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Bolsa cai 6,6% e dólar sobe 5,3% em mês tumultuado por crises e inflação global

Atos de raiz golpista no Brasil e alta nos preços no mundo amplificam tensão no mercado

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São Paulo

O Ibovespa, índice de referência para a Bolsa de Valores brasileira, caiu 0,11% nesta quinta-feira (30) e encerrou setembro em queda de 6,57%, com 110.979 pontos, refletindo um mês marcado pelo agravamento de crises internas e incertezas globais geradas pela inflação e dificuldades na retomada do crescimento econômico.

Setembro também foi o terceiro mês seguido em baixa e, desde o início de julho, a desvalorização já chega a 12,48%.

O dólar subiu 0,34% nesta quinta, a R$ 5,4490, e acumula alta mensal de 5,35%, fazendo um movimento que em grande parte corresponde ao contexto que derrubou a Bolsa.

Essa é a maior valorização da moeda americana desde janeiro, quando avançou 5,53%, e a mais forte para o mês desde a alta de 9,33% em 2015.

O ouro, que costuma ser um porto seguro para investidores em momentos de volatilidade, terminou o mês em alta de 1,84%, a R$ 304 a onça. A poupança rendeu 0,36%. O IPCA-15 (prévia da inflação oficial) de setembro é de 1,14%.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participa de manifestação de raiz golpista na avenida Paulista em 7 de setembro
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participa de manifestação de raiz golpista na avenida Paulista em 7 de setembro - Danilo Verpa - 7.set.2021/Folhapress

Após atingir 119 mil pontos no primeiro dia do mês, o Ibovespa sofreu três fortes quedas ao longo de setembro, a primeira delas após as manifestações de raiz golpista estimuladas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no feriado de 7 de setembro.

No pregão posterior ao feriado, preocupações sobre a estabilidade democrática no país fizeram a Bolsa cair 3,78%, a 113,4 mil pontos, ao que na ocasião era o patamar mais baixo desde março.

A crise foi amenizada no dia seguinte com o pedido de desculpas de Bolsonaro por meio de carta redigida com a ajuda do ex-presidente Michel Temer (MDB).

O Ibovespa ensaiou uma recuperação até alcançar 116 mil pontos no dia 13, mas retomou a trajetória de queda devido ao crescimento da desconfiança sobre a capacidade do governo para dar respostas a problemas como a falta de recursos para o Orçamento de 2022 e a crise hídrica.

Em 20 de novembro, os mercados globais mergulharam sob o temor de uma quebradeira generalizada do setor financeiro após a gigante do ramo imobiliário chinês Evergrande anunciar que estava sem liquidez para pagar juros de dívidas próximas do vencimento. A empresa tem uma dívida superior a US$ 300 bilhões (R$ 1,6 trilhão).

Arrastada pela onda negativa, a Bolsa brasileira recuou à casa dos 108,8 mil pontos, atingindo a mínima do mês e a pontuação mais baixa desde novembro de 2020.

Um movimento de recuperação global teve início com o governo da China sinalizando intervenções pontuais para evitar um calote generalizado da Evergrande, principalmente quanto aos títulos de investidores domésticos, evitando assim agitações sociais que poderiam desacelerar ainda mais a economia do gigante vermelho.

No Brasil, a Bolsa chegou a recuperar os 114 mil pontos no dia 23, mas retrocedeu aos 110 mil pontos na última terça-feira (28), com uma queda de 3,05%, em um dia que de forte aversão ao risco devido a sinais de que a pressão inflacionária global resultaria na antecipação da elevação dos juros básicos e retiradas de estímulos econômicos nos Estados Unidos.

O ajuste prestes a ser iniciado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) traz preocupações porque acrescentará mais uma trava na economia em um momento de ameaças ao crescimento mundial devido às quebras nas cadeias de suprimentos, ainda um efeito da pandemia da Covid-19, e às crise de falta de energia na China e na Europa.

A inflação generalizada no planeta deve ser um problema persistente aos mercados, com pressões vindo de diversos setores, como a disparada dos preços do gás, falta de trabalhadores e escassez de navios.

Bancos centrais em todo o mundo estão começando a admitir que a inflação pode ficar elevada por mais tempo à medida que uma série de questões eleva a expectativa de alta nos preços.

Em última análise, suas conclusões determinarão a rapidez com que as autoridades vão reduzir seus trilhões de dólares em estímulo monetário, desembolsados para compensar a crise da Covid-19.

Nos Estados Unidos, os três principais índices de Wall Street terminaram a sessão em queda nesta quinta-feira e registraram seus piores trimestres em pelo menos 12 meses, após um mês tumultuado por preocupações com Covid-19, temores inflacionários e disputas orçamentárias em Washington.

Perto do fim do pregão, o Senado e a Câmara dos EUA aprovaram um projeto provisório de financiamento do governo, mas depois de uma breve alta do mercado, as ações voltaram a cair, arrastando até mesmo o Nasdaq para o vermelho, após uma tendência de alta na maior parte do dia.

Todos os três índices de ações tiveram seu pior desempenho trimestral desde os primeiros meses de 2020, quando a pandemia Covid-19 colocou a economia global de joelhos.

O S&P e o Nasdaq registraram ganhos modestos durante o período de julho a setembro, enquanto o Dow sofreu uma perda trimestral.

O Dow Jones caiu 1,59%, o S&P 500 teve queda de 1,19%, e o Nasdaq recuou 0,44%.

O petróleo caiu 0,15% nesta quinta, a US$ 78,52 (R$ 427,10). Foi a terceira queda nesta semana, mas o barril do Brent, referência para o mercado, acumula uma alta mensal de 7,58% e é um dos motores da inflação mundial.

Com Reuters

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