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Tim Cook vende US$ 750 milhões em ações da Apple depois de completar uma década como chefe

CEO da fabricante do iPhone ganhou papéis após assumir cargo de Steve Jobs

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Tim Bradshaw
Londres | Financial Times

Tim Cook vendeu mais de US$ 750 milhões (R$ 3,9 bilhões) em ações da Apple nesta semana, depois de receber a última parcela de um prêmio em ações que ele ganhou dez anos atrás, quando assumiu o cargo de Steve Jobs como executivo-chefe da fabricante do iPhone.

A ação da Apple subiu mais de dez vezes desde que Cook se tornou executivo-chefe, em 2011, um recorde que o qualifica para a máxima recompensa possível pelo prêmio.

Depois que seus prêmios de ações restritas restantes venceram a carência, em 24 de agosto, cerca de 5 milhões de ações foram vendidas por preços entre US$ 148 e US$ 150 (R$ 772 e R$ 782) cada uma, totalizando US$ 752 milhões (R$ 3,9 bilhões), segundo documentos divulgados na quinta-feira (26). As ações da Apple atingiram um novo recorde de US$ 151,12 (R$ 789) no início deste mês, enquanto a capitalização de mercado da companhia mais valiosa do mundo se aproxima de um recorde de US$ 2,5 trilhões (R$ 13 trilhões).

O CEO da Apple, Tim Cook - Valerie Macon - 15.jul.2021/AFP

A maioria dos negócios fazia parte de um plano de venda de ações pré-combinado, adotado em agosto passado, através de um esquema comumente usado por executivos de empresas americanas para evitar qualquer aparência de negociação privilegiada. Pouco mais da metade das vendas, no valor de US$ 397 milhões (R$ 2,1 bilhões), foram mantidas pela Apple para cobrir as obrigações fiscais de Cook quando as opções de ações perderem a carência.

O prêmio em ações original de Cook foi avaliado em US$ 378 milhões (R$ 2 bilhões) em 2011 quando foi concedido, na época situando Cook entre os executivos mais bem remunerados dos Estados Unidos. O esquema foi modificado em meados de 2013 para refletir o desempenho acionário da Apple em relação a outras companhias americanas, depois que cerca de um terço dos acionistas da Apple fizeram um voto de protesto sobre pagamentos de executivos na reunião anual da companhia, no início daquele ano.

A Apple disse em um documento na quinta (26) que seu retorno total aos acionistas —que supõe que todos os pagamentos de dividendos são reinvestidos— nos três anos até 24 de agosto foi de 192%, classificando a Apple em 13º lugar no S&P 500. O de melhor desempenho nessa base, entre as companhias que permaneceram no S&P 500 durante todo o período, foi a fabricante de chips AMD, cujo retorno total aos acionistas durante três anos ficou próximo de 350%, segundo dados da Bloomberg.

Cook, cujo valor líquido foi estimado pela Bloomberg em mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões) pela primeira vez em agosto passado, disse em 2015 que pretendia doar a maior parte de sua fortuna antes de morrer. Ele doou pouco mais de US$ 10 milhões (R$ 52 bilhões) em ações da Apple a uma instituição beneficente há uma semana.

Em setembro passado, Cook, que ganha um salário anual de US$ 3 milhões (R$ 15,6 milhões), recebeu seu primeiro novo prêmio de unidades de ações restritas desde a promoção de 2011. O prêmio em ações, que terá validade a partir de abril de 2023 e é parcialmente dependente dos retornos totais aos acionistas, poderá valer quase US$ 150 milhões (R$ 782 milhões) ao preço atual da ação, se a Apple atingir o topo de suas metas até 2025.

Em janeiro, a Apple disse que acrescentará um "modificador ambiental, social e de governança" aos esquemas de bônus anuais de seus executivos, permitindo que a diretoria varie o pagamento em dinheiro em 10% conforme uma avaliação de "liderança dirigida a valores".

Revelações de uma venda de ações de valor tão alto em um único caso são incomuns, refletindo em parte o enorme aumento do preço das ações da Apple desde o prêmio original de Cook.

Larry Page e Sergey Brin, cofundadores da Google, venderam juntos mais de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,3 bilhões) em ações da matriz da companhia de buscas, a Alphabet, desde maio. Mas a maior parte desses negócios foram de US$ 35 milhões a US$ 40 milhões (R$ 182,7 milhões e R$ 208,8 milhões) em ações espalhados durante quatro meses, segundo um cálculo de dezenas de documentos da OpenInsider.

Outros executivos-chefes de tecnológicas que exerceram opções em valores de nove dígitos no último ano e meio incluem Reed Hastings, da Netflix, e Hock Tan, da Broadcom, segundo dados colhidos pela Equilar, que reúne dados sobre compensações de executivos.

Elon Musk, executivo-chefe da Tesla, deverá receber opções de ações que atualmente valem dezenas de bilhões de dólares nos próximos anos, depois que a fabricante de carros elétricos atingiu várias metas de desempenho financeiro e capitalização de mercado, sob um esquema de incentivos acordado em 2018. No entanto, ele ainda precisa vender essas ações.

Tradução de Luiz Roberto Gonçalves

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