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Instagram não é mais um 'app de compartilhamento de fotos', diz chefe da rede

Adam Mosseri diz que o aplicativo do Facebook está se concentrando em vídeo para competir com TikTok e YouTube

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Tim Bradshaw
Londres | Financial Times

O executivo que comanda o Instagram declarou que ele não é mais “um app de compartilhamento de fotos”, e que o foco do Facebook agora é concorrer com o TikTok e YouTube nos vídeos curtos.

“O vídeo está gerando grande crescimento online para todas as plataformas, agora, e acho que é uma área em que precisamos nos esforçar mais”, disse Adam Mosseri, o executivo do Facebook encarregado do Instagram. “Não somos mais um app de compartilhamento de fotos”.

O abandono das raízes do que muitos analistas veem como propulsor mais importante de crescimento de receita para o Instagram gera o risco de alienar alguns do mais de um bilhão de usuários do app, em um momento no qual as pessoas mais jovens já estão ampliando o tempo que dedicam a outros apps.

Ícone do Instagram na tela de um celular - Thomas White/Reuters/File Photo

O Instagram também está priorizando as mensagens privadas, comércio eletrônico e influenciadores, em lugar da base inicial de seu sucesso, o compartilhamento de fotos entre amigos em um feed, disse Mosseri em um vídeo postado na quarta-feira, apontando para a “imensa” competição do TikTok, controlado pela ByteDance.

Mosseri disse que nas pesquisas internas da empresa, usuários do Instagram disseram à companhia que “o motivo número um” para seu uso do app era “serem entretidos”.

As companhias de mídia social estão se esforçando cada vez mais por se reposicionarem como destinos de entretenimento ou compras, atividades que podem ser mais fáceis de monetizar e menos problemáticas em termos de moderação de conteúdo e das mensagens pessoais dos usuários.

Muitas das fotos pessoais que costumavam ser veiculadas no app, enquanto isso, migraram para apps de mensagens pessoais como o WhatsApp, controlado pelo Facebook, o iMessage, da Apple, e o Telegram.

Ao mesmo tempo, uma nova geração de apps sociais, como Discord, Clubhouse, Poparazzi e BeReal, está atraindo a atenção das empresas de capital para empreendimentos, depois de muitos anos de queda no investimento em alternativas ao Facebook.

“Sejamos honestos, existe competição realmente séria agora: o TikTok é imenso, o YouTube é ainda maior e existem muitas empresas iniciantes, além disso”, afirmou Mosseri. “Isso significa mudança” para o Instagram nos próximos meses, ele acrescentou.

O Instagram já adotou links mais proeminentes para o Reels, o rival do app para os vídeos curtos do TikTok, e Shop, uma coleção de postagens de varejistas e influenciadores. Em breve a empresa pretende incorporar esse tipo de conteúdo ao seu feed principal, inclusive vindo de contas que os usuários ainda não seguem, disse Mosseri.

No entanto, os usuários do Instagram parecem gostar do app como ele é. A plataforma recebe avaliação média de 4,7 em um máximo de cinco pontos possíveis, nas App Stores da Apple nos Estados Unidos e Reino Unido, com base em mais de 24 milhões de avaliações.

Nos Estados Unidos, como em outros mercados, o Facebook domina os hábitos de uso dos usuários de aparelhos móveis, em companhia do Google. As duas empresas respondem por nove dos 10 apps mais usados em termos de tempo dedicado pelos consumidores e da proporção da população adulta que os utiliza, com o YouTube em primeiro lugar e o Instagram em sexto, de acordo com uma pesquisa recente da Ofcom, a agência regulatória da mídia britânica.

O Instagram também continua popular entre os adolescentes, com quase um quarto dos jovens de 16 a 34 anos classificando-o como seu principal app de mídia social.

Mas o alcance do Instagram entre os usuários de iPhones caiu em 18 pontos percentuais em 2020 ante 2019, e os adolescentes mais jovens se sentem cada vez mais atraídos pelo TikTok, de preferência ao Instagram ou seu rival Snapchat, de acordo com a Ofcom. O tempo dedicado a todos os apps do Facebook no Reino Unido caiu de 36 minutos ao dia em 2019 a 29 minutos em 2020, e o dedicado aos apps da ByteDance subiu a 20 minutos no ano passado.

Tradução de Paulo Migliacci

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