Relator propõe exclusividade de 5 anos para serviços postais e estabilidade de 18 meses para funcionários

Arthur Lira (PP-AL), ainda faz ajustes para decidir se texto que quebra monopólio dos Correios será votado nesta semana ou na próxima

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O relator do projeto que quebra o monopólio dos Correios, deputado Gil Cutrim (Republicanos-MA), defende exclusividade de cinco anos para serviços postais à empresa que arrematar a companhia e estabilidade de 18 meses para funcionários da estatal após a privatização.

Cutrim protocolou nesta quarta-feira (4) relatório do projeto que abre a empresa pública para o capital privado. Pela manhã, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ainda estava fazendo ajustes para decidir se o texto seria votado nesta semana ou na próxima. No início da noite, o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que o texto será votado nesta quinta-feira (5). Depois, ainda precisa passar pelo Senado.

De acordo com o texto, a demissão voluntária poderia ser pedida até 180 dias após a desestatização. Ao funcionário, seria paga uma indenização de um ano de remuneração, com manutenção do plano de saúde por 12 meses a partir do desligamento e ingresso em um programa de requalificação profissional.

Cutrim também determinou em seu texto que a empresa vencedora do leilão terá exclusividade mínima de cinco anos para prestação de serviços postais, e indicou que o contrato de concessão pode estipular prazo maior.

Funcionários dos Correios, uniformizados, reunidos frente à sede do órgão; ao centro, vê-se uma caixa de correio
Funcionários dos Correios durante manifestação em frente à sede do órgão em Brasília, em setembro de 2020 - Pedro Ladeira - 21.set.20/Folhapress
Na proposta original, enviada pelo governo, a exclusividade seria de, no máximo, cinco anos e poderia ser restringida por ato do Executivo.​

No parecer, o relator cria a “tarifa social” para os usuários sem dinheiro para pagar pelo serviço. “Afinal, em se constituindo em uma política social que busca atender a todos que demandarem, ‘independente de sua localização e condição socioeconômica’, conforme caracterizamos o ‘serviço universal’, é fundamental considerar que há um conjunto de indivíduos vivendo em condições de pobreza que devem contar com uma precificação diferenciada dos outros”, diz o parecer.

O relatório propõe ainda que a cada cinco anos após a publicação da lei um ato do Executivo revise o escopo do serviço postal universal, com base em relatório do órgão regulador sobre a verificação da essencialidade das modalidades do serviço.

Conforme o texto, as tarifas serão transparentes e poderão ser diferenciadas geograficamente com base no custo do serviço, na renda dos usuários e nos indicadores sociais, para garantir o acesso de qualquer pessoa ou empresa ao serviço postal universal.

As tarifas do serviço postal universal serão reajustadas anualmente considerando o índice de preços previsto no contrato de concessão, podendo incluir um fator de desconto.

No texto, o relator afirma que o desafio da estatal é adaptar-se aos tempos modernos e que, em várias partes do mundo, há uma tendência de privatizar a comunicação.

“Consideramos que o projeto tem como objetivo modernizar o setor postal, o que só é possível ocorrer com a abertura do capital da ECT [Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos] à iniciativa privada”, escreve. “Tendo em vista que boa parte das atividades postais já é executada por uma rede mista, e que a crise fiscal esgotou a capacidade de o Estado investir em infraestrutura, já que os setores prioritários são saúde, educação, transporte e segurança, não há outro caminho a ser percorrido.”

Cutrim ressalta ainda o risco fiscal que a empresa traz ao governo caso não seja privatizada. “A empresa estatal tem o que se chama de soft budget, ou seja, o governo tende a resgatá-la quando tem problemas financeiros, gerando um genuíno problema de perigo moral”, ressaltou.

Deputado federal Gil Cutrim (Republicanos-MA)
Deputado federal Gil Cutrim (Republicanos-MA) - Câmara dos Deputados

Mudanças no texto para beneficiar os funcionários dos Correios foram pedidas por líderes partidários. Isso, portanto, reduz as resistências à proposta.

Pelo plano do Ministério da Economia, é possível publicar o edital de privatização dos Correios até o fim do ano e realizar a operação até março de 2022.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, se posicionou contra a privatização dos Correios.

Segundo ele, a Constituição não permite a prestação indireta dos serviços postais e do correio aéreo nacional.

Para Cutrim, a venda está de acordo com a Constituição. “O serviço postal é um serviço público, de titularidade da União, o que faz sentido quando lembramos que deve ser garantida a sua universalidade em todo o território nacional”, argumentou.

O plano elaborado pelo Ministério da Economia para a privatização dos Correios prevê a venda de 100% da estatal. O governo chegou a estudar diferentes formas de privatização, por exemplo, segregar a empresa por regiões ou até por tipo de serviço. Mas decidiu retirar toda a participação da União na empresa.

O relator defende ainda a “adequação do projeto nesse aspecto, com a desestatização da empresa unificada e sem segregação”.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.