsoft. A instituição rapidamente se tornou uma das forças mais influentes na saúde pública mundial e nas políticas para o desenvolvimento.

Quando anunciou sua separação, o casal garantiu à equipe e aos parceiros da fundação que continuaria unido para realizar a missão da fundação. Mas as garantias foram solapadas, em alguma medida, pelos advogados de divórcio formidáveis que cada um deles contratou, e pelas informações de que French Gates estava enraivecida por conta de relacionamento entre Gates e Jeffrey Epstein, financista que se matou na prisão dois anos atrás enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico de mulheres menores de idade.

Por meio de um porta-voz, Gates disse que lamenta a associação e que se reunia com Epstein para discutir filantropia.

Houve quem especulasse que French Gates e Gates seguiriam caminhos cada vez mais separados na filantropia, possivelmente em detrimento da fundação. Melinda tem um fundo de US$ 5 bilhões, o Pivotal Ventures, cujo foco são causas femininas, enquanto Bill mantém um fundo separado dedicado ao desenvolvimento de tecnologia para energia limpa.

Apesar de todo o tumulto recente, Suzman previu que a fundação continuaria a ser o foco da dupla. Na semana passada, a instituição anunciou planos para investir US$ 2,1 bilhões a fim de melhorar a igualdade de gêneros, em um plano de cinco anos, um dos maiores compromissos de investimento que ela já assumiu.

Em nota ao pessoal da fundação na quarta-feira, French Gates disse que “essas mudanças de governança trazem perspectivas e experiências mais diversas à liderança da fundação. Acredito profundamente na missão da fundação e continua a manter meu compromisso de copresidir seu trabalho”.

Traduzido originalmente do inglês por Paulo Migliacci

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