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Investimento chinês no Brasil beira US$ 66 bi nos últimos 11 anos

Três quartos deste montante foram para o setor de energia, segundo Conselho Empresarial Brasil-China

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Brasília

Entre 2010 e 2020, investidores chineses aplicaram no Brasil US$ 65,7 bilhões (o equivalente hoje a R$ 342,2 bilhões). Três quartos deste montante foram para o setor de energia, com destaque para eletricidade. Mas o capital chinês também procurou negócios diversificados no país, de agricultura a tecnologia da informação, passando pelo setor bancário.

Os dados pertencem ao relatório “Investimentos Chineses no Brasil – Histórico, Tendências e Desafios Globais”, de autoria de Tulio Cariello, diretor de conteúdo e pesquisa do CEBC (Conselho Empresarial Brasil-China).

“O Brasil é alvo de 47% dos investimentos chineses na América Latina”, afirma. Até 2009, esse interesse era basicamente irrisório. Mas a partir das grandes operações de privatização do setor de infraestrutura, com destaque para energia elétrica, os investidores chineses chegaram com tudo.

“Houve uma euforia inicial em 2010, quando foi anunciado um valor de investimentos muito maior (US$ 35,8 bilhões) do que o que foi concretizado (US$ 13 bilhões)”, afirma. “O mercado brasileiro ainda era desconhecido e só aos poucos os chineses se acostumaram à burocracia local”.

A indústria de eletricidade e gás concentrou 48% dos investimentos entre 2010 e 2020, seguida por 28% da extração de petróleo e gás natural.

“São setores já desenvolvidos na China, mas que estavam despontando para a iniciativa privada aqui no Brasil. Os chineses viram nisso uma oportunidade de empregar o seu know-how”, diz Cariello. Empresas como State Grid e China Three Gorges entraram no mercado local.

Mas houve um interesse também por companhias de outros setores, como o financeiro. O China Construction Bank, por exemplo, comprou o Bic Banco. “Por meio de aquisições, os chineses modernizaram operações brasileiras e mantiveram empregos”, afirma o executivo do CEBC ​.

Na indústria manufatureira, diversos segmentos foram do capital chinês, desde a indústria automotiva até a de máquinas e equipamentos pesados.

Cariello vê potencial para aumento dos aportes chineses em infraestrutura, logística e tecnologia da informação – neste último caso, o capital asiático já está presente na 99, controlada pela Didi Chuxing. Já a Tencent, a maior companhia de games do mundo, dona do League of Legends (LOL), é uma das acionistas do banco digital Nubank.

Os números do investimento chinês em 2020 apontam uma forte queda de 74% em relação ao ano anterior. A princípio, diz Cariello, o recuo está relacionado ao impacto da pandemia. O executivo duvida que a motivação seja política, depois de a China ser alvo de reiterados ataques de membros do governo, do próprio presidente Jair Bolsonaro e de seu filho Eduardo.

Cariello chama a atenção para a representatividade da potência asiática também nas exportações brasileiras.

“Como o principal parceiro comercial do Brasil, a China comprou US$ 67,8 bilhões em produtos brasileiros em 2020, um terço do que foi exportado daqui para o mundo”, diz Cariello. No comércio bilateral (importações e exportações), a relação entre os países bateu o recorde no ano passado, atingindo US$ 102 bilhões.

“Tudo isso ocorreu à margem das questões políticas, o que mostra que as agendas econômica e política não andam juntas neste caso”, afirma o executivo. “Mas é bom não brincar com a sorte”.

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