Descrição de chapéu Folhajus STF

No Planalto, caminhoneiros recebidos por Bolsonaro dizem que só destravam vias se pauta anti-STF avançar

Declaração foi feita no dia seguinte ao presidente pedir fim das paralisações em áudio gravado a caminhoneiros

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Brasília

Caminhoneiros que estiveram com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disseram nesta quinta-feira (9) que só desmobilizam atos de raiz golpista e paralisações em rodovias se avançar a pauta anti-STF (Supremo Tribunal Federal).

Ao lado de deputados bolsonaristas no Palácio do Planalto, dois caminhoneiros que se identificaram como Francisco Dalmora Burgardt —"Chicão caminhoneiro" — e Cleomar José Immich negaram que Bolsonaro tenha pedido o fim das manifestações.

O presidente, no entanto, divulgou áudio na quarta-feira (8) pedindo que caminhoneiros alinhados ao governo liberem as rodovias bloqueadas.

Questionados sobre quando encerram as manifestações, Burgardt condiciou a retirada dos caminhões das estradas a uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para tratar da atuação do Supremo.

Caminhoneiros bloqueiam diversos pontos de rodovias em protestos feitos após o 7 de Setembro. Também estão acampados e com caminhões estacionados na Esplanada dos Ministérios.

No áudio aos caminhoneiros, Bolsonaro pediu para as paralisações terminarem. "Fala para os caminhoneiros aí que [eles] são nossos aliados, mas esses bloqueios aí atrapalham a nossa economia. Isso provoca desabastecimento, inflação, prejudica todo mundo, em especial os mais pobres. Então, dá um toque nos caras aí, se for possível, para liberar, tá ok? Para a gente seguir a normalidade", disse o presidente.

Os caminhoneiros não disseram no Planalto se a ideia é pedir o impeachment de algum ministro específico ou até a destituição de toda a Corte, como exigiram alguns manifestantes pró-Bolsonaro no feriado de 7 de Setembro.

Caminhoneiros ficam com os caminhões estacionados em um posto de combustível às margens da BR-040 na região de Valparaíso, cidade do entorno do DF. - Pedro Ladeira/Folhapress

Burgardt afirmou que as reivindicações ainda estão sendo elaboradas, mas que não incluem discussões sobre o preço do combustível.

“Permanecemos no aguardo de ser recebido pelo mesmo [Rodrigo Pacheco] e talvez exista alguma questão com relação a quanto tempo vai durar. Eu já antecipo para os senhores: estamos aguardando ser recebidos pelo senador Rodrigo Pacheco. Até que isso seja realizado, nós estamos mobilizados em todo o Brasil", disse o Burgardt.

"Bolsonaro não nos pediu nada", disse ainda o mesmo caminhoneiro. "Como nós estamos mobilizados aqui, aproveitamos a oportunidade para estar com o presidente, que, diga-se de passagem, foi muito cordial", completou.

Mais tarde, o caminhoneiro que se identifica como Odilon Fonseca, também recebido por Bolsonaro, disse em vídeo nas redes sociais que a paralisação só se encerrará quando forem soltos da cadeia os "presos políticos". "Só sairemos de Brasília a partir do momento em que Pacheco receber a nossa pauta", disse Fonseca.

"Pegamos agenda com o presidente da República. Deixamos claro para ele que iniciamos um movimento não foi para brincadeira, não foi para fazer foto. Iniciamos um movimento em prol do Brasil. Não é em prol do presidente", completou.

Os caminhoneiros disseram que não representam entidades e são autônomos. Burgardt perdeu as eleições de 2020 a vereador em Canoinhas (SC) pelo PRTB, o mesmo partido do vice presidente Hamilton Mourão.

O grupo foi recebido pelo presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Havia expectativa de que o ministro falasse à imprensa sobre o encontro, mas os deputados Bibo Nunes (PSL-RS), Carla Zambelli (PSL-SP) e Major Vítor Hugo (PSL-GO) foram escalados.

Zambelli disse que o presidente não tem controle sobre as manifestações. Segundo a deputada, o Bolsonaro mostrou na reunião preocupação com os "mais vulneráveis" por causa das paralisações.

"Aquilo que vocês ouviram no áudio de ontem e que o Tarcísio soltou no vídeo não mudou nada. Não cabe ao presidente decidir o que eles fazem", disse Zambelli.

Os deputados também anunciaram que vão apresentar habeas corpus contra a prisão do caminhoneiro Zé Trovão, que estava foragido e disse, em vídeo, que foi localizado pela Polícia Federal no México nesta quinta (9).

"Nossa pauta é contra o STF. Não diria assim contra. Queremos que todos os poderes políticos trabalhem dentro da Constituição. É só isso", afirmou o caminhoneiro Immich.

Aliados do presidente temem que as manifestações de caminhoneiros nas estradas em apoio a Bolsonaro prejudiquem o governo caso os efeitos econômicos da paralisação se espalhem. Em algumas cidades, já há relatos de falta de combustíveis.

Caminhoneiros realizaram nesta quarta paralisações em trechos de rodovias em ao menos 15 estados. Sem apoio formal de entidades da categoria, os motoristas são alinhados politicamente ao governo ou ligados ao agronegócio.

Parte dos manifestantes segue a pauta dos protestos liderados por Bolsonaro na última terça-feira (7), com ataques ao STF e pressões pela destituição de ministros da corte.

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