Josué Gomes assume presidência da Fiesp após 17 anos de Skaf

Em chapa única, empresário,filho de José Alencar, é eleito para comandar entidade industrial

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São Paulo

O empresário Josué Gomes da Silva foi eleito nesta segunda-feira (5) para a presidência da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), após 17 anos da gestão de Paulo Skaf. Ele concorria em chapa única e venceu com 104 votos de 113 eleitores aptos. O anúncio ocorreu no prédio da entidade na avenida Paulista, na região central de São Paulo.

Presidente da Coteminas, Josué é filho de José Alencar, que foi vice-presidente nas duas gestões de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 2003 a 2010, e que morreu devido a um câncer em 2011. A candidatura foi apoiada por Skaf.

Josué Gomes da Silva, empresário e filho de José Alencar, ex-vice-presidente da república, durante entrevista à Folha em 2013 - Zanone Fraissat - 21.nov.2013/Folhapress

Com bom trânsito político na direita e na esquerda, Josué já foi cotado a cargos ministeriais na gestão de Dilma Rousseff, em 2014, filiado ao MDB e ao PL, e sugerido como vice de Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa pelo Planalto nas últimas eleições. Neste ano, foi aventada a possibilidade de concorrer como vice na chapa de Lula em 2022, informação que foi negada pelo empresário em um vídeo.

A entidade de industriais é a maior do país e exerce forte influência política. A federação apoiou formalmente o impeachment de Dilma.

Após a divulgação do resultado, os executivos evitaram falar de política. Josué disse estar honrado por receber 97% dos votos. Afirmou que é uma responsabilidade assumir o cargo após Skaf, a quem apoiou em 2005, e que fará uma gestão colegiada.

"Suceder Skaf na presidência já é um desafio enorme, especialmente nesse momento, que pela primeira vez em mais de várias décadas, a indústria de transformação apresentou participação no PIB inferior ao da agropecuária", disse a jornalistas.

Skaf permanece no cargo até dezembro. O objetivo, segundo ele, será garantir apoio à reforma administrativa, que deve ser priorizada diante da tributária.

"Nesse momento, é preciso uma reforma de redução de gastos, de redução de custos, para os governos diminuírem e ser possível se fazer uma reforma que não penalize a sociedade", afirmou.

A chapa de Josué Gomes também recebeu mais votos para comandar o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). Rafael Cervone ganhou como presidente e Josué, como vice. Eles receberam 1.147 votos. A chapa adversária, encabeçada por José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), recebeu 680 votos.

As eleições para as duas entidades geraram um racha empresarial no último ano. Uma ala de industriais passou a manifestar reação contrária à política partidária de Skaf (MDB), três vezes candidato a governador de São Paulo.

A chapa de Roriz criticou a condução das eleições na Fiesp durante a pandemia, reclamando que não houve tempo suficiente para formalizar uma chapa com 140 nomes. "Skaf fez como se tivesse uma só, e a outra não pode se candidatar", diz o presidente da Abiplast. Ele chegou a entrar na Justiça para concorrer, mas o entendimento judicial foi de que a Fiesp cumpriu seu estatuto.

Roriz afirmou que, nos últimos meses, fez 142 reuniões no estado de São Paulo e que ouviu a insatisfação de muitos empresários sobre uma ligação partidária da entidade. "A Fiesp saiu da agenda da indústria e foi para a agenda pessoal do presidente, que quer ser governador", disse.

Skaf afirma que sua carreira política foi apenas para servir à sociedade, e que continuará fazendo isso.

"No dia 31 de dezembro encerro meu período e a minha sensação é de missão cumprida. Sempre fui a favor do Brasil. Se um dia eu aceitei me filiar a um partido político, não que precisasse da política, ela significa apenas servir."

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