Bolsa sobe 0,8%, e dólar cai 0,17%, à véspera de atos com raiz golpista

Ações de frigoríficos também fecharam o dia com fortes ganhos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A Bolsa de Valores brasileira iniciou a semana em alta, com ganhos de 0,80%, aos 117.868 pontos, após a queda acima de 3% na semana passada.

O dia, porém, foi de menor liquidez por conta do feriado de Dia do Trabalho nos EUA e da véspera do Dia da Independência no Brasil, que deve ser marcado por atos com traços golpistas promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Ainda assim, as tensões políticas e a expectativa por um dia de protestos que pode trazer ainda mais instabilidade política ao país não foram suficientes para impedir um pregão de alta para as ações brasileiras, diz Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos.

"Vale lembrar que o índice derreteu mais de 3% na semana passada, então a alta de hoje não pode ser vista como um diagnóstico positivo para o mercado, principalmente dado o baixo volume de negócios com o feriado de Dia do Trabalho nos EUA e a emenda por aqui", afirma a analista.

Mulher com máscara no queixo passa por painel com indicadores da bolsa
Mulher passa pela entrada da Bolsa de Valores de São Paulo - Rahel Patrasso-21.12.2020/Xinhua

O dólar fechou em queda de 0,17%, a R$ 5,1760. Levando em consideração o clima político tenso no Brasil, que tenderia a elevar a busca pela segurança do dólar, o movimento foi “atípico”, disse Fernando Bergallo, da FB Capital.

“Sem a praça de Nova York hoje [segunda, 6] e sem a praça de São Paulo amanhã [terça, 7], é normal ver movimento atípico, apesar da cautela dos investidores sobre o que pode acontecer nas manifestações”, afirmou.

Os analistas da Levante Investimentos escreveram que “esta será mais uma semana em que a pauta econômica deve ficar em segundo plano, na espera de novas negociações políticas”. “As manifestações, nesse sentido, não auxiliam a ala econômica, na medida em que devem colocar ainda mais ruído entre os Poderes no curto prazo”, completam.

Entre os destaques positivos estão setores que sofreram nos dias anteriores, como varejo e construção, aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. As ações do Pão de Açúcar, por exemplo, encerraram com alta de 6,7%, enquanto os papéis da MRV subiram 3,8%.

“O dia não foi melhor por conta da queda das ações da Vale em reação à derrocada do minério de ferro em meio às recentes ações da China para limitar os volumes de aço no resto do ano”, afirma Ribeiro. Os papéis da mineradora fecharam em queda de 1,5% nesta segunda (6).

Já as ações da Petrobras fecharam a sessão com valorização moderada, de 0,2%, no caso das ordinárias, e de 0,5%, entre as preferenciais, apesar da fraqueza dos preços do petróleo no mercado externo, após cinco pregões de queda que somaram perda de 7,6%.

O preço do petróleo Brent, referência mundial, recuou 0,54%, a US$ 72,22 (R$ 373,86).

Ainda no campo das commodities, as ações da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que não estão no Ibovespa, estiveram entre os destaques positivos do pregão.

Os papéis subiram 6,9%, a R$ 13,50, em meio à escalada no preço do alumínio, que atingiu o maior nível em dez anos, na esteira do golpe de Estado na Guiné. O país africano é detentor das maiores reservas mundiais de bauxita, um minério usado na produção de alumínio.

Segundo Paschoal Paione, gestor de commodities da Garin Investimentos, o alumínio é a commodity predileta hoje no cardápio. A oferta já estava limitada, e no curto prazo a matéria-prima está sofrendo ainda mais com os possíveis desenvolvimentos na Guiné, aponta Paione.

“Além disso, do lado da demanda, o alumínio é um dos metais que mais serão beneficiados com o processo de descarbonização”, diz o gestor. O preço da commodity fechou o dia em alta de 1,7%, cotada a US$ 2.773.

Em um dia de menor liquidez nos mercados por conta do feriado do feriado de Dia do Trabalho nos Estados Unidos, também foram destaque os frigoríficos Minerva e Marfrig, que viram suas ações fecharem a sessão com fortes ganhos, de 6,6% e 2,5%, respectivamente, após declararem que suas vendas não serão abaladas pelos dois casos atípicos da doença da vaca louca confirmados no Brasil na semana passada, um em Nova Canaã do Norte (MT) e outro em Belo Horizonte (MG).

As exportações de carne bovina do Brasil para a China foram suspensas no sábado (4) após a confirmação dos registros pelo Ministério da Agricultura. O país asiático é o maior importador do produto brasileiro.

Destaque ainda para a alta recente no preço do bitcoin, na expectativa de que El Salvador se torne nesta terça-feira (7) o primeiro país a usar o criptoativo como moeda oficial. O bitcoin subiu 0,76% nesta segunda-feira, aos US$ 51.958 (R$ 268,97 mil).

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.