Bolsa fecha agosto em queda de 2,48% pressionada por política e commodities

Crise entre Poderes, inflação e menor demanda por minério colaboraram para resultado negativo

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São Paulo

A Bolsa de Valores brasileira recuou 0,80% nesta terça-feira (31), fechando o dia com 118.781 pontos, sob efeito da variação das commodities e da preocupação do mercado em relação aos riscos político e fiscal.

Analistas também apontam esses fatores como determinantes para que o índice tenha encerrado agosto com uma queda acumulada de 2,48%.

Painel mostra o desempenho de ações negociadas na Bolsa em São Paulo - Maurício Lima - 28.11.2010/AFP

Influenciadas pelo recuo do petróleo nesta terça, –o Brent, referência mundial, caiu 0,57%, a 72,99 dólares (R$ 375,41)–, as ações preferenciais da Petrobras (PTR4) fecharam o pregão com queda de 3,92%, figurando entre os principais resultados negativos da Bolsa nesta terça.

Em conversa com apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a manifestar intenção de interferir no preço dos combustíveis.

"Então agora está saneada a Petrobras, a gente começa agora a trabalhar na questão do preço dos combustíveis", disse o presidente.

A queda do minério de ferro devido à redução da expectativa de demanda na China também pesou na Bolsa brasileira, segundo Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. “Após dados abaixo do esperado em julho pela indústria e varejo, as primeiras informações de agosto revelaram um quadro de desaceleração", comentou.

O dólar fechou em queda de 0,32%, a R$ 5,1720, ainda refletindo a indicação do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) de que a retirada de estímulos à economia não será necessariamente acompanhada de elevação da taxa de juros, segundo João Vitor Freitas, analista de investimentos da Toro. "Por separar tudo isso, o mercado acabou sentindo um pouco de alívio", disse.

No mês, a moeda americana acumula queda de 0,41% frente ao real.

No exterior, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram 0,11% ,0,13% e 0,04%, respectivamente.

A crise hídrica e seus efeitos no aumento da inflação também pressionaram negativamente o mercado de ações brasileiro em agosto.

Nesta terça, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou a criação de uma nova bandeira tarifária para fazer frente ao aumento dos custos de geração de energia.

Chamada de “Escassez Hídrica”, a nova bandeira custará R$ 14,20 a cada 100 kWh (quilowatt-hora) e vigora a partir desta quarta-feira (1°) até abril de 2022. Segundo a agência, a nova bandeira vai gerar uma alta de 6,78% na conta de luz.

O Orçamento de 2022, cuja proposta foi apresentada nesta terça-feira ao Congresso, é também um dos fatores de estresse para o investidor, segundo Pedro Lang, da Valor Investimentos.

"O mercado está mais uma vez estressado com o Orçamento, que parece não se sustentar, e isso traz uma preocupação com a questão fiscal", avaliou Lang.

A proposta apresentada pelo governo ainda não traz solução para a explosão de gastos com precatórios em 2022, estimados em R$ 89,1 bilhões, embora tenha mantido a previsão de pagamento integral da dívida no ano que vem.

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