BRF investe R$ 300 milhões em fábrica de salsichas, cujo consumo avança na pandemia

Embutido é opção de proteína mais barata que carne, cada vez mais escassa do prato do brasileiro

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Brasília

A combinação entre perda do poder aquisitivo e aumento do hábito de cozinhar em casa levou à maior demanda por embutidos –em especial, as salsichas, palatáveis para as crianças, que precisaram dividir sua rotina de estudos em casa com o home office dos pais na pandemia.

A BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, percebeu este aumento significativo da demanda e avançou na instalação de uma nova fábrica de salsichas, em Seropédica, região metropolitana do Rio de Janeiro. O empreendimento foi inaugurado nesta quarta-feira (18), após investimentos de R$ 300 milhões. Ao todo, vai gerar 400 empregos diretos até o início de 2022.

A nova planta – a 35ª da BRF no país e a 40ª no mundo – vai produzir 140 toneladas por dia, com capacidade instalada para dobrar de volume. A marca fabricada inicialmente será a Perdigão que, segundo a BRF, lidera o mercado de salsichas, com participação de 39% em faturamento.

foto aérea de fábrica em meio à mata
Fábrica da BRF, em Seropédica, região metropolitana do Rio, vai ampliar em 10% a produção de salsichas - Divulgação

“Nós já estávamos operando no limite da nossa capacidade de produção e a nova fábrica vai incrementar em cerca de 10% o nosso volume”, diz Lorival Luz, presidente-executivo da empresa, em entrevista à imprensa para anunciar o empreendimento. Segundo ele, a BRF produz hoje 20 mil toneladas de salsicha por mês.

Na região, a empresa já tem um centro de distribuição em Duque de Caxias. A matéria-prima virá das instalações da BRF no Centro-Oeste e no Sul do país. A fábrica da empresa em Videira (SC) é uma das maiores do mundo na produção de salsichas: 7 milhões de unidades por dia. A cidade catarinense é sede da Perdigão, marca que completou 87 anos nesta quarta-feira.

Do ponto de vista nutricional, os embutidos não são a melhor fonte de proteína: misturando carnes de diferentes tipos (bovina e suína, por exemplo), têm muitos conservantes, corantes e alto índice de sódio. Mas em meio à crise, linguiças e salsichas se tornaram uma opção mais barata de proteína do que a carne bovina.

O atual patamar de consumo de carne no Brasil, de 27,6 quilos ao ano por habitante, é 46% menor do que o verificado no auge do consumo no país, em 2006. A previsão é que este consumo caia ainda mais em 2021, para 26,4 quilos per capita, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura.

Já as vendas de embutidos (que envolve desde hambúrgueres e nuggets até salame e presunto, passando pelas salsichas), cresceu 3,5% no ano passado, para R$ 3,1 bilhões, segundo a consultoria Euromonitor. A expectativa é que as vendas atinjam R$ 3,5 bilhões em 2025.

Nos cálculos da consultoria Nielsen, informados pela BRF à Folha, houve aumento de 7,5% no consumo de salsichas entre o primeiro semestre de 2019 e a primeira metade deste ano.

Segundo estudo da consultoria Kantar, entre o último trimestre de 2020 e os primeiros três meses de 2021, houve um aumento no consumo de carne de sol entre as classes A e B, hamburguer entre a classe C, e salsicha entre as classes D e E. No acumulado do primeiro semestre, a salsicha ocupou o quinto lugar em frequência de consumo dos brasileiros, ou seja, foi um dos cinco produtos mais comprados.

“A salsicha é uma proteína mais flexível, vai bem como acompanhamento em diferentes ocasiões, desde a refeição, com o macarrão ou o arroz, ou no lanche das crianças”, diz Luz.

De acordo com o executivo, a fábrica de Seropédica é uma das mais avançadas no conceito de indústria 4.0. Toda a operação é controlada online e pode ser acessada por aplicativo no celular. O controle digital da unidade vai permitir uma eficiência 5% maior na produção. As informações sobre produção, insumos e estoques estarão disponíveis em tempo real, facilitando a tomada de decisões.

A planta conta com luz natural em parte de suas instalações, gerando mais de 10% da energia consumida na unidade, por meio da instalação de 600 painéis solares.

“Esta inauguração acontece em um momento importante para a BRF, quando estamos investindo cerca de R$ 2,5 bilhões em diversos estados para ampliação e modernização de nossas unidades”, diz Luz.

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