Descrição de chapéu Evergrande

Evergrande vende participação de US$ 1,5 bilhão em banco para empresa estatal

Empreiteira chinesa enfrenta crise de liquidez agravada por segundo pagamento de juros

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Thomas Hale Edward White
Hong Kong e Seul | Financial Times

A Evergrande levantou 10 bilhões de renminbi (US$ 1,5 bilhão, R$ 8,14 bilhões) vendendo parte de sua participação em um banco para um grupo de investimentos estatal, enquanto a empreiteira chinesa altamente endividada luta pela sobrevivência em meio à crescente pressão de prazos para reembolso de títulos.

A companhia disse na quarta-feira (29) que vendeu uma participação de 20% no Shengjing Bank, sediado na cidade de Shenyang, no norte do país, para o Shenyang Shengjing Finance Investment Group, de propriedade do governo local.

A Evergrande vai manter 15% da propriedade do Shengjing Bank, que está "exigindo" que os ganhos líquidos da venda sejam usados para pagar dívidas do grupo a ele, segundo um documento regulatório.
O valor da venda é pequeno em comparação com as dívidas totais da Evergrande, que passam de US$ 300 bilhões (R$ 1,63 trilhão). A incorporadora mais endividada do mundo está mergulhada em uma profunda crise de liquidez depois que deixou de pagar juros de US$ 83,5 milhões sobre um título nominal em dólares na semana passada. Os problemas da empresa provocaram temores globais sobre a saúde do setor imobiliário chinês, um antigo motor da economia nacional.

A Evergrande, que no mês passado advertiu sobre o risco de moratória, ainda não fez um anúncio sobre o repagamento. Um pagamento de juros separado sobre outro título nominal em dólares é devido para hoje.

A empresa disse em um registro oficial na quarta que seu problema de liquidez "afetou adversamente" o banco e acrescentou que o comprador, "sendo uma empresa estatal, ajudará a estabilizar" suas operações.

A inclusão de um órgão do governo no processo aumentará a previsão de envolvimento oficial no que poderá ser a maior reestruturação de dívida na história da China. O destino da Evergrande representa um enorme desafio político para os governos central e locais, já que ela tem quase 800 projetos em centenas de cidades, onde muitos cidadãos já pagaram por apartamentos inacabados.

Autoridades locais já intervieram em parte das operações da Evergrande para assumir o controle da receita de vendas. Em um bairro da cidade de Guangzhou, no sul do país, um departamento do governo local disse na semana passada que as receitas de uma subsidiária da Evergrande devem ser colocadas em uma conta do governo para que "se proteja o interesse dos compradores de imóveis". Outro departamento de habitação na cidade próxima de Zhuhai pediu que as receitas de vendas sejam colocadas em uma conta do governo.

As empreiteiras chinesas muitas vezes vendem propriedades residenciais para compradores antes da conclusão, permitindo que o dinheiro seja investido em novas aquisições de terrenos que fornecem uma receita crucial para os governos locais. As vendas de novas casas e terrenos em toda a China caíram nas últimas semanas, um sinal de que as medidas do governo destinadas a reduzir o endividamento das empreiteiras estão pesando sobre o setor.


Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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